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Alagoas

Vídeo: Jornal Nacional mostra crise em maternidades de Alagoas

Número de leitos é insuficiente para atender à população

O estado de Alagoas, mas precisamente a capital Maceió, mais uma vez virou manchete nacional. Dessa vez, a causa foi a situação caótica em que se encontram as duas únicas maternidades do estado que atendem gestantes de risco e são equipadas com UTIs neonatais.

Uma das maternidades, a do Hospital Universitário, unidade do governo federal está indispónivel por conta da presença de uma superbactéria que já matou nove pessoas no Estado, cinco adultos e quatro recém-nascidos. A outra, do hospital Santa Mônica, gerenciada pelo governo estadual, está superlotada, com gestantes aguardando a hora do parto em cadeiras. Depois de parir, algumas passam horas em macas colocadas nos corredores.

Devido à ampla repercussão da crise no setor, denunciada pelos meios de comunicação do Estado, o Jornal Nacional veio até Alagoas para produzir uma reportagem sobre o assunto.

Para surpresa dos repórteres e apresentadores do JN, ao chegar no Estado e tomar pé da situação, veio a notícia de que mais um bebê, de apenas um mês de vida, tinha acabado de morrer, possivelmente vítima da superbactéria acinetobacter balmannii. Com a morte de mais esse bebê, registrada nesta sexta-feira, 15, o número de vítimas da superbactéria subiu para nove somente neste ano.

A equipe do jornal de maior audiência do Brasil visitou duas maternidades públicas de Maceió que atendem exclusivamente grávidas de alto risco. Dessas duas maternidades, apenas a Maternidade Estadual Santa Mônica está funcionando e em situação desumana, uma vez que a falta de leitos é insuficiente para atender a população que se espalha pelos corredores a espera de receber atendimento médico.

As grávidas que são atendidas nessa maternidade na maioria das vezes têm seus bebês prematuros, que ficam mais vulneráveis a superbactéria, que é resistente a antibióticos. A maioria dessas gestantes são encaminhadas do interior do Estado paras as maternidades públicas da capital, local onde deveriam receber atendimento de qualidade.

Caos na saúde alagoana

Em vários pontos da reportagem ficou clara a situação caótica em que se encontra a saúde pública no Estado, que não possibilita aos usuários condições dignas de atendimento. Além de sentir dores e esperarem sentadas pelo tão desejado atendimento, as gestantes ainda têm que levar para a maternidade um ventilador para suportar a temperatura que castiga o local.

Uma das partes mais revoltantes da reportagem, que causou uma tremenda sensação de impotência nos alagoanos, foi no momento em que a equipe do Jornal Nacional chegou à porta da Maternidade Santa Mônica. Lá, uma mãe identificada apenas como Édia procurava atendimento para sua filha. Ela contou para a repórter que na primeira maternidade que procurou atendimento foi informada que não tinha médico. Na segunda, recebeu como resposta que não tinha vaga. E na terceira, os médicos a informaram que não tinha como atender sua filha, pois mesmo sem realizar nenhum tipo de exame, acreditava que a paciente não teria seu bebê naquele momento.

A reportagem conversou com a médica Sirlene Patriota, que atende na Maternidade Santa Mônica. Com mais de 25 anos de profissão, a médica fez um desabafo: “Nós já tivemos situações mais críticas, não apenas de um, de dois, mas três bebês precisando de ventilação mecânica e a gente ter um único aparelho.Precisa priorizar aquele que tem mais chance de dar a ele uma condição de sobrevida”, contou Sirlene Patriota.

Defensor público sugere sair do Estado

A situação caótica levou o defensor público de Alagoas, Ricardo Melro, a radicalizar: “Quem tiver uma gravidez de risco é bom se precaver e buscar uma unidade hospitalar fora do estado de Alagoas para ter o seu filho sem correr o risco de não ter um leito de UTI neonatal”.

Melro, ainda nesta sexta-feira, 15, solicitou à Justiça Federal a transferência das gestantes de alto risco para outros estados que estejam em melhores condições de proporcionar o atendimento necessário.

“Maceió é a única capital do Brasil que não tem maternidade própria. No momento que ficou constatado que não há leito de UTI neonatal em Alagoas, nem para o público, setor público, e nem para o setor particular, só tem um caminho: é contratar leitos foras do estado”, explicou.

De acordo com uma nota oficial assinada pelo Governo de Alagoas, Prefeitura de Maceió, Universidade Estadual de Ciências da Saúde, Direção do Hospital Universitário e Santa Mônica, a maternidade do Hospital Universitário será reaberta na próxima terça-feira, 19, para atender as gestantes de alto risco, a fim de desafogar a Maternidade Estadual Santa Mônica.

Veja o vídeo: