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Alagoas

Sindipetro afirma que negligência provocou acidentes na Braskem

Em depoimento prestado à comissão da Câmara de Vereadores de Maceió que apura os acidentes ocorridos na Braskem, representantes do Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plásticos de Alagoas e Sergipe (Sindipetro AL/SE) afirmaram que houve negligência por parte da petroquímica.

O diretor de imprensa do Sindipetro AL/SE, Antônio Freitas, informou nesta terça-feria, 07, que já no primeiro acidente, ocorrido no dia 21 de maio, o sindicato havia alertado a petroquímica sobre a alta concentração de tricloramina, substância que, de acordo com o laudo apresentado pela própria Braskem, agregada a outros fatores como a variação da temperatura, foi responsável pelas explosões.

“Assim que houve o primeiro acidente nós fomos acionados pela empresa e lá especulamos sobre a possibilidade de que a explosão, seguida do vazamento de cloro, teria se dado devido à alta concentração de tricloramina nos equipamentos. Diante desta possibilidade, a Braskem deveria ter isolado toda a área, até que esta hipótese fosse descartada, uma vez que sendo este o motivo da explosão, a área estaria vulnerável a outro acidente”, explicou Freitas.

O diretor de imprensa do Sindipetro AL/SE reconheceu que a ação dos técnicos da empresa foi eficaz e rápida, no que diz respeito ao controle do vazamento de cloro, mas alertou que a Braskem precisa rever o quadro efetivo de funcionários e investir mais na qualificação dos mesmos e nas medidas de preventiva.

“Em 1996, a Salgema contava com um efetivo de mil e trezentos funcionários, hoje, nas três unidades: Pontal, Bebedouro e Marechal Deodoro, soma-se cerca de apenas quinhentos. Todo o restante é mão de obra terceirizada, que não recebe treinamento suficiente para atuar de forma segura na empresa. A Braskem tem priorizado o lucro em detrimento da vida”, declarou.

Antônio Freitas destacou ainda a importância de haver um programa social e de treinamento que abranja toda a comunidade em torno da petroquímica. “Os trabalhos não podem ficar restritos à comunidade do Pontal, pois os bairros adjacentes foram os que mais sofreram com os acidentes”, frisou.

Quando indagado sobre a informação publicada em um jornal alagoano que a empresa comprava equipamentos em ferros-velho, Freitas informou que os equipamentos que sofreram ruptura, devido às explosões, tinham no máximo três anos de uso. “Eram equipamentos novos, que foram adquiridos quando a empresa mudou de tecnologia na produção do cloro. Tanto o equipamento quanto a nova tecnologia são igualmente seguros, mas a empresa, em outra ocasião, já adquiriu produtos de ferros-velho”- declarou.

O presidente da CEI da Braskem, Marcelo Malta (PTdoB), avaliou os depoimentos colhidos esta manhã como indispensáveis à elucidação dos fatos. Ele afirmou ainda que aguarda uma resposta da petroquímica quanto ao dia em que a empresa irá prestar depoimento perante a CEI.