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Cultura

Visitantes e expositores aprovam a nova Artnor

Mais de 25 mil pessoas visitaram a Artnor, que se consolida como importante espaço para divulgação do artesanato regional

Artesanato, identidade, cultura e inovação. A união destes quatro elementos garantiu o sucesso da 15ª edição da Feira de Artesanato do Norte e Nordeste (Artnor) 2010 em Maceió (AL). Encerrada domingo (24), a feira, realizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Alagoas (Sebrae/AL), com apoio do governo do Estado, renovou-se em sua 15ª edição e mostrou aos visitantes o universo de encantos e belezas da atividade artesanal.

Mais de 25 mil pessoas visitaram a feira, realizada de 15 a 24 de janeiro, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso. O espaço de 4.727m² reuniu 150 estandes e mais de 500 expositores, além de seis ambientes temáticos em referência aos patrimônios culturais e naturais de Alagoas: Salão Arraial; Salão Águas; Salão Sol; Salão das Matas; Salão Memórias; Salão Coqueirais e Salão Espelhos e Fitas.

“Acertamos no modelo. A feira assumiu o regionalismo e ganhou na qualidade. A divisão dos espaços buscou dar mais visibilidade aos artesãos e aos produtos. Este formato também contribui para abertura de mercados e a valorização de cada peça artesanal exposta no evento”, afirmou Marcos Vieira, superintendente do Sebrae/AL.

Um dos ambientes que mais chamou a atenção do público foi o Salão Águas. No local, foi planejado um mar de filé, onde cinco canoas serviram como cenário para mestres artesãos demonstrarem o ofício. Para completar a beleza do espaço, o teto reproduzia a suavidade do movimento das redes de pesca, conhecidas como tarrafas.

“Pensei em todas as belezas de Alagoas, pois o Estado possui um potencial fantástico. A ideia era mudar o olhar das pessoas em relação ao artesanato, para que ele não fosse mais visto como um objeto de terceira categoria e sim com obra de arte”, disse Mirna Porto, arquiteta responsável pela ornamentação da Artnor 2010.

Histórias — Durante os dez dias de realização da feira, o público ainda pode conhecer as histórias de vida de nossos mestres artesãos. Cada um com sua arte, mas todos com histórias de muita superação, trabalho e talento. Entre tantos casos, destaque para Dona Clarice. Aos 75 anos, a mestra não pára de rendar. Reconhecida como Patrimônio Vivo de Alagoas, Dona Clarice começou a fazer renda ainda menina e, de lá para cá, transmite seus ensinamentos para filhas e netas. Ainda ligeira no tilintar da madeira, a senhora insiste em dizer que não é difícil aprender a renda de bilro.

“Na minha cidade, São Sebastião, as meninas aprendem quando ainda estão no ventre ouvindo o barulho da madeira do bilro”, disse a Mestra Clarice. A Artnor 2010 também mostrou que o artesanato funciona como diferencial na confecção de roupas exclusivas. Blusas, vestidos, saias, bijuterias, sandálias e bolsas feitas a partir de rendas, bordados, fuxicos, fitas, couro, palha e outras matérias-primas provaram que artesanato e trabalho manual estão na moda.

“Adorei a Artnor porque encontrei muita coisa exclusiva. As roupas feitas com artesanato valorizam qualquer pessoa e dão um toque de personalidade para quem usa”, disse a visitante Kilma Macedo. A programação cultural preparada para a Artnor 2010 foi outro ponto alto do evento. O Sebrae/AL em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) trouxe mais de 25 atrações culturais como folguedos, folclore, música e dança. Na programação, grupos artísticos advindos dos quatro cantos do Estado.

No entanto, foi o show do cantor Eliezer Setton, autor da canção “Não há quem não morra de amores pelo meu lugar”, tema da feira, que agitou a 15ª edição da Artnor. Durante o evento, o músico lançou dois discos: Hinos à Paisana e Alagoaníssimo. “Este show aqui na Artnor é uma oportunidade onde trago toda minha discografia. Aqueles que sempre perguntam pelos meus discos, hoje não têm desculpa: estão todos aqui para serem vendidos”, falou Eliezer.

Mais que uma mostra dos produtos artesanais e de atividades artísticas, a Artnor focou o mercado, tornando-se, portanto, uma oportunidade estratégica para o empreendedor promover o seu negócio. A partir deste evento, os produtos em palha de ouricuri, cerâmica, tecelagem, bordados, retalhos, filé, trançado de fibra de bananeira, singeleza, labirinto entre tantos outros trabalhos ganharam novos clientes em todo o Brasil.

“Muitos de nossos expositores fecharam bons negócios. Turistas de vários lugares vieram para Artnor e saíram encantados com a qualidade dos produtos expostos aqui. Representantes de grandes empresas vieram ao evento e compraram peças artesanais. Este novo modelo de feira, mais alagoano, deu certo”, disse André Garcia, coordenador da Artnor 2010.