Alagoas retoma nesta quarta-feira, 08, a discussão de questões relacionadas à aquicultura, tema dos seminários sobre maricultura e piscicultura que acontecem no Centro de Convenções de Maceió até a próxima sexta-feira. O setor de potencial reconhecido no Estado rico em lagoas naturais, barragens, rios e praias não consegue deslanchar às margens do Rio São Francisco, onde três Unidades de Beneficiamento de Pescado (UBPs) não funcionam.
Construídas com recursos do governo federal ao custo médio de R$ 700 mil cada uma, as fábricas erguidas sob a fiscalização da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) foram idealizadas para agregar valor ao pescado, especialmente à tilápia, com 30% da matéria-prima adquirida diretamente dos pescadores ribeirinhos, organizados em associações ou cooperativas, e o restante do fornecimento trabalhado com empreendedores individuais.
A estratégia elaborada para alavancar a atividade econômica nos municípios ribeirinhos entre Sergipe e Alagoas também avançaria em mais uma etapa do negócio promissor. O gerenciamento de cada unidade ficaria por conta da empresa ou grupo vencedor na licitação lançada para cada UBP, contrato com cláusulas que garantiam o comércio entre o piscicultor da região do Baixo São Francisco e o investidor no projeto que, de fato, só chegou a funcionar na unidade construída no município de Telha, situado em Sergipe, cidade vizinha de Propriá.
UBP sergipana funcionou durante um ano e quatro meses
A fábrica administrada pela Unipeixe lançou no mercado a linha Pescados do Velho Chico, alimentos que tinham como carro-chefe o filé de tilápia (embalado à vácuo, com selo de inspeção federal). Durante um ano e quatro meses (junho de 2007 a outubro a 2008), cerca de 25 pessoas – em sua maioria moradores do povoado São Pedro, comunidade onde a UBP sergipana foi erguida – tiveram emprego e renda garantidos. Oscilações de preço do pescado, altos para a compra de matéria-prima em quantidade que garantisse o funcionamento da fábrica e baixo para a venda no mercado que também tem seus ‘tubarões’ entre os concorrentes, levaram ao encerramento das atividades da UBP de Telha-SE.
Do outro lado da margem do Velho Chico, a situação é pior. As fábricas construídas em Penedo e em Pão de Açúcar sequer chegaram a ser inauguradas. Construída na Cooperativa 1º Núcleo, comunidade rural situada próxima da zona urbana de Penedo, a UBP que conta inclusive com caminhão frigorífico para transporte do pescado não atraiu interessados nos três editais de licitação lançados pela Codevasf para o investimento.
Rio acima, a UBP de Pão de Açúcar sequer foi concluída. Erguida no alto da Torre de Babel, bairro de famílias de baixa renda, a fábrica é guardada por apenas um vigilante que não dá conta da praga de gafanhotos que toma conta do lugar a cada verão.