A Secretaria de Segurança Pública promove no início da manhã desta sexta-feira, 9, no Quartel Central da Polícia Militar, centro de Aracaju, o workshop segurança pública sem homofobia com o objetivo de apresentar temas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) e diminuir os estigmas do preconceito contra esse segmento social. Participam do evento delegados e oficiais da capital e do interior do Estado.
De acordo com o delegado Mário Leony, coordenador do Grupo de Trabalho de Políticas Públicas para a população LGBT, o encontro visa a prevenção e contenção da violência homofóbica. Entre os planos de ações mostrados pelo delegado estão o monitoramento de crimes homofóbicos e a produção de um relatório anual; inserção da motivação dos crimes nos Boletins de Ocorrências e Relatório de Ocorrência Policial (ROP) e a recomendação de procedimentos e rotinas policiais destinados ao atendimento LGBT.
O workshop realizado nesta sexta-feira, 9, foi direcionado aos gestores das Polícias Civil e Militar, mas policiais de todo o Estado também passarão pela mesma capacitação. “Trabalhos como esses que estamos realizando hoje são de suma importância, pois segundo as estatísticas a cada três dias um homossexual é morto no Brasil”, destacou Leony.
Para a superintendente da Polícia Civil, delegada Katarina Feitoza, o workshop tem o nobre objetivo de sensibilizar os policiais para lidarem com o público LGBT. “Temos sim que aprender a lidar com essa realidade que está ao nosso redor. Muitas vezes o preconceito vem da falta de informação, por isso temos que nos informar para dizer não a homofobia e sim a diversidade”, assegurou Katarina.
Ela enfatizou que a Polícia Civil tem participação ativa no Grupo de Trabalho com os delegados Mário Leony e Ana Carolina Jorge. “A Polícia Civil também vai participar da 12ª Parada LGBT de Sergipe no próximo domingo, 11, com um ônibus adaptado com duas delegadas, uma equipe de cartório e uma equipe de investigação”.
O comandante do policiamento da capital, coronel Jackson Nascimento, destacou que o evento só vem a trazer mais segurança para os policiais que vão trabalhar no domingo, “sobretudo na maneira de proceder em uma abordagem e de como lidar com uma situação de conflito com o público LGBT. As informações hoje passadas só vai qualificar ainda mais o policial envolvido nesse evento”.
“Este GT tem uma missão muito grande e só conseguiremos construir um novo conceito com a efetiva participação de vocês”, conclamou Leony, acrescentando que o problema da discriminação pela orientação sexual e identidade de gênero é cultural, mas destacou que é obrigação da sociedade reverter esse quadro. Outro ponto levantado na reunião, refere-se à expedição de carteira de nome social de travestis e transexuais pelo Instituto de Identificação.
Homofobia em Aracaju
Na oportunidade, os participantes também conheceram uma pesquisa de campo realizada no ano de 2006 que retrata um pouco como a homofobia ocorre em Aracaju. Segundo os dados apresentados, 43,8% das agressões contra o público LGBT são verbais; o lugar do crime em 41,7% dos casos ocorrem em via pública e 26,2% no ambiente familiar. Em 43% dos casos, os agressores são desconhecidos. “O mais grave de tudo isso é que 74% das ocorrências não são registradas pelas vítimas”, explicou Mário.
