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Alagoas

Sesau revela que DST/Aids matou quase 1.900 pessoas em 30 anos em Alagoas

Foi-se o tempo que a Aids, vinculada à infecção pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), era considerada uma sentença de morte e o paciente podia ser reconhecido pela aparência magra e deprimida. Com a chegada de novos medicamentos no mercado, os soropositivos ganharam mais tempo e melhor qualidade de vida, o que facilitou à adesão ao tratamento.

No entanto, as ações voltadas para o estímulo do sexo seguro ainda não conseguiram convencer um número significativo de pessoas. É o que apontam os dados do programa DST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Desde o início da epidemia de Aids em Alagoas em 1986, quando foi confirmado o primeiro caso da doença, até 30 de novembro de 2016, foram registrados no Estado 5.710 casos de pessoas doentes de Aids. Destes, 3.762 são em homens e 1.948 são em mulheres.

E de 1986 – quando os primeiros casos começaram a surgir em Alagoas – até 30 de novembro deste ano foram notificados 1.885 óbitos. Destes, 1.114 foram de pessoas residentes em Maceió.

Para Mona Lisa Santos, técnica responsável pelo programa DST/Aids da Sesau, a cura ainda não foi alcançada e a doença continua avançando, embora os antirretrovirais (em dose única) e a quimioprofilaxia, para a mãe e o seu bebê, têm ajudado a controlar a doença.

De acordo com ela, a sociedade, mais do que nunca, precisa parar de associar a Aids com ideias rotuladoras, e, portanto, geradoras de preconceito e estigmatização. “Estamos cada vez mais, procurando compreender os diferentes contextos de vida da população e contribuir para que cada pessoa perceba as chances que têm de se infectar ou de se proteger”, destacou a técnica.

Desde o início da epidemia de Aids, o principal e mais eficaz método preconizado para evitar a transmissão sexual do HIV tem sido o uso de preservativos, mas, “atualmente a iniciação sexual precoce, a multiplicidade de parceiros sexuais ao longo da vida e a banalização do uso da camisinha aumentou o risco de ser infectado por uma DST”.

Além disso, a população tem feito tardiamente a realização da testagem do HIV e, por vezes, só descobrem que estão infectados quando apresentam as infecções oportunistas (IOs), que recebem esse nome por se aproveitarem da reduzida capacidade de defesa do corpo. “Como os principais alvos do HIV são as células que combatem os agentes infecciosos, é importante realizar o teste de HIV, e, em caso de positivo, iniciar imediatamente o tratamento para evitar a destruição dessas células e recuperá-las”, recomendou.

Segundo Mona Lisa Santos, a Aids em Alagoas tem uma tendência de interiorização, com comportamentos de risco, atingindo as mulheres, sobretudo. “A transmissão vertical, que é a infecção pelo HIV, passada da mãe para o filho, pode ser transmitida durante o período da gestação (intrauterino), no parto (trabalho de parto ou parto propriamente dito) ou pelo aleitamento materno, que é uma das mais cruéis formas de transmissão”, explicou.

“Nós estamos trabalhando intensivamente, para que todas as unidades básicas de saúde ofertem o teste rápido, pois toda a população será beneficiada, principalmente as gestantes. Isso porque, ao realizar precocemente o diagnóstico, elas vão utilizar os antirretrovirais e reduzir a chance de passar o vírus para seu bebê. Já conseguimos treinar 98 municípios para a realização do teste. Destes, 90 já estão ofertando o serviço. Assim sendo, o diagnóstico para sífilis, hepatite B e C, e claro, o HIV, pode ser oferecido na Unidade de Saúde mais próxima do nosso usuário”, garantiu.

Sintomas

De acordo com a técnica responsável pelo programa DST/Aids da Sesau, quando ocorre a infecção pelo vírus causador da Aids, o sistema imunológico começa a ser atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV – tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de 3 a 6 semanas. E o organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar.

Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. Os sintomas são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento. A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a Aids. Quem chega a essa fase, por não saber ou não seguir o tratamento indicado pelos médicos, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer.