Mais uma categoria do funcionalismo público estadual entre em greve por tempo indeterminado. A partir desta sexta-feira, 13, servidores da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal) paralisam as atividades em protesto contra a falta de proposta do governo para as reivindicações da categoria, conforme justificativa da Asfeagro (Associação dos Servidores da Fiscalização Agropecuária de Alagoas), entidade que representa a classe.
A greve dos servidores da Adeal foi decidida em Maceió durante assembleia realizada sexta-feira passada, 06, mas havia a possibilidade de ser revogada na quarta-feira, 11, data da reunião entre representantes da Asfeagro e membros da Secretária de Estado da Gestão Pública (Segesp). A expectativa do atendimento às reivindicações da categoria acabou quando os sindicalistas foram comunicados que não havia proposta a ser negociada.
Ainda durante o encontro, a Segesp informou que a minuta do Plano de Cargos e Carreiras (PCC) proposto pela Asfeagro a pedido do próprio governo estadual durante a negociação da greve encerrada em março de 2010, depois de cinco meses de paralisação, está descartada porque a gestão tucana prepara um PCC geral para todas os servidores estaduais, segundo informações de dirigentes Asfeagro para a reportagem do aquiacontece.com.br.
Nenhum avanço
“Passamos um ano e meio negociando com o governo e não conseguimos nenhum avanço, o que eles fizeram foi pedir para a gente adiar a paralisação”, declarou um dos diretores da Asfeagro que não será identificado para evitar represálias. A fonte e outros servidores da Adeal procurados pela reportagem, todos participantes ativos da greve anterior, alegam que sofreram perseguições e chegaram a passar por constrangimentos durante o exercício da profissão por ocupantes de cargos de direção, pessoas indicadas para as funções.
Além dos supostos casos de assédio moral, entrevistados disseram que as condições atuais de trabalho na Adeal são piores do que na época em que Alagoas era zona de risco desconhecido para ocorrência de febre aftosa. O estado passou a ser reconhecido como área de risco médio, mas a campanha de vacinação em curso será suspensa por motivo da greve.
Outro dado preocupante diz respeito ao funcionamento dos 15 escritórios da Adeal, sete deles sem direção porque os coordenadores aprovados em concurso entregaram os cargos com a decretação da greve. Nas demais unidades, os indicados permanecem na função.
“Propaganda é falácia”
“Essa propaganda do governo que diz Alagoas rumo à zona livre de aftosa é falácia, não há como atingir esse nível com as condições atuais”, declarou um dirigente da Asfeagro que teria ouvido a mesma avaliação, ainda que de modo informal, de um dos representantes do Ministério da Agricultura durante auditoria educativa realizada recentemente no Estado.
“Quando nós estivemos antes aqui, eu via um brilho nos olhos de vocês, hoje está tudo apagado”, disse a fonte sobre uma frase que teria ouvido do funcionário do Ministério da Agricultura. “Ele tem razão, nós já passamos até da fase de desestímulo pelo trabalho, hoje nós estamos revoltados com esse descaso e por Alagoas pagar o pior salário do país para quem trabalha com defesa agropecuária”, acrescentou o sindicalista.
Só para ilustrar o quadro de abandono, ele afirmou que a sede do escritório da Adeal em Delmiro Gouveia, Alto Sertão alagoano, está sob risco de desabamento por conta de infiltrações no prédio que pertencia à extinta Emater/AL.
Feira de Dois Riachos
“Tem um ponto básico no avanço da classificação da aftosa que ficou decidido anteriormente com o Ministério que é o funcionamento da feira de gado de Dois Riachos (a mais importante do interior alagoano). Além de continua no mesmo lugar, sem a mínima condição de higiene e de trabalho, praticamente não há mais fiscalização na feira porque o pagamento das diárias aos funcionários da Adeal demora muito para acontecer”, argumentou um dos servidores.
Além da precariedade dos locais de trabalho, a reportagem ouviu relatos sobre falta de equipamentos básicos em unidades da Adeal, inclusive escritórios regionais, como luvas e tubo de ensaio. Questionados sobre o encaminhamento das reivindicações ao presidente da Adeal, Manoel Tenório, um dos servidores acredita que se o dirigente repassa aos superiores, nada é resolvido, conforme ficou constatado durante a reunião com a Cegesp.