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Maceió

SMS da capital participa de Fórum Alagoas Antimanicomial

Em comemoração ao Dia Mundial de Saúde Mental, ocorreuna manhã desta sexta-feira(10), no auditório do Conselho Regional de Psicologia (Pinheiro), a abertura do I Fórum Alagoas Antimanicomial, que esse ano contou com o tema “Desafios para a Construção da Rede de Atenção Psicossocial”. Organizado pelo Coletivo Alagoas Antimanicomial, o evento contou com a participação de representantes das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, do Conselho Regional e Federal de Psicologia, do Conselho Regional de Serviço Social e da Universidade Federal de Alagoas.

A abertura do evento contou com apresentações artísticas de acadêmicos do Centro Universitário Cesmac e de usuários e trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do município. Logo após, os representantes das instituições falaram sobre a importância do Fórum e os principais anseios na luta por uma assistência à saúde mental de qualidade.

De acordo com Renata Guerda, representante do Coletivo Alagoas Antimanicomial, Maceió ainda não apresenta uma política que valorize todos os seus direitos dos usuários. “Essa é uma luta nossa junto às gestões para fortalecer o controle social e garantir que os usuários tenham seus direitos atendidos de forma integral. Por isso é importante unir forças na melhoria desses atendimentos”, afirma Guerda.

Já a representante da Universidade Federal de Alagoas, Mara Cristina Ribeiro, lembra que vivemos em uma sociedade que ainda é resistente em aceitar aqueles que são diferentes de nós e que se esse ponto for superado, grandes avanços serão possíveis. “Antigamente os fóruns não nos davam a possibilidade de discutir com o usuário a melhoria dos serviços e hoje temos essa possibilidade. Vejo isso como uma forma de quebrar estigmas e nos ajuda a aceitar as diferenças, pois aprendemos sobre a necessidade do outro, que muitas vezes não é a mesma que a nossa”, explica a representante.

Na sequência foi apresentando o documentário Saúde e Dignidade Humana, que serviu para evidenciar os três eixos temáticos que foram tratados no Fórum, a Rede de Atenção Psicossocial, a Clínica Antimanicomial e os Direitos dos Usuários. Os usuários debaterão os temas apresentados e votarão nas propostas que serão encaminhadas.

Rede de Atenção em Maceió

Atualmente, Maceió conta com cinco Caps, além das oito unidades de referência e a rede de atenção básica, mas de acordo com Tereza Tenório, coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ainda é preciso expandir esse número.

“O principal dispositivo de articulação da Rede de Atenção são os Caps, que precisam ser fortalecidos para que a gente consiga adentrar na esfera da atenção básica. O principal objetivo desse fórum é justamente esse, fortalecer o movimento, fortalecer o controle social para ampliar a política de saúde mental”, explica Tenório. A coordenadora ainda completa que o controle social com a participação dos usuários favorece o processo de reinserção social.

Mara Cristina Ribeiro, representante da Universidade, pontua ainda que não é preciso tutelar o sujeito, mas sim emancipar. “A rede de atenção é algo que se deseja, mas que conta hoje com serviços substitutivos, como o Caps, mas que não são ainda formas de desinstitucionalização. Não adianta falar em desinstitucionalização se não oferecemos um espaço real integrado para esses usuários. O Caps substitui a estrutura física do manicômio, mas não a forma de cuidados e é isso que precisa ser pensado. Se quisermos a emancipação real dos usuários precisamos abrir novos espaços de convivência”.