Depois de mais de oito horas de viagem por terra e 222 km de embarcação, a expedição Caminhos do Imperador chegou ao fim com um saldo positivo. Durante quatro dias, o grupo de jornalistas, operadores de turismo, políticos e outras autoridades, como o príncipe Dom João de Orleans e Bragança, herdeiro da Família Real Brasileira, sentiu de perto o calor e a alegria do povo ribeirinho, além de observar belas paisagens que têm como protagonista o imponente Rio São Francisco. O sol não se escondeu e abrilhantou a expedição que comemorou os 150 anos da passagem de Dom Pedro II pela região.
A rota, que começa na cidade alagoana de Piaçabuçu e percorre os municípios de Penedo, Propriá-SE, Porto Real do Colégio, Traipu, Pão de Açúcar, Piranhas, Delmiro Gouveia, Jatobá-PE e Paulo Afonso-BA, vai passar a ser comercializada, em breve, por agências de turismo. Uma junção de belezas naturais, cultura e fatos históricos que tem tudo para dar certo.
Em cada lugar por onde a expedição passou, uma placa com o mapa que mostra a rota percorrida por Dom Pedro II foi afixada, apontando que o local faz parte do Caminhos do Imperador. O lançamento do roteiro turístico aconteceu na última sexta-feira(16), no ponto inicial da expedição, em Piaçabuçu, com a presença, entre outras autoridades, do governador Teotonio Vilela Filho e do príncipe Dom João. Lá, a população se aglomerou às margens do Velho Chico para recepcionar a comitiva que partia para uma viagem que só terminaria na segunda-feira.
De Piaçabuçu, a comitiva seguiu de embarcação para o município de Penedo, onde passou a noite. A recepção calorosa, com direito a banda, fogos de artifício e lenços brancos sendo balançados, anunciava o que viria pela frente. Um misto de orgulho e emoção em cada cidade por onde a expedição passou.
O amanhecer na histórica cidade de Penedo voltou a reunir o grupo de expedicionários. Por terra, eles seguiram em direção à cidade de Propriá, no estado de Sergipe, onde outra multidão aguardava a comitiva. Após o decerramento da placa e os pronunciamentos que deram as boas vindas à comitiva, encabeçada por Dom João de Orleans e Bragança, o grupo visitou a Catedral Diocesana de Propriá, localizada próxima às margens do São Francisco.
De lá, todos seguiram de embarcação para a cidade alagoana de Porto Real do Colégio. As boas vindas ao grupo de expedicionários foi marcada pela presença de índios da tribo Kariri Xocó, que dançaram o toré. A próxima parada só aconteceria depois de três horas de viagem pelo São Francisco. Chegava a hora de desembarcar em Traipu. O povo alegre e hospitaleiro da cidade foi avistado de longe pela comitiva, recebida com festa no município. A bandeira do Brasil misturou-se à de Portugal, que eram balançadas à beira do velho Chico.
| Passava da meia noite quando o grupo chegou, de barco, à cidade de Pão de Açúcar, onde parte da população esperava, incansável, o grupo de expedicionários. O dia mal amanheceu e todos já estavam de pé para assistir à solenidade de tombamento do sobrado que abrigou o imperador Dom Pedro II durante sua passagem pela cidade, há um século e meio. | ![]() |
O governador Teotonio Vilela Filho e os secretários de Estado da Cultura, Osvaldo Viegas, e da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, Jorge Dantas, participaram da solenidade considerada um marco para o município, que ganhará, após a restauração do prédio, um museu.
O grupo seguiu viagem em direção ao distrito de Entremontes, no município de Piranhas, onde foi, mais uma vez, recepcionado com festa. Após as boas vindas, o governador Teotonio Vilela Filho e o príncipe Dom João seguiram até a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Uma verdadeira procissão formada pelos moradores locais acompanharam a visita e lotaram a paróquia.
Eram pessoas da cidade e da roça que fizeram questão de ver, de perto, a chegada do cortejo. Seu José Correia Nunes, 63 anos, deixou a sua casa na roça, juntamente com uma filha e um neto, para receber os expedicionários. “Foi o maior prazer da minha vida. Vou poder dizer a quem não veio que eu vi tudinho”, contou.
Do distrito para a cidade. A comitiva chega à linda Piranhas, uma joia encravada entre as rochas e banhada pelo São Francisco. Lá, foi inaugurado o primeiro Conservatório de Música do Estado, em um casario que hospedou Dom Pedro II quando da sua passagem pela cidade. Um show do maestro Egildo Vieira encerrou a programação no município.
| A próxima parada foi a cidade de Delmiro Gouveia, onde os expedicionários visitaram o local onde está colocada a pedra fundamental da estrada de ferro que vai até Jatobá-PE e que representa uma das benfeitorias de Dom Pedro II no município sertanejo. De lá, o governador Teotonio Vilela Filho e o príncipe Dom João de Orleans e Bragança seguiram a cavalo, levando as bandeiras do Brasil e de Alagoas, até a Fábrica da Pedra. Vaqueiros da região acompanharam a comitiva. | ![]() |
Saindo de Delmiro, o príncipe Dom João fez questão de parar na estrada para fotografar canal do Sertão. A próxima parada foi o município de Jatobá, em Pernambuco. A solenidade de boas vindas aconteceu na Estação Cultural Moxotó, onde três palmeiras imperiais foram plantadas, respectivamente, pelo príncipe, pelo prefeito do município, João Gomes, e pelo desembargador Washington Luiz, um dos maiores incentivadores do roteiro.
Antes de chegar ao ponto final da expedição, a comitiva seguiu para a Hidrelétrica de Angiquinhos, que possui um local conhecido como Mirante do Imperador. Foi de lá que Dom Pedro II avistou as cachoeiras de Paulo Afonso. Hoje, elas não existem mais, mas a beleza do local ainda encanta os visitantes.
A expedição segue para a última parada: o município de Paulo Afonso-BA. A recepção aconteceu na Estação da Chesf, maior complexo hidrelétrico do Nordeste. É o fim da viagem marcada por muitas surpresas e emoções e que representa o início de um processo que tende a gerar muito emprego e renda, por meio da exploração das riquezas da região ribeirinha com o turismo.


