Nesta quarta-feira (10/11), milhares de famílias Sem Terra se mobilizam, do Litoral ao Sertão de Alagoas, cobrando ações do poder público para a efetivação da Reforma Agrária. Com intervenções em dezenove municípios, entre eles União dos Palmares, Delmiro Gouveia e Maragogi, a Jornada de Lutas reforça a política agrária como uma política de Estado, do nível municipal ao federal.
A Jornada tem por objetivo deixar claro que, embora a Reforma Agrária Popular reivindicada pelo MST se dê pelo acesso a terra por meio de desapropriações de latifúndios, ela também significa o desenvolvimento conquistado por aquelas famílias que permanecem em luta por seus direitos. Para estas famílias, desenvolvimento significa qualidade de habitação, incentivos à produção agrícola, educação em todos os níveis, atenção em saúde, entre outros benefícios coletivamente alcançados.
O MST tem um papel importante de articulador das lutas sociais no campo, mas essas reivindicações de direito à educação, saúde, habitação, cultura e outras demandas são recorrentes no campo e na cidade. As lutas sociais tomam as ruas porque há uma deficiência evidente do Estado (brasileiro, alagoano e nos diversos municípios) em suprir as demandas mais básicas das populações, particularmente os mais pobres.
Enquanto que o Governo Federal repassou, só em 2009 (com base nos dados do Portal da Transparência) R$ 4.659.743,00 através do programa Caminho da Escola para o Estado de Alagoas para aquisição de novos ônibus, municípios como Delmiro Gouveia e Inhapi ainda vivem a realidade do pau-de-arara no transporte escolar. Em Inhapi, por exemplo, os jovens e adultos que estudam à noite são obrigados a encarar a carroceria de um caminhão para irem estudar.
Outras denúncias sobre a qualidade da assistência do Estado à população devem vir à tona durante a Jornada. Um outro exemplo de debilidade do setor público, principalmente para com a população pobre, é a atenção básica de saúde Em lugares como na Zona Rural de Atalaia não é regularmente garantido o acompanhamento das áreas de assentamento e acampamento por equipes de saúde da família. Ou ainda, o caso de Flexeiras em que o Movimento denuncia a não execução do transporte escolar por empresas que estão recebendo para o serviço.