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Cultura

Templos de fé e história

“A igreja toda aberta resplandecia. O incenso formava uma neblina perturbadora. E, através dela, os altares refugiam como sóis, a luz das velas numerosas chispava nas auréolas dos santos”. Esse texto, da obra Linhas Tortas, pertence ao escritor alagoano Graciliano Ramos (1892-1953). O templo é cenário para um último natal. É fonte também de lembranças de uma juventude, deixada há décadas para trás.

Em Alagoas, como em todo o Brasil, as igrejas católicas trazem muito da história da sociedade. Nas cidades pequenas, principalmente, ficam localizadas bem no centro, como uma referência de encontro e também de origem das comunidades.

Na capital, Maceió, muitos desses templos já foram tombados como patrimônio histórico e artístico do Estado. Há 21 anos, foram reconhecidas em conjunto a Catedral Metropolitana — que neste ano, comemora 150 anos; e as Igrejas Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; Bom Jesus dos Martírios; Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos; e a Capela de São Gonçalo Amarante. Esta, no bairro do Farol, e as demais, no Centro.

Todas essas construções guardam características arquitetônicas muito peculiares. A Catedral Metropolitana, por exemplo, tem linhas neoclássicas. As pias batismais foram importadas de Portugal. O mobiliário e as imagens também integram o patrimônio. No teto, um céu cravejado de estrelas e iluminado por anjos.

São ainda bens dos alagoanos, as igrejas de Nossa Senhora do Ó (Ipioca) e Nossa Senhora Mãe dos Homens (Centro). Essas ficam em Maceió. Os municípios de Marechal Deodoro, Santa Luzia do Norte e Penedo também têm suas relíquias.

Atualmente, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), por meio do Pró-Memória, trabalha em projetos para a revitalização da Catedral Metropolitana de Maceió e da Igreja Nossa Senhora do Ó. Inaugurada pelo imperador Dom Pedro II, a catedral faz aniversário em dezembro. A restauração deve ser anunciada em breve.