Mais de 80 mil agricultores serão beneficiados com cisternas de polietileno para garantir captação e armazenamento de água da chuva
Perda de lavouras e animais e sede por água de qualidade. Essa ainda é uma dura realidade em diversos municípios alagoanos que enfrentam a pior seca dos últimos 50 anos na região. Por isso, para garantir armazenamento de água para consumo humano e para produção de alimentos, mais de 16 mil famílias do Sertão do Estado serão beneficiadas com cisternas de polietileno fabricadas pela Acqualimp, por meio do programa Água Para Todos (APT), do Ministério da Integração Nacional. “No total, serão distribuídas no prazo de dez meses, 16.299 reservatórios espalhados em 22 cidades onde o acesso à água é precário. Isso significa mais de 80 mil moradores das áreas rurais do semiárido deixando de buscar água em barreiros, açudes e poços sem qualquer controle de qualidade da água que levam pra beber em casa.”, disse Eduardo Motta, coordenador do APT na 5ª Superintendência Regional da Codevasf/AL.
Entre as cidades beneficiadas estão Feira Grande, Campo Grande, São Sebastião, Olho D’Água Grande e Traipú. Essa última foi atendida com 2.214 cisternas e o trabalho de instalação já começou no dia 30 de julho. “Eu não estou nem acreditando na rapidez. Primeiro foi um monte de cisternas chegando nuns caminhões grandes. Depois vieram aqui em casa e eu fui o primeiro a ter a cisterna instalada. Só Deus sabe a alegria que eu estou sentindo agora. Aqui a dificuldade com água é muito grande. No Assentamento mesmo a gente só tem água de carro-pipa e mesmo assim o aperreio é grande, por que são muitas famílias e todo mundo precisa de água. Com essa cisterna tenho certeza que a vida vai melhorar e muito. Só assim vou parar de carregar água na carroça pra cima e pra baixo como eu faço todo dia. Vamos só esperar que a chuva venha pra eu ver ela cheia”, disse o agricultor Carlos Rogério de Oliveira de Santana, de 52 anos, morador do Assentamento Marcação Beira da Pista.
Cada cisterna de polietileno tem a capacidade para armazenar de forma segura 16 mil litros de água, o que garante fornecimento adequado para uma família de quatro a cinco pessoas beber e cozinhar durante nove meses de estiagem. As cisternas de polietileno possuem vida útil de 30 anos, sem custo de manutenção. “O principal cuidado deve ser a limpeza com pano úmido e água sanitária dentro do reservatório antes do início da temporada de chuvas, uma vez ao ano. Além disso, é importante ter uma atenção especial quanto às orientações dos agentes de saúde no tratamento da água. O plástico polietileno, por sua elasticidade, impede que os tanques apresentem fissuras, trincas e vazamentos, fatores que colaboram para a contaminação da água, por outros líquidos e resíduos sólidos.”, destacou Amauri Ramos, diretor da Acqualimp.
Com pouco mais de cinco mil habitantes, o município de Olho D’Água Grande, está na lista das cidades alagoanas que decretaram cidade de emergência com a estiagem. De acordo com a Codevasf, serão 382 cisternas de polietileno instaladas em áreas rurais, a exemplo do Sítio Barra Dantas, onde vive a dona de casa Rejane Moreira Lima, 32 anos. “Quando chove vou pegando os baldes e enchendo pra poder guardar água pra beber. Mas isso não demora muito, daí sempre tenho que ficar buscando água no barreiro, mas é água barrenta, dá vergonha até de oferecer pra uma pessoa que chega em casa”, contou.
Para dar agilidade ao programa, neste novo lote todas as cisternas, além de produzidas pela Acqualimp, também serão instaladas pela fabricante que possui uma unidade em Penedo e outras sete fábricas produzindo, exclusivamente, cisternas de polietileno em outros seis estados (MG, PI, PE, CE, BA e TO), a fim de garantir o fornecimento para todo o semiárido.
Em São Sebastião, no Agreste alagoano, serão instaladas 2.716 cisternas de polietileno. O Sítio Capim Branco é uma das localidades onde água é difícil de encontrar. Dona Josefa Maria da Conceição, 60 anos, que o diga. “Eu mesmo tenho que pegar meu balde botar na carroça e ir buscar água num córrego que tem lá em cima na estrada. Quando chove, ninguém tem nada pra pegar água. Eu coloco até as panelas no chão pra poder pegar água. A gente aqui está aguardando essas cisternas, porque vai ser uma benção de Deus que vai ajudar muitas famílias que passam necessidade aqui até pra beber água”, disse ela.
Com 11.092 cisternas de polietileno já instaladas nas áreas rurais do Estado (sendo 8.179 pela Codevasf e 2.913 pela Funasa) e o anúncio de outras 16.299 (também pela Codevasf), Alagoas totaliza 27.391 reservatórios voltados ao semiárido, onde a escassez de água teima em castigar o homem do campo. No Brasil [de dezembro de 2011 a julho deste ano] já foram entregues pela Acqualimp mais de 130 mil cisternas de polietileno ao governo Federal, beneficiando famílias que vivem em áreas rurais atingidas pela seca ou que sofram com falta regular de água. Outras 70 mil ainda serão produzidas até o fim do ano, dentro do programa Água Para Todos que tem o objetivo de desenvolver a política de erradicar o risco hídrico (estiagem) até 2014.
