Comitê quer permissão do Ibama para que a vazão mínima em Sobradinho passe dos atuais 1.300 m³/s para até 700 m³/s.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, presidido pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, encampou uma proposta feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que deve enfrentar forte oposição. O objetivo é conseguir permissão do Ibama e da Agência Nacional de Águas (ANA) para que a vazão mínima do rio São Francisco na barragem de Sobradinho (BA) seja reduzida dos atuais 1.300 metros cúbicos por segundo para um volume que o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, estima que possa ser de até 700 m3/s.
O comitê criou um grupo de trabalho, sob a coordenação da ANA, para estudar a adoção da medida e pediu rapidez nos trabalhos. A alteração, segundo Chipp, atenderia a dois objetivos. O primeiro seria reter mais água na barragem quando o período das chuvas (dezembro a abril) não trouxer as precipitações necessárias para gerar energia no período seco (maio a novembro). Hoje é preciso uma autorização especial do Ibama e da ANA para reduzir temporariamente a vazão do rio.
O segundo objetivo seria dar uso ao parque de geração termelétrica que está sendo instalado no Nordeste e que terá potência total de 10.200 megawatts (MW) em 2013. Somada a geração hídrica e a termelétrica, o Nordeste ficaria com uma sobra de energia de 2.250 MW que não poderiam ser exportados para outras regiões por falta de linhas de transmissão. Chipp acredita que é mais econômico reduzir a geração hídrica, poupando água de Sobradinho e gerando mais energia térmica, do que fazer às pressas as linhas de transmissão. Representantes de vários setores da região que participam do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco já reclamam de prejuízos que poderão resultar da medida.