Detalhada reforma vai apresentar ao público alagoano um novo teatro
Abram-se as cortinas que a mais exuberante casa da expressão da cultura e da arte das Alagoas será entregue. E com ela em cena, o mais esperado espetáculo ganha forma. Com cerimônia de reabertura agendada para este mês de setembro, o Teatro Deodoro – que no dia 15 de novembro chega a seu centenário – passou pela sua mais longa e detalhada reforma desde sua fundação.
Com investimentos e recursos próprios do governo de Alagoas na ordem de R$ 1,9 milhão, o suntuoso equipamento cultural e patrimônio tombado da cultura do Estado traz, na sua reforma, o retorno à originalidade.
Trabalho minucioso que teve acompanhamento e fiscalização de órgãos respeitados, como o Pró-Memória e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Deodoro reaparece com cores da época de sua inauguração, trazendo à baila a leveza do estilo neoclássico – assim como cem anos atrás.
Paralelo à recuperação detalhada da parte referente ao espetáculo e de toda sua estrutura – como os cenários e instalações – a sociedade alagoana recebe ainda a restauração total de outra joia rara do complexo cultural – o Salão Nobre do teatro.
“São praticamente três gerações que nunca tiveram o prazer sequer de entrar no Salão Nobre do Teatro Deodoro e que, agora, receberão também este presente, um dos compartimentos que fizemos questão de restaurar”, emociona-se o diretor-presidente da Diretoria dos Teatros do Estado de Alagoas (Diteal), Juarez Gomes de Barros.
“A entrega do Deodoro, apesar de um bom tempo de espera e até de certo descrédito de parte da classe artística, marca posição de como o governo de Alagoas encara a cultura com seriedade, zelo, custasse o que custasse”, destacou.
“Com essa volta à originalidade, a reforma do Deodoro contempla as transformações históricas, com o resgate das cores, assim com física, com a recuperação introduzindo revestimento de carpetes que receberão proteção antichamas e telhas termoacústicas dentro do padrão exigido pelo Corpo de Bombeiros”, acrescenta a arquiteta Marta Nogueira, que integra a equipe da Diteal.
Cirurgia delicada até reencontrar cores originais após 12 reformas
No trabalho de obstinação de recuperar por inteiro o Teatro Deodoro – principalmente voltando há quase 100 anos, mesmo com críticas por causa do tempo de reforma -, uma das etapas ganhou especial realce no contexto da obra: o resgate das cores originais. Para esse trabalho minucioso, a equipe da Diteal, auxiliada pelo Pro-Memória e pelo Iphan, foram buscar na Bahia um especialista no assunto que identificou pelo menos sete camadas de tintas das 12 reformas anteriores.
Para o delicado trabalho “cirúrgico”, a Diteal trouxe o baiano Mário Swenson, especialista em restauração de bens culturais móveis que tem trabalhos em várias partes do Brasil e está se debruçando também na restauração de igrejas na cidade de Marechal Deodoro.
“O trabalho do Mário Swenson foi o de prospecção e uma verdadeira remoção para identificar os variados extratos de pinturas desde a primeira cor e, nesse trabalho, ele pacientemente encontrou sete camadas de cores entre elementos como alvenaria, ferro, estanho e madeira”, informa Marta Nogueira.
