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Sergipe

Série Vozes Estudantis reforça arte como instrumento de expressão na formação escolar


“O conhecimento exige uma presença curiosa do cidadão em face do mundo, e, para isso, requer uma ação transformadora sobre a realidade, uma busca constante, implicando, assim, invenção e reinvenção”. A partir do pensamento do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, é possível observar que o uso das artes visuais e da cultura como forma de expressão na formação escolar pode ser visto como alternativa para aqueles que buscam transformar o mundo para melhor, por meio de seus olhares.

Muitos estudantes, sobretudo do Ensino Médio, convivem com a dúvida sobre o que escolher e como pretendem seguir sua vida profissional. Contudo, para tranquilizá-los, pode-se dizer que há espaço para tudo e para todos. Um bom exemplo é a estudante Luana de Jesus Santos, do Colégio Estadual Guilherme Campos, em Campo do Brito, no agreste de Sergipe, que transforma o mundo com suas obras artísticas, por meio de sua imaginação e inspirações.

A jovem diz que sempre teve uma visão diferenciada sobre o mundo, e acredita que tudo aquilo que se apresenta aos seus olhos pode se tornar arte. Ela conta que essa percepção começou muito cedo, aos quatro anos de idade, a partir dos seus rabiscos, que, com o passar dos anos, foram se desenvolvendo. Essa prática, que antes era brincadeira, tornou-se sua forma de expressão e seu modo de viver. As inspirações de Luana foram estimuladas também no ambiente escolar, quando, na disciplina de Arte, a estudante foi incentivada a continuar seus trabalhos artísticos, o que acabou aumentando seu vínculo com a própria escola.

Com suas obras feitas à mão, Luana transforma sua habilidade e a sensibilidade do seu olhar em retorno financeiro, tornando-se também uma empreendedora. “Ano passado, eu resolvi tentar ingressar como uma jovem autônoma, dando oportunidade às pessoas para escolherem uma arte única e diferente, feita especialmente para elas, pinturas feitas à mão com muito carinho e toda a dedicação que tenho pelo meu pequeno empreendedorismo”, detalha.

Identificando talentos na escola

A diretora do Colégio Estadual Guilherme Campos, Heliana Meireles, destaca que o estudo e a valorização da arte são de suma importância para os estudantes, uma vez que estimulam a auto expressão e a criatividade. Além disso, essas práticas ajudam o estudante a construir a autoconfiança e o senso de identidade individual, proporcionando-lhe um aprendizado que estimule confiança sobre si e que lhe permita aprender a pensar positivamente. Outro benefício é a possibilidade de transformar sentimentos em expressões artísticas, que levam à reflexão por parte de todos.

Nesse sentido, a gestora Heliana indica algumas das ações da escola para apoiar esses jovens talentos. “Fazemos reuniões e capacitações, especificamente com professores da área de linguagens, a fim de projetar metas e ações que consigam valorizar essas habilidades dos estudantes que já têm, e também envolver e descobrir novos talentos”, pontua.

Como a educação estadual incentiva os aspirantes às artes?

Segundo a diretora do Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (Dase) da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), Eliane Passos, a pasta sempre está de olho nesses talentos e vem criando instrumentos para apoiá-los em diversas formas, como, por exemplo, a apresentação da revista ‘Espie’ e a exposição ‘Avie!’. Além disso, há a seleção de projetos apresentados pelas escolas com uma linha de financiamento por meio do Programa de Transferência de Recursos Financeiros Diretamente às Escolas Públicas Estaduais (Profin Projetos); somente em 2023, o investimento total foi de R$ 2 milhões e 340 mil reais, aprovando 468 projetos propostos pelas escolas.

A gestora destaca ainda que os talentos artísticos são muito evidentes nas escolas sergipanas. “Nós temos alunos com potenciais artísticos incríveis. Além disso, os professores desenvolvem muitos projetos relacionados às artes e à cultura, com recursos do Profin Projetos, como também temos o incentivo identificando estudantes que têm potencial artístico e evidenciando o trabalho deles”, comenta.

De acordo com a diretora do Serviço de Apoio ao Desenvolvimento Estudantil, Danielle Virginie Santos Guimarães Marinho, para que um projeto seja selecionado para receber o recurso do Profin, ele precisa ser um projeto interdisciplinar, além de atender aos critérios básicos. Nesse sentido, ela aponta que há projetos de diversas áreas de conhecimento, que envolvem a arte em execução e metodologia.

“É comum a gente observar ações didático-pedagógicas na área de direitos humanos que envolvem teatro, projetos na área de linguagens, matemática, história, química, dentre outros. Portanto, hoje a totalidade dos projetos que a gente tem financiados está em torno de 40%. São projetos que envolvem de alguma maneira arte e cultura”, explica.