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Sergipe

SSP detalha operação realizada no Centro-Sul do Estado e na cidade baiana de Paripiranga

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), através das polícias Civil e Militar, detalhou na manhã desta quinta-feira, 12, a “Operação Chordata” realizada nesta quarta-feira, 11, que acabou com a desarticulação de uma quadrilha envolvida em crimes de pistolagem, roubo, e tráfico de entorpecentes.

Cerca de 150 policiais civis e militares participaram da ação policial que aconteceu nos municípios de Lagarto, Simão Dias, Itabaiana e Paripiranga (BA). As investigações foram iniciadas em abril deste ano e a polícia foi mobilizada para cumprir 20 mandados de busca e apreensão e 13 de prisão, expedidos pela Vara Criminal de Lagarto.

Foram presas doze pessoas envolvidas com os crimes. “Um dos criminosos morava na cidade de Paripiranga e, além de atuar nos municípios sergipanos, também praticava roubos e homicídios na Bahia.”, destacou o delegado regional de Lagarto, Hildemar Rios.

Os presos foram identificados como Jorivan Souza Lima, o “Nininho”; Elvis Andrei Moreira Souza; Rangel do Nascimento Franca Costa; Rosenilton de Morais Oliveira, o “Tatá”; Sérgio Santos de Amorim; Adelvan Santos Dantas; Jackson Machado Júnior, o “Júnior do Cinema”; Murilo Santana Machado; Gilson Corcino Menezes, o “Gilson Sapateiro”; Luiz Corcino Menezes; Sandro Rodrigues do Nascimento, e Fábio Monteiro da Silva.

Outros quatro acusados, considerados os mais violentos do grupo, foram mortos ao reagir à abordagem da polícia, provocando trocas de tiros. O primeiro tiroteio aconteceu no povoado Caiçá de Cima, em, Simão Dias, no qual morreram Joaldo Lima de Souza, de 22 anos, apontado como líder da quadrilha, e André Barbosa da Silva, o “Déda”, 32. Eles foram baleados e chegaram a ser levados ao Hospital Regional Nossa Senhora da Conceição, em Lagarto.

“Joaldo já sobreviveu a um atentado ocorrido em 17 de julho, quando levou 11 tiros na porta de sua casa. Já André cometeu um homicídio na Paraíba, foi condenado a 29 anos de prisão por crime de roubo cometido em Lagarto no ano de 2002, fugiu da Penitenciária de Areia Branca em 2009 e se identificava com o nome falso de Diógenes Santos Barbosa. Isso por conta de ele ter contra si um mandado de prisão da justiça da Paraíba”, disse o delegado.

O outro tiroteio deu-se na zona urbana de Paripiranga (BA), em uma casa na qual estavam os acusados Joaquim Santa Rosa Neto, o “Ventão”, 30 anos, e Laelson da Silva, o “Nego Laelson”, 37 anos, fugitivo e acusado por roubo. Ambos também foram baleados e levados para um hospital de Simão Dias.

Pistolagem – Também foram apreendidas 13 armas de fogo, sendo cinco pistolas, três revólveres calibre 38, um revólver calibre 32, duas escopetas calibre 12 e duas espingardas calibre 36, além de quase 300 munições de calibres 12, 38, 380, ponto 40 e 9mm. Estas armas, segundo a polícia, eram geralmente usadas em crimes de pistolagem, no qual algumas pessoas foram assassinadas a mando de outras pessoas da região ou mesmo do próprio chefe da quadrilha. A polícia acredita que o grupo desarticulado nesta quarta-feira esteja envolvido em, pelo menos, oito homicídios ocorridos em Lagarto nos últimos meses.

“Alguns crimes foram por causa de dívidas, outros por causa de desavenças com inimigos, há vítimas que foram testemunhas de crimes cometidas pela quadrilha. São vários os motivos dos crimes. Quem ousasse atrapalhar o funcionamento dela era sumariamente eliminado”, explicou o delegado, ressaltando que os assassinatos eram cometidos com extrema violência, bem como as ameaças. “Quando eles queriam matar alguma pessoa, não direcionavam a violência só para ela. Mandavam matar os pais, os filhos, os irmãos, e até ameaçavam explodir a casa deles”, finalizou Rios.

Três assassinatos determinaram o rumo das investigações da “Operação Chordata”. O primeiro, em 19 de abril deste ano, teve como vítima o vigilante Adriano Nascimento Oliveira, que foi atacado por motoqueiros e atingido por quase 25 tiros, na frente da Secretaria Municipal de Ação Social, centro de Lagarto. Outra vítima, José Roberto Santos Silveira, o “Leitinho”, morreu em 20 de julho, levando mais de 15 tiros dentro do próprio carro e ao lado da esposa, Rosivânia, que levou um tiro na perna.

O terceiro crime ocorreu em 4 de agosto, quando o lavrador Edilson Martins Dias, o “Funaro”, foi cercado no povoado Sobrado por quatro homens que chegaram em um Gol verde e dispararam mais de 30 tiros. “Edilson e Roberto foram mortos porque Joaldo suspeitava da participação deles na tentativa de homicídio que ele sofreu. Já Adriano foi assassinado porque André acreditava que ele tinha contribuído para sua prisão no ano de 2002, ou seja, teria lhe delatado à polícia”, revela Hildemar.

O nome da operação, “Chordata”, refere-se ao filo/divisão a que pertence o hipopótamo, segundo a classificação biológica do sueco Carlos Lineu. “Há consenso na comunidade científica de que o hipopótamo é o animal que mais mata humanos no mundo. Apesar de sua aparência pacata, por ser um animal extremamente territorialista, ao perceber a presença de humanos, sente-se ameaçado e mata aqueles que se aproximam, ainda que inocentes. Esse traço de violência, além de frieza foi constatado nos investigados, o que justifica a denominação da operação policial”, explicou o delegado Gabriel Nogueira Júnior, do Dipol.

Outros crimes – A organização atuava principalmente na venda por atacado de drogas como maconha, cocaína e crack. “Eles sempre vendiam drogas em grandes quantidades e para traficantes, pois ficar pouco tempo de posse da droga era um risco menor para eles. Não era nem pelo lucro, mas para livrar-se mais rápido da droga”, explicou o delegado. Ao todo, 30 quilos de maconha foram apreendidos, sendo 20 encontrados por volta do meio-dia, em um sítio na zona rural de Lagarto. Os outros 10 foram apreendidos na cidade de Lagarto, a maioria deles na residência de “Gilson Sapateiro”.

O grupo criminoso também é responsável por vários assaltos ocorridos na região, sobretudo contra malotes de dinheiro que eram transportados entre empresas e bancos, levando quantias relativas ao faturamento das firmas ou ao pagamento de funcionários.

O dinheiro obtido com as atividades criminosas, de acordo com as investigações, era usado na compra de sítios, casas de alto padrão, motos e carros de luxo, entre outros bens. Alguns deles foram enviados para outros estados antes da operação ser deflagrada e outros foram apreendidos pela polícia. Os delegados responsáveis poderão pedir que a Justiça decrete o seqüestro destes bens. Os acusados devem ser processados por crimes de tráfico de drogas, roubo, homicídio e formação de quadrilha.

Esforço conjunto – O comandante do policiamento militar da capital, coronel Maurício Iunes, fez questão de destacar a integração das polícias sergipanas. “Hoje em Sergipe existe apenas uma polícia com o objetivo de trazer segurança à população. Não só essa como outras operações após planejadas pela Polícia Civil serão apoiadas pela PM na sua execução. É importante também que a população contribua com o trabalho da polícia fazendo denúncias através do Disque-Denúncia da Polícia Civil (181)”, salientou Iunes.

A operação contou com a participação da Delegacia Regional da cidade de Lagarto, das Coordenadorias de Polícia Civil do Interior (Copci) e da Capital (Copcal), do Departamento de Narcóticos da Polícia Civil (Denarc), da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol), do Batalhão de Choque, da Companhia de Radiopatrulha, do Grupamento Especializado Tático de Motos (Getam) e do Grupamento Tático Aéreo (GTA).

O delegado regional de Lagarto também ressaltou a contribuição dada pelo Ministério Público Estadual e pelo Poder Judiciário, através da Vara Criminal de Lagarto, que colaboraram com as investigações e expediram os mandados judiciais cumpridos durante a “Operação Chordata”.