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Sobre o último pleito

Tudo se explica? Às vezes, sim e quando não fazemos uma tentativa para entender. É o que vamos fazer. Nesse sentido, como devemos compreender o último pleito, especificamente para prefeito? Qual a causa de uma vitória tão arrasadora? Devemos atribuir a uma razão ou a um amontoado de razões?

Inicialmente, uma pergunta se impõe: o prefeito Israel Saldanha mereceu tamanha provação? Pessoalmente achamos que não, quer pela sua personalidade que inspira confiança, quer pelo que realizou dentro das minguadas condições financeiras do município. Por que o eleitor majoritário não levou isso em consideração? Por que não foi capaz de fazer uma avaliação? Teria sido por ser despido de um temperamento extrovertido que o torna arredio, sem intimidade com o povo para uma luta corpo a corpo com o eleitor? Para o povão, sim. Não para o eleitor esclarecido, que quer no administrador público os requisitos morais de probidade, competência e trabalho. Tudo o mais é supérfluo.

Feitas essas observações, vamos ao cerne da questão. Não obstante a sua derrota, teve uma votação relativamente expressiva. Surge então na cabeça de inúmeras pessoas a mais instigante interrogação: a quem se deve essa votação? A Israel apenas? A Israel, Alexandre e Ivana? Fiquemos com essa última opção. Entretanto, a curiosidade quer saber: qual dos três mais somou? Entre somar e subtrair, qual das operações prevaleceu no que se refere ao Alexandre? Não podemos deixar de levar em conta que apesar dos pesares, ainda desfruta um resquício de prestígio, não suficiente para ter amenizado o desastre das urnas. Muitos de seus eleitores, repetimos, sentiram-se traídos com a sua inépcia e insensibilidade política, traduzida pela falta de respeito com a renúncia, contrariando suas expectativas de que estava imbuído do desejo de conduzir o seu mandato até o fim. Descabida, assim, a sua revolta e frustração pela derrota, fruto de uma semeia de vento que se transformou em tempestade que por certo causará graves lesões em suas pretensões políticas. Outrossim, o seu inconformismo alimenta a nossa convicção de que se julga o poderoso chefão e Penedo não passa de seu curral eleitoral. Eis a razão porque sentimos no curso da campanha o espírito de revanchismo de muitos eleitores do Márcio que se envolveram numa mistura de fanatismo e vingança.

Foi nesse caldeirão fervente que o inexperiente Israel teve o seu batismo de fogo, transformado num autêntico boi de piranha e o Alexandre, responsável pelo seu sacrifício, seguramente sofrerá a mesma imolação. Como vemos, tudo conspirava contra o Israel, enquanto ventos favoráveis inflavam as velas do barco do Márcio que o levaria, tranquilamente, ao porto seguro de sua grandiosa vitória. Para tanto, talhado para a política e o dom natural para atrair a massa, perdida a sua primeira tentativa de reeleição, deixou assentar o pó da frustração e começou a viver com uma visão do futuro a longo prazo, aspirando o ar da política junto com o eleitor. Solidificada a base de sua caminhada, só um milagre a favor de seu adversário poderia contrariar o resultado das urnas. Mas que não descure no desempenho de suas funções, pois, se pretende a sobrevivência e a longevidade política, não basta fazê-la, tem de não decepcionar os munícipes, o eleitor, seu principal adubo, que não pode ser jogado em terreno pedregoso dos desmando e desacertos, mas em solo apropriado para uma boa germinação, devendo, para tanto, conter os elementos químicos essenciais da probidade, competência e trabalho.

Enfim, que não se descuide na formação do secretariado, deixando-se envolver pelo sentimento uterino, como diria Ulisses Guimarães, mas tão só pelo critério das qualidades político-administrativas, essenciais a uma boa gestão.

É o que, antecipadamente, desejamos.