Arísia Barros espera que debate contribuia para a evolução do pensamento étino-racial do alagoano
Estabelecer um movimento concentrado de esforços individuais e coletivos para o enfrentamento do racismo estrutural e suas consequências sociais. Este é o objetivo principal do I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o que a História Oficial Ainda Não Conta” que será realizado, no período de 24 a 26 de agosto, em Maceió, no auditório da Casa da Indústria, no bairro do Farol.
Segundo a professora e coordenadora do Projeto Raízes de Áfricas, Arísia Barros, o encontro será aberto a diversas artes para que elas dialoguem sobre pertencimento identitário e nossas histórias afirmativas. “Queremos promover o estabelecimento de canais de comunicação entre a população e as instituições locais e incentivar o sentimento de pertencimento étnico e social”, revela.
Arísia relata também que este ciclo nasce da interlocução entre o movimento social negro/Projeto Raízes de Áfricas e diversas instituições como, por exemplo, a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, Ministério da Educação, Ministério da Igualdade Racial, Centro Universitário Cesmac, Braskem, Secretaria de Estado da Mulher Cidadania e Direitos Humanos.
Ela confessa que também são parceiras a Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social, Secretaria Municipal de Educação, Caixa Econômica Federal, Secretaria de Estado da Defesa Social, Polícia Civil do Estado de Alagoas, Faculdade Maurício de Nassau, Livrarias Paulinas, Faculdade Integrada Tiradentes, Instituto Federal de Alagoas e Polícia Militar.
“Esperamos construir e consolidar movimentos permanentes para a promoção da abolição de ideias, conceitos, preconceitos que interferem na construção do ideário sócio-étnico”, destaca.
A coordenadora do Projeto Raízes de Áfricas acrescenta que a intenção é aproximar a sociedade do ideário acadêmico e a academia das conversas negra/sociais e de pesquisas que exploram de forma positiva a etnicidade negra. “Temos como um dos alicerces a transversalidade da Lei Federal nº 10.639/03, que criou a obrigatoriedade do estudo da África e dos afrodescendentes no currículo escolar, em Alagoas com a especificidade da Lei Estadual nº 6.814/07”, explica.
Inscrições – As inscrições estão abertas ao público desde o último dia 30 de julho. Para solicitar sua inscrição envie um e-mail com os seguintes dados: nome, instituição, endereço, telefone para: raizesdeafricas@gmail.com.br, promomaceio@paulinas.com.br.
Mais informações: 8815-5794/8898-0689/8882-2033.
August Black – O Agosto Negro surgiu na década de 70 na Califórnia, nos Estados Unidos, caracterizando-se como um mês de grande significado para a cultura negra por ser uma data de resistência contra a repressão e de esforços individuais e coletivos contra o racismo.
A repercussão positiva do movimento negro norte-americano originou adaptações do August Black à realidade local de outros países – como Cuba, Jamaica, África do Sul, França e Rússia – que enfrentam a discriminação e desigualdade racial.
Arísia comenta que construir esta ação representa criar possibilidades de reflexão e o redimensionamento da questão estrutural do racismo, não só nos currículos das escolas alagoanas, mas em todos os espaços formativos na busca de criar um processo de diálogo social que contemple e problematize temas relacionados à descriminação e desigualdades raciais. “Vamos discutir o racismo como violência de caráter endêmico, implantada em um sistema de relações assimétricas, fruto da continuidade de uma longa tradição de práticas institucionalizadas”, frisa.
