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Esporte

Daiane deixa o silêncio de lado e culpa a CBG

Daiane não poupou a CBG

Por um tratamento estético, Daiane dos Santos usou um remédio com o diurético furosemida, substância proibida pela Agência Mundial Antidoping (Wada) e encontrada em exame-surpresa, realizado em julho. Na sua primeira entrevista depois de revelado o doping, a ginasta contou que não se sentia bem com o seu corpo e queria eliminar gordura localizada. A atleta, que ainda prestará exclarecimentos à Federação Internacional de Ginástica (FIG), em 13 de novembro, admitiu sua ingenuidade no caso.

“Fui ingênua, nunca tinha imaginado este doping. É a imagem da Daiane que é afetada, e não a da atleta. Virou uma questão de honra. Nunca precisei disso, não teria o por quê botar todo meu trabalho a perder. Acho que fui desatenta, achei que poderia fazer um tratamento estético e não pensei no doping”, disse, com a voz embargada, nesta segunda-feira, no Pinheiros, clube que defende. “Foi por aparência. Tanto que meu peso não mudou muito. De 46,5 kg para 46 kg”, explicou.

Segundo Cristian Rios, advogado da atleta desde 2000, a justificativa à Federação Internacional de Ginástica (FIG) será pelo histórico da atleta e pela circunstâncias do caso. “Não vamos fazer uma defesa técnica, tentando descaracterizar a substância. Vai ser uma justificativa dada as circunstâncias que ocorreram.”

Daiane, que não compete desde Pequim 2008, explicou que como estava fora de atividade devido cirurgia realizada no joelho, pensou que não poderia ser testada, já que não competia pela seleção brasileira. “Pela informação que eu tinha, se eu estou, mas apta, eu posso ser testada, mas não era o caso. O que eu sei é que o que foi me passado pela Confederação [Brasileira de Ginástica, CBG] era que eu poderia ser escalada para um teste antidoping se eu estivesse apta”, disse.

Até que a FIG investigue o caso, a atleta avisou que irá poupar o nome de sua esteticista, a qual também não sabia da substância proibida. Aliás, nem o próprio Pinheiros sabia das aplicações feitas por Daiane, que revelou que ainda continuou fazendo uso do remédio até tomar conhecimento do doping, através da imprensa.

A ginasta não esconde o incômodo com o caso e pede reconhecimento por tudo o que fez na carreira e não perdeu a chance de dar uma alfinetada em outros atletas. “Fiz tantas coisas boas para o Brasil trouxe medalhas, acho que o País tem de lembrar disso. Mas, assim como tem gente que faz lipo, fui fazer um tratamento estético”, disse.