Alunos de cursinho popular da USP estão na reta final dos estudos
O calendário das principais provas para ingressar no ensino superior se aproxima e os jovens intensificam seus estudos. Aqueles que não conseguem pagar por um curso pré-vestibular procuram os cursinhos organizados pelos alunos da Universidade de São Paulo (USP). Um deles é o cursinho popular da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – USP Leste (EACH-USP).
Para quem vai tentar vaga na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a primeira fase do vestibular será daqui a 15 dias, em 6 de novembro. A primeira fase da Universidade Estadual Paulista (Unesp) ocorre dia 15 de novembro, USP), no dia 4 de dezembro. As provas da Fuvest, fundação de direito privado ligada à Universidade de São Paulo
Já quem vai prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem compromisso nos dias 13 e 20 de novembro. As notas do Enem dão acesso ao ensino superior em universidades públicas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e a bolsas de estudo integrais e parciais em instituições privadas pelo Programa Universidade para Todos (ProUni).
Curso popular
A estudante Evelyn Soares Dias de Souza, de 18 anos, está se preparando no Cursinho Popular EACH-USP. Ela conta que vai tentar uma das vagas para o curso de jornalismo da USP e também pelo Enem.
No momento, Evelyn se dedica totalmente aos estudos e tenta corrigir a defasagem que sofreu nos dois últimos anos da pandemia. “O cursinho está me ajudando demais. Muitas coisas nas quais eu não conseguia prestar atenção em casa, aqui, no cursinho, temos os professores para ajudar, podemos tirar as dúvidas e, enfim, está funcionando muito bem para mim”.
“Fui extremamente prejudicada porque tentar prestar atenção na aula foi difícil, e tem ainda a qualidade, porque, convenhamos, a escola pública, comparada com a escola particular, na pandemia, a qualidade foi muito mais prejudicada”, lamenta a estudante. Apesar disso, as expectativas dela são animadoras. “A minha expectativa é que eu faça bem a prova, e espero que consiga entrar na USP para fazer o curso que eu tanto quero.”
Evelyn é uma das estudantes do cursinho popular da USP Leste, um pré-vestibular 100% gratuito, sem qualquer mensalidade, taxa de inscrição ou custo de material. A entidade surgiu em 2015, pela iniciativa de estudantes do campus da universidade.
“Atendemos, gratuitamente, 120 alunos: 60 à tarde e 60 à noite. Nossa ligação com a USP vem do empréstimo da sala e da infraestrutura da universidade. Nossos professores e corpo administrativo são voluntários e não recebem nada para contribuir com o propósito”, informa a diretora geral do curso, Thayná Augusta Leandro Machado.
Colega de sala de Evelyn, o estudante Wendelson Henrique Lima de Souza, de 21 anos, também vai prestar o Enem e a Fuvest, para fazer o curso de design. Ele está no cursinho popular desde o começo do ano. “Eu já tinha feito outro antes, mas comecei na metade do ano e não continuei até o final. E também trabalhei ano passado. Este ano eu tirei somente para estudar mesmo”.
O estudante afirma que o cursinho dá uma ótima preparação. “É uma oportunidade muito legal de atender pessoas que não conseguem pagar um cursinho realmente, como eu. E os professores são muito bons, eles conseguem ajudar bastante os alunos que precisam, principalmente porque estudar em casa é muito difícil. Já fiz várias vezes o vestibular e este é o ano em que estou mais confiante e que está dando mais certo pra mim.”
Para a coordenadora do cursinho, os alunos deste ano percorreram bem o caminho de estudos. “Acredito que as turmas são sementes, sementes da volta ao presencial. Ainda que o resultado não chegue, só de pensar que os ajudamos a percorrer um pouco mais dessa estrada já me deixa feliz e satisfeita”.
É o que está fazendo o estudante Rafael Santos da Silva, de 18 anos. Candidato ao curso de biomedicina na Fuvest, na Unicamp e no Enem, ele disse que vai fazer os exames, mas está se preparando mesmo é para o próximo ano. “Este ano não estou com muita expectativa, porque a nota de corte é muito alta, e é muita coisa para estudar em um ano só. Mas estou adquirindo uma base grande para me preparar mais para o ano que vem”.
Ele também terminou o ensino médio em escola pública e acredita que o cursinho tem dado suporte na aprendizagem. “O cursinho foi uma ponte bem grande para mim, me deu uma base muito boa de tudo e um suporte que eu não tive por causa da pandemia. Além de estudar em escola pública, a pandemia dificultou muito a aprendizagem e, ainda, o vestibular, porque a escola pública não prepara tanto. Então foi bem difícil no ano passado.”
A diretora do cursinho afirmou que os alunos recebem, no início do aluno, um reforço para compensar a defasagem. “No início do ano, temos um período de ciclo básico, onde tentamos repassar as disciplinas mais básicas e comuns. Porém, infelizmente, fica difícil, com o tempo que temos, restabelecer o aprendizado que deveria vir do ensino regular”.
