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Maceió

Vacinar sim! Especialista responde dúvidas de mães e pais sobre imunização infantil

Infectologista esclarece dúvidas sobre vacinação infantil

Maceió começou a vacinar crianças de cinco a 11 anos contra o Coronavírus no dia 17 de janeiro e, na primeira semana, o índice de adesão de pais, mães e responsáveis chamou a atenção por estar abaixo do esperado. Duas semanas depois, os números melhoraram e a imunização alcançou mais de 16 mil crianças, ou seja, aproximadamente 17% do público alvo.

O crescimento, no entanto, ainda é lento por conta de muitas dúvidas e informações falsas que circulam em redes sociais. Por isso, a Prefeitura de Maceió selecionou alguns dos principais questionamentos sobre os imunizantes infantis contra a covid-19 para serem respondidos pelo médico Renée Oliveira, infectologista do PAM Salgadinho.

O especialista enfatiza que “as vacinas passaram pelas fases de estudos – fase 1, 2 e 3 – e a fase 3 foi a que determinou que as vacinas eram funcionais realmente”. Confira abaixo, as respostas às dúvidas mais frequentes:

Redes Sociais – A vacina pode gerar algum tipo de infecção ou sequela na criança?

Dr. Renéé Oliveira – Não. Existem duas vacinas liberadas para o público infantil: a Coronavac para crianças acima de seis anos, e a Pfizer pediátrica, para o público acima de cinco anos de idade. A Coronavac é o vírus inativado, ele está morto, ou seja, vai fazer com que o organismo o reconheça e produza anticorpos, que é o mecanismo de defesa. A Pfizer tem uma tecnologia nova, mas muito bem estudada, de RNA mensageiro, que contém a informação para a produção de uma proteína específica, que seria a Spike do vírus da covid-19. Esse RNA mensageiro vai fazer com que a célula da criança produza a proteína e isso fará com que o organismo a reconheça como algo estranho e produza anticorpos contra ela. Então, tanto a Coronavac como a Pfizer não produzirão nenhuma infecção na criança ou deixarão sequela.

Redes Sociais- É verdade que algumas crianças estão tendo convulsão após a vacina?

Renéé – Não existe nenhum registro a respeito dessa situação. Não é algo que compõe, grosso modo, o rol de situações adversas provocadas pelas vacinas. Isso pode acontecer, por vários motivos. Na maioria das vezes, não terá nenhuma relação com a vacina, mas é algo muito raro e não temos nenhuma notícia de que isso esteja acontecendo nesse período em que os imunizantes da Pfizer e da Coronavac foram liberados para crianças. Não existe nada que comprove uma relação direta entre as vacinas e quadros de convulsão.

Redes Sociais- A vacina ainda está em fase experimental?

Renéé – Não é verdade. Essa é uma pergunta recorrente, mas com qual base eu não sei. As vacinas passaram pelas fases de estudos – fase 1, 2 e 3 – e a fase 3 foi a que determinou que as vacinas eram funcionais realmente. Agora estamos na fase quatro. O que isso significa? A aplicação dessas vacinas “na vida real”, como chamamos. Já são 11 bilhões de doses de vacinas aplicadas no mundo todo, tanto da Coronavac como a da Pfizer compõem esse universo, e o número de eventos adversos é muito pequeno comparado ao total e, menos ainda, adversos graves. Não se pode, no momento atual, diante desse uso praticamente rotineiro de aplicação das vacinas, falar que estão em fase experimental.

Redes Sociais – Os estudos sobre os efeitos colaterais da vacina nas crianças são suficientes para comprovar sua segurança?

Renéé – Sim. Temos de levar em consideração que vacinas e crianças são duas situações que caminham juntas há várias décadas. A vacina Coronavac é uma tecnologia antiga, de muitas vacinas que são aplicadas no dia a dia para as crianças, com poucos efeitos colaterais. Claro que, em algumas situações, o hospedeiro (quem recebe o imunizante) tem uma sensibilidade maior à determinada vacina, e pode agravar, ter complicações mais importantes, mas, grosso modo, são vacinas extremamente seguras, principalmente quando levamos em consideração quantas doses já foram aplicadas e que poucas crianças apresentaram efeitos colaterais comprovadamente relacionados às vacinas. Elas são seguras para as crianças. Os órgãos de controle, a Anvisa aqui no Brasil, a FDA nos EUA, na Europa, na China, em todos os países, têm um grau elevado de responsabilidade e não iriam aprovar vacinas sem comprovar sua segurança.

Redes Sociais – Preciso vacinar a criança que teve Covid ou ela está imune?

Renéé – Imunidade pós Covid, que chamávamos de imunidade de rebanho ou imunidade coletiva pós doença, não existe por muito tempo. É diferente de doenças que tínhamos no passado, como a catapora, que é a varicela, sarampo, que dá uma imunidade muito mais duradoura. Com o Coronavírus, fala-se em torno de quatro a seis meses de imunidade. Uma criança que teve Covid recentemente não ultrapassará esse período de proteção. Aparecendo uma nova variante, como a Ômicron agora, essa criança vai correr o risco, diante de uma exposição, de ter Covid de novo. O que podemos falar é que a proteção dupla, vacina mais Covid, dá uma imunidade muito mais robusta, principalmente em relação às variantes novas. Por isso, é extremamente importante: a criança teve Covid, aguarda 30 dias e aplica a vacina, conforme o órgão regulador orienta.

Redes Sociais – Se a criança teve febre, posso vacinar?

Renéé – Diante das síndromes gripais que podem caminhar para a Covid ou mesmo para uma gripe, e com um número gigantesco de contaminados com a Covid-19, é melhor aguardar, ver a evolução desse quadro que a criança apresenta. Descartando a Covid, descartando um quadro de gripe, pode vacinar. Caso contrário, existindo a dúvida, é melhor aguardar. Se for gripe, 15 dias, se for Covid-19, 30 dias.

Redes Sociais – Se a criança teve contato com alguém com Covid, mas não teve sintomas, ela pode ser vacinada ou é preciso fazer o teste?

Renéé – É o mesmo raciocínio para o adulto que teve contato com outra pessoa sabidamente com Covid. Tem que ser um contato demorado, mais de 15 minutos, sem máscara e mais uma série de detalhes que a gente precisa observar. Mas digamos que a criança teve um parente na sua casa com Covid e não tem sintomas, o que fazer? Aguardar pelo menos cinco dias, ver se a criança vai desenvolver alguma sintomatologia para Covid e, como garantia, pode fazer o teste, se for possível. Dando negativo, pode vacinar.

Redes Sociais- O intervalo entre a primeira e a segunda dose para crianças é o mesmo dos adultos?

Renéé – O intervalo depende da vacina. Para a Coronavac, o intervalo é de 4 semanas, 28 dias mais precisamente. Para a Pfizer, oito semanas

Redes Sociais- A criança pode tomar a vacina da gripe e a de Covid-19 ao mesmo tempo?

Renéé – Sim. As duas podem ser administradas ao mesmo tempo.