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Meio Ambiente

Tijolo sustentável pode democratizar acesso à moradia em São Gonçalo do Sapucaí (MG)

Com o objetivo de tornar o direito à moradia mais acessível em São Gonçalo do Sapucaí (MG), sete alunos da unidade do SESI desenvolvem um pré-moldado de terra comprimida, semelhante a um tijolo, para ser utilizado na construção de casas populares. Uma das inovações do projeto é na forma do encaixe, que já virá embutido no bloco e será feito de bambu. A iniciativa é uma das 100 selecionadas para participar do principal torneio de robótica do país, que ocorre no início de março, em São Paulo.

“Quando utilizado em casas populares de até um pavimento, você não vai precisar usar ferragem. Com a fundação da casa, já pode começar a construir com o bloco, e o material para vedá-lo é feito do próprio material do bloco, composto por terra, areia, fibra de bambu, cal e água”, adianta Heloísa Filipini, de 15 anos.

A construção civil é a indústria que mais gera impactos ambientais, como consumo de água em excesso para produção de insumos até mudanças na vegetação e no solo. É também responsável por 30% a 40% das emissões de carbono no mundo, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Pensando nisso, uma das vantagens do projeto, segundo a equipe, é que o bloco será 100% sustentável.

“Vimos que a construção civil é a base de tudo, tudo está relacionado a ela. Mas a falta de sustentabilidade nesse setor ainda é muito grande”, constata Heloísa. Foi a partir daí que a equipe idealizou o projeto do bloco sustentável, como uma forma de aproximar os brasileiros do sonho da casa própria. “O nosso projeto não é a venda do bloco, é a democratização da técnica. A gente uniu e resgatou várias técnicas de construção, padronizou as medidas e desenvolveu essa forma”, explica a jovem.

A técnica Rafaella Azzi afirma que o trabalho de pesquisa foi intenso e conta que especialistas do setor da construção civil ajudaram os estudantes a pensar no projeto. “Muitos ensaios estão sendo feitos, eles estão escolhendo as fibras naturais que dão mais aderência e resistência ao bloco. A ideia é que esses blocos tragam alternativa para os materiais de construção civil, que tanto trazem resíduos e poluição ao meio ambiente, além de desperdício”, espera.

A equipe criou a forma para esse novo tijolo e agora está em busca de uma empresa que possa o produzir em aço, para que seja mais durável. “Queremos disponibilizá-lo nas cidades, nas prefeituras, nas comunidades, para que o cidadão, principalmente aquele de baixa renda, possa ter acesso a esse bloco e ter a oportunidade também de trabalhar em alguma obra social que cause baixo impacto no meio ambiente”, completa a treinadora.

Após o intenso trabalho, Rafaella diz que tem sido gratificante ver o esforço de Heloísa, Beatriz Manso, Enrico Braga, João Paulo Brandão, Lucas Hokari, Murilo Araújo, Pedro Paulo Junqueira, alunos que trabalham diariamente na elaboração do projeto.

“Acreditamos que a proposta é viável, traz um impacto tanto para a comunidade quanto para o cidadão, uma vez que o acesso à moradia é direito de todos. A democratização que eles querem fazer, além de todos terem acesso, é disponibilizar a receita para fazer esse tijolo para que várias pessoas possam utilizar, com material da própria natureza”, conta orgulhosa.

A competição

O Torneio de Robótica FIRST LEGO League reúne 100 equipes formadas por estudantes de 9 a 16 anos e promove disciplinas, como ciências, engenharia e matemática, em sala de aula. De 31 de janeiro a 16 de fevereiro, haverá as disputas regionais. Os melhores times garantem vaga na etapa nacional, que ocorre em março, em São Paulo.

O objetivo é contribuir, de forma lúdica, para o desenvolvimento de competências e habilidades comportamentais exigidas dos jovens. Todo ano, a FLL traz uma temática diferente. Em 2020, os competidores terão que apresentar soluções inovadoras para melhorar, por exemplo, o aproveitamento energético nas cidades e a acessibilidade de casas e prédios.

Para o assistente técnico do SESI de Minas Gerais e responsável pela área de robótica, Natan Azevedo, experiências como essa fazem com que os alunos estejam mais preparados para o mercado de trabalho. “Eles já saem praticamente com todas suas capacidades técnicas trabalhadas na competição e ainda saem preparados para trabalhar em equipe, falar em público ou desenvolver pesquisas. Isso tudo é trabalhado no torneio”, enumera.