Bombeiros e a criançada do Golfinho
Já são quase 11h30 da manhã quando os três pelotões do Projeto Golfinho estão posicionados para as últimas atividades do dia. O “Tio Boca”, como é carinhosamente chamado pelos pequenos o soldado Olímpio Tavares, está no comando. Como um verdadeiro animador, ele dá as ordens, brinca, interage e distrai os golfinhos enquanto, pouco a pouco, os pais chegam para buscar seus filhos. Tio Boca, que integra a equipe há três edições e é bastante querido pelos golfinhos, revela: “o que me motiva a querer sempre participar é o sorriso das crianças. A alegria é o retorno que a gente recebe delas”.
O soldado Olímpio, assim como os outros integrantes do projeto, participa de forma voluntária. São bombeiros que se afastam um pouco da rotina de serviço e passam a atuar de maneira bastante diferente, educando para prevenir.
Eles repassam às crianças seus conhecimentos em atendimento pré-hospitalar (APH), salvamento aquático, combate a incêndio e também outros assuntos fora desse eixo, como o combate ao bullying e a educação ambiental. “A nossa preparação para dar aula aos golfinhos consiste basicamente em transmitir as informações que temos enquanto bombeiros, por meio de uma linguagem que a criança possa entender”, explica a tenente Chyara Paiva.
A oficial conta que há reuniões diárias e semanais que auxiliam no contínuo aperfeiçoamento da forma com que os instrutores lidam com as crianças. “Nós também realizamos uma última reunião ao final do projeto, para discutir melhorias e, com isso, fazer com que a cada ano o projeto seja sempre melhor que o anterior”, afirma.
“Para a gente, que tira serviço e vê tantos acidentes, incêndios e mortes, é até uma forma de relaxar um pouco”, relata o soldado Gustavo Peplau. Essa é a sua primeira vez no Golfinho e, segundo ele, isso mudou sua percepção sobre o projeto. “Parece algo à parte do quartel, mas aqui a gente vê como é importante o conhecimento que trazemos para essas crianças”, afirma o militar.
Alguns instrutores contribuem aplicando conhecimentos em suas áreas de formação, como educação física, psicologia, pediatria e até mesmo teatro e música, como é o caso do soldado José Augusto Barros, o Jabs. Ele e um amigo são responsáveis pelo maior hit do Projeto Golfinho 2013: “Passa o protetor”, música educativa que ressalta a importância do uso do protetor solar.
“As crianças adoram e pedem pra gente ficar repetindo a manhã inteira”, conta Jabs. No ano passado ele já havia produzido outra música, com foco na importância da prática de exercícios físicos. As duas músicas possuem coreografia e já foram decoradas por todos os golfinhos. Ele ainda encena uma peça, juntamente com a tenente Chyara, alertando sobre os perigos do uso de drogas.
Já o amor de Karllene Farias pelo Projeto Golfinho é tão grande que, mesmo não fazendo mais parte da corporação, ela continua colaborando como psicóloga infantil. Todas as quartas-feiras, ela ministra uma oficina de combate ao bullying. “Essa sempre foi a atividade em que mais gostei de trabalhar [quando fazia parte do Corpo de Bombeiros], até porque é dentro da minha área, então não tinha como não dar continuidade, pois é uma coisa que faço com amor, com prazer”, explica.
Algo bastante visível nas crianças da colônia de férias é o carinho que sentem pelos instrutores. “Eles são muito legais e a gente aprende bastante com todos eles”, afirma animado Ryan Gomes, 10 anos, integrante do Pelotão Flipper. As demonstrações de afeto entre instrutores e golfinhos são constantes, o que pode explicar por que todos os voluntários sempre desejam retornar no ano seguinte.
