Presidente da Associação dos Avicultores de Santana do Ipanema ressalta importância da ciência para melhoria da produção
Após o sucesso da implantação do projeto piloto do Programa de Avicultura Familiar (PAF), desenvolvido desde 2010 entre a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e avicultores de Santana do Ipanema, foi elaborada uma espécie de ração para alimentação de aves por meio da ciência aplicada na universidade. A ideia, ocorrida da necessidade de baratear o custo da alimentação das aves adquiridas no PAF, se desenvolveu ao decorrer do programa.
“Não foi uma ideia já planejada. A demanda surgiu com a vivência. Realizamos uma pesquisa científica acerca da alimentação de aves para que, desta forma, fosse elaborado um tipo de alimento que substituísse o milho sem afetar o organismo delas”, explica o professor da Uneal Fábio Cunha, que está à frente do projeto de preparação de ração animal.
O alimento é feito por meio da extração de nutrientes da folha e raiz da mandioca, misturados a ingredientes como milho e farelo de soja para que não haja insuficiência de vitaminas e nutrientes na produção. Após sua elaboração, o material é misturado à ração convencional e distribuído às aves.
Como a cultura do plantio da mandioca é expressiva na região Agreste, a ração com esse tipo de produto tornou-se viável para os produtores. “A distribuição geográfica nos auxiliou a tomar a decisão na hora de selecionar um alimento para a criação da ração alternativa”, destaca Cunha. Esta união entre o setor produtivo e universidade vem destacando a importância do compartilhamento de informações para o crescimento profissional e intelectual de empreendedores.
“A ligação criada entre universidade e o campo proporcionou ao produtor rural o seu desenvolvimento por meio de capacitações e estudos para o melhoramento da avicultura. A ciência só tem nos disponibilizado o alcance do melhor formato na hora de cuidar do nosso negócio”, afirma o presidente da Associação dos Avicultores de Santana do Ipanema (Avisi), José Soares Lima.
Ele ressalta que cerca de 80% das famílias de Santana do Ipanema e Arapiraca têm a avicultura como fonte principal ou secundária de renda e o custo com alimentação representa aproximadamente 50% do custo da produção. Seu barateamento aquece a economia local e dá aos produtores a oportunidade de ampliar seu investimento.
Polo Agroalimentar
O Polo Agroalimentar de Arapiraca, que teve sua obra iniciada na semana passada, será implantado pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). Terá um espaço constituído por núcleos de certificação de processamento de alimentos e laboratórios de físico-química, entre outros, e dará oportunidade aos produtores e pesquisadores de realizar intercâmbio de conhecimento.
“Depois de me capacitar na universidade e adotar o que foi dito pelo professor Cunha, tive um aumento de mais de 50% na minha produção. Isso mostra a importância de termos um espaço para dividir o conhecimento e uma espécie de porto seguro, onde poderemos tirar nossas dúvidas, partilhar experiências e buscar formas de conhecimentos que nos impulsione”, diz o produtor rural Antonio Tavares.
O investimento de cerca de R$ 6 milhões fomentará a cultura de inovação no interior de Alagoas, possibilitando no espaço a produção de novos materiais relacionados principalmente à horticultura e à fruticultura. “A criação de um ambiente favorável à ciência e à inovação no Estado, por meio da implementação dos polos agroalimentares, promove o crescimento gradativo da economia local. A ligação entre a área acadêmica e o setor produtivo será facilitada por intermédio dos polos a serem implantados com o contexto desenvolvimentista a fim de melhorar a produtividade e competitividade desse setor”, conta o secretário Eduardo Setton.
