O Teatro Deodoro, considerado um dos 27 monumentos do segmento no país, reabre às 19h45 do próximo dia 16 de setembro, dia da Emancipação Política de Alagoas, após ter sido submetido a três anos de restauração e modernização das estruturas e paredes externas e internas. A reabertura de um dos equipamentos arquitetônicos mais tradicionais do Estado será feita em grande estilo, com interpretações das obras de Villa Lobos pelo grupo instrumental Pau Brasil, o quarteto de cordas erudito Ensemble, de São Paulo, e o cantor popular Renato Braz.
Abrilhantam ainda a noite festiva da casa de espetáculos, que data de 1910, o show dos alagoanos Chau do Pife e Almir Medeiros Quarteto. O momento histórico contará com um público voltado mais para a classe artística, cultural, imprensa, autoridades políticas e intelectuais. De acordo com o diretor de Teatros de Alagoas, Juarez Gomes de Barros, o investimento na preservação e adaptação a uma casa de espetáculos do século XXI foi de R$ 2,5 milhões, um dos maiores que o governo do Estado já fez, com recursos próprios, em um único equipamento cultural.
Juarez Gomes ressaltou que o teatro foi fechado para reforma em 13 de dezembro de 2007, após determinação do Corpo de Bombeiros, uma vez que a estrutura física oferecia riscos à população usuária. O diretor-artístico do Deodoro, Alexandre Holanda, creditou a demora na conclusão da restauração a um impasse entre a Diteal e a construtora contratada para executar a obra. De acordo com Juarez, a empresa não teria demonstrado competência para trabalhar com arte e, por questões burocráticas, a rescisão do contrato teria demorado um ano para se consolidar. “Para fazer a restauração, precisávamos cuidar do telhado e da estrutura física”, justificou.
Abandono – Juarez destacou a importância da manutenção da casa de espetáculos, reforçando que foram encontradas duas toneladas de lixo no forro; três mil pontos de chicletes no carpete; mais de 30 latas de cerveja e 50 ratos mortos no ar-condicionado, que só estava funcionando com 20% da capacidade, além de 150 gambiarras elétricas, o que deixava o público do Teatro Deodoro vulnerável a incêndios. A partir de agora, a casa de espetáculos mais importante do Estado conta com sistema de anti-incêndio e antipânico, conferindo maior segurança aos usuários.
“Não podemos permitir que a degradação dos últimos 40 anos se repita. Por esta razão, teremos a cada três meses a vistoria do Corpo de Bombeiros e outra interna e permanente por parte da Diretoria”, afirmou o diretor do Teatro. A reforma resgatou o estilo neoclássico existente há 100 anos, época em que foi inaugurado, e promoveu transformações históricas, a exemplo da colocação de carpetes antichamas e telhas termoacústicas. A parte de acessibilidade para cadeirantes está sendo concluída.
Os arquitetos da área de restauração identificaram, por meio de exames estratigráficos, pelo menos sete camadas de tinta das 12 reformas anteriores. A cor vinho das cadeiras e carpetes foi trocada pelas cores clássicas e suaves do creme em tom pastel, numa referência à cor das cadeiras de palhinha da época da inauguração. O teto que estava com as cores preta e o dourado voltou ao bege e rosa claro do início. Os lustres foram restaurados; a caixa cênica passou a ser uma das mais modernas do país (ganhou seis mil metros de fio) e a boca de cena foi restaurada.
O salão nobre, local para recepcionar festas com autoridades políticas e de preparação para os artistas antes de suas apresentações, recebeu tratamento inédito, recuperando os azuis em vários tons, anjos e obras de Orestes Seicheles, devolvendo ao ambiente requinte e originalidade do século passado. O arquiteto fez questão de manter, em algumas partes do teto, flores que foram desenhadas 40 anos após a inauguração do teatro. A ideia é mostrar às gerações futuras o quão agressiva pode ser a interferência em uma joia arquitetônica que, no caso do Deodoro, tem como autor o arquiteto italiano Luigi Lucarinni.