Geriatra Helen Arruda
Cabelos brancos, pele enrugada, redução da vitalidade física… Esses são alguns dos sinais do envelhecimento inerentes a todo ser humano. Porém, ao contrário do que muitos pensam, a idade avançada, por si só, não caracteriza ou determina obrigatoriamente se um indivíduo possui o que os especialistas chamam de síndrome da fragilidade.
Conforme conceitua a geriatra Helen Arruda, “fragilidade é uma síndrome multidimensional caracterizada por um estado de vulnerabilidade fisiológica relacionada à idade, resultante do comprometimento de reservas homeostáticas e redução da capacidade do organismo em resistir aos fatores ambientais estressores.”
Na prática, os principais aspectos relacionados à síndrome da fragilidade são a redução da velocidade da marcha e diminuição do nível de atividade física, considerados critérios precursores da síndrome em idosos frágeis ou pré-frágeis.
“É importante saber que o envelhecimento não é sinônimo de fragilidade! Embora esteja associada à idade, a síndrome de fragilidade não resulta exclusivamente do envelhecimento, portanto, nem todo idoso se torna frágil. A fragilidade, no entanto, está relacionada à presença de múltiplas morbidades que resultam em baixa capacidade para suportar fatores de estresse”.
Do ponto de vista individual, reconhecer a síndrome é fundamental para a realização de intervenções que modifiquem a evolução e restabeleçam a qualidade de vida do idoso. Já do ponto de vista populacional, é preciso se estabelecer políticas públicas específicas que reduzam a dependência, a incapacidade, as quedas e as lesões, assim como a hospitalização e a institucionalização, reduzindo-se consequentemente o impacto no sistema de saúde.
Em virtude desta realidade, que vem sendo discutida em todo o País, a Santa Casa de Maceió resolveu reunir profissionais de diversas áreas do complexo hospitalar para que a síndrome da fragilidade possa ser reconhecida por médico, farmacêuticos, nutricionistas, assistentes sociais, fisioterapeutas e psicólogos.
Para tanto, o Serviço de Geriatria e a Gerência de Risco e Assistência Hospitalar da Santa Casa de Maceió vêm realizando reuniões multidisciplinares semanais para introduzir conceitos e rotinas que visem o reconhecimento da síndrome da fragilidade, com subsequente proposta de intervenções para o tratamento e reabilitação do idoso frágil.
Incapacidade X Fragilidade
Enquanto a incapacidade está atrelada à perda de uma determinada função do organismo, a fragilidade indica um estado de instabilidade que pode resultar na perda de movimentos ou funções do organismo.
Um levantamento realizado pela Rede Fibra avaliou durante três anos cerca de 4.700 mulheres entre 65 e 79 anos. Os resultados mostraram critérios de fragilidade em 16,3% da população, ausência de fragilidade em 55,4% e características intermediárias em 28,3%.
A síndrome da fragilidade surge silenciosamente, mas alguns sintomas apontam sua existência, tais como: perda de peso, fraqueza muscular, exaustão, redução na velocidade de andar e baixa atividade física e equilíbrio. Ainda não há tratamento para a patologia.
