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Solidão

Quando as curvas da vida nos fazem ter como companhia a cruel e atroz solidão, é impossível quantificar as lágrimas que incineram nossa face, medir o tamanho da dor que racha nosso coração, evitar que passeemos invisíveis como lúgrebe fantasma e impedir que escutemos os gritos de tudo o que pode ser sinônimo do lado negro do comportamento humano.

Isto ocorrendo, dizemos: estou no limite! Nada mais correto, pois “pedimos força e vigor, Deus nos manda dificuldades para nos fazer forte. Pedimos amor, Deus nos manda pessoas com problemas para ajudar. Pedimos coragem, Deus nos manda situações para superar. Não recebemos as coisas que pedimos, mas recebemos tudo que precisávamos”. Em outras palavras, “às vezes Deus nos leva ao nosso limite. E sabe por quê? É porque Ele tem mais fé em nós do que nós mesmos”. No entanto, é nestas horas que devemos ter mais tolerância, paciência e compreensão. Ou temos ou nosso mundo desaba: se desabar, não há como evitar de nos ferirmos ainda mais e, também, atingirmos pessoas inocentes, uma vez que, como diz Mahatma Gandhi “a pessoa que não está em paz consigo mesma, será uma pessoa em guerra com o mundo inteiro”.

A solidão é um monstro que tudo afeta, pois há desde Continentes até cidades, bairros, ruas, pessoas, aves e animais solitários. Ela dói, machuca, estigmatiza e crucifica a alma. Nesses momentos, os olhos que mais choram são os do coração. E o que são as lágrimas, senão palavras ditas pelo coração?

Se nossa paciência é um rio cheio e impetuoso e nosso limite é uma barragem que corre o risco de ser rompida por ele, temos de acreditar que mais adiante haverá sempre uma nova represa. Daí crermos que por mais impenetrável que seja a escuridão, há algo ou alguém disposto a pegar em nossa mão e nos guiar ou acender uma candeia para iluminar o caminho que devemos seguir.

Por isso, há quem diga que quando “as pessoas desejarem se afastar deixe-as ir, pois não são más, apenas sua parte em nossa história terminou”, uma vez que “quem nos quer, nos chama, nos busca, pensa e se preocupa conosco”.

Mas, “por mais independentes que sejamos, um dia sempre admitimos que precisamos de alguém. E por mais que tenhamos tudo o que queremos ter, um dia sempre admitimos que trocaríamos tudo que temos para compartilhar quem somos com esse alguém”.
Se nos falta este alguém, diz Clarice Lispector: “você pensa que nunca vai esquecer, e esquece. Você pensa que essa dor nunca vai passar, mas passa. Você pensa que tudo é eterno, mas não é”.

Os mais radicais chegam a dizer que “a melhor maneira de ser feliz com alguém, é aprender a ser feliz só, pois assim a companhia é uma questão de escolha e não de necessidade.”
Acho, porém, que foi o ator Robin Williams, num momento de pura iluminação, ou de extremo sofrimento, quem disse o que de pior pode acontecer a um relacionamento.
Disse ele: “Pensava que a pior coisa na vida era terminar só. Não é. O pior da vida é terminar com alguém que nos faz sentir só”.