Estudantes do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) participaram de atividades teóricas e práticas na área de aquicultura no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba (Ceraqua São Francisco), centro tecnológico da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) localizado em Porto Real do Colégio.
Liderados pelo professor André Gentelini, os futuros engenheiros de pesca tiveram a oportunidade de praticar a propagação artificial de peixes de água doce em laboratório, tecnologia difundida pela Codevasf no Brasil desde a década de 1970. As atividades integram a disciplina Piscicultura Continental e Marítima do 8º período do curso e tiveram como foco trabalhar conteúdos como a preparação de viveiros, reprodução controlada em laboratório, larvicultura e manejo da piscicultura em geral.
Estrutura de hospedagemno Ceraqua SF
Durante os três dias, de segunda-feira (08) à quarta-feira (10), foram realizadas cerca de 36 horas de atividades acadêmicas no Ceraqua São Francisco desenvolvidas no auditório do centro e nos diversos laboratórios e viveiros. Além disso, como os estudantes ficaram em regime de internato durante os três dias de atividades, eles utilizaram a estrutura de hospedagem para pesquisadores, que inclui cozinha com refeitório e alojamentos femininos e masculinos. No primeiro dia dos trabalhos, as atividades contaram com a participação do professor Cláudio Sampaio. da unidade Penedo Ufal.
Segundo o professor André Gentelini, que também é engenheiro de pesca e mestre em engenharia de recursos hídricos e meio ambiente, os trabalhos tiveram início com a seleção dos peixes reprodutores das espécies curimatã pacu e tambaqui nos viveiros escavados do Ceraqua São Francisco. Já no laboratório de Reprodução e Alimentos Vivos, os estudantes participaram do processo de indução hormonal com a aplicação de hormônios para dar início à reprodução dos animais. Para isso, foi realizada uma extrusão, que consiste na retirada de ovócitos das fêmeas e do esperma dos machos. Por último os futuros engenheiros de pesca, acompanharam a fecundação e o desenvolvimento embrionário dos animais, até a eclosão dos ovos, que resultaram em aproximadamente 2 milhões de larvas de tambaqui e 1,5 milhão de lavas de curimatã pacu. Todos os procedimentos tecnológicos de reprodução e capacitação contaram com o apoio do engenheiro de pesca da Codevasf Kley Lustosa.
Pesquisas compartilhadas entre Ufal e Codevasf
Para o professor do curso de engenharia de pesca, a Ufal tem como compromisso atuar de forma compartilhada com as outras instituições no Ceraqua São Francisco para que possa produzir resultados tanto junto aos estudantes, quanto à sociedade. “Pretendemos desenvolver outras atividades acadêmicas no centro tecnológico para que possamos aproveitar a excelente infraestrutura existente no Ceraqua, visando o aperfeiçoamento dos futuros engenheiros de pesca “, explicou André Gentelini. No próximo ano, o professor pretende desenvolver projetos de pesquisa no centro tecnológico da Codevasf nas áreas de piscicultura e redução de impacto ambiental com o tratamento de afluentes da unidade.
Os estudantes também se mostraram bastante satisfeitos com as atividades no Ceraqua São Francisco. “Quando você vivencia na prática o conteúdo dado em sala de aula, o conhecimento é melhor assimilado. A participação da Ufal no Ceraqua São Francisco certamente irá fortalecer a engenharia de pesca no Estado de Alagoas com o aprimoramento da formação dos futuros profissionais, que sairão da academia com conhecimento sobre as inovações e tecnologias da área”, explicou Jaime Pereira, estudante do 8º período do curso de engenharia de pesca da Ufal, do Polo Penedo, Campus Arapiraca.
Aulas no Ceraqua despertam interesse por profissão
Ele ainda acrescentou que essa não é a primeira vez que participa de atividades acadêmicas no Ceraqua São Francisco. ” Na verdade, eu posso afirmar que o contato com o centro tecnológico em aquicultura e recursos pesqueiros aumentou meu interesse pela profissão. Eu estava um pouco desmotivado e pensava em abandonar o curso. Mas a partir de atividades práticas que desenvolvemos anteriormente no Ceraqua e do contato com a profissão, redescobri minha vocação e o papel do curso de engenharia de pesca para a região”, revelou o futuro engenheiro de pesca Jaime Pereira. Hoje o estudante integra um grupo de acadêmicos de engenharia de pesca que estão fundando a primeira empresa júnior da área, a Aqua Jr consultoria e planejamento aquícola.
A grande quantidade de equipamentos de alta tecnologia no Ceraqua São Francisco impressionou os estudantes. “Muitos equipamentos que vi aqui somente tinhamos ouvido falar. Como a maioria de nossa turma pretende seguir a carreira de pesquisador, esse contato é muito importante para vermos o que há de avanço tecnológico na aquicultura e em recursos pesqueiros”, declarou Dineis Santos, uma das estudantes que participaram das atividades.
Centro tecnológico inaugurado em março de 2010
O Ceraqua São Francisco é um centro tecnológico e científico da Codevasf inaugurado em março de 2010 e que possui gestão compartilhada entre a companhia, Ufal, Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Governo de Alagoas e Embrapa. Sua missão é atuar como centro difusor de tecnologia em aquicultura. Para isso, o centro tecnológico atua na produção de alevinos para a recomposição da ictiofauna do rio São Francisco e fomenta a atividade de piscicultura familiar e empresarial.