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Sergipe

SergipeTec certifica ceramistas em eficiência energética

Ceramistas de importantes polos de produção de Sergipe foram certificados na última quinta-feira, 11, em práticas sustentáveis envolvendo a utilização da lenha e argila. A solenidade ocorreu durante o seminário ‘Perspectivas para o Setor Cerâmico: Mercado da Construção Civil e Linhas de Financiamento’, realizado em parceria entre o Sergipe Parque Tecnológico (SergipeTec), o Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e o Fundo Nacional do Meio Ambiente.

Realizado no auditório da Companhia do Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise), o evento contou com a participação de representantes da Caixa Econômica (CEF), Banco do Nordeste (BNB), Sebrae Nacional, Sindicato das Indústrias de Cerâmicas e Olarias em Sergipe (Sindicer), secretarias estaduais de Meio Ambiente (Semarh), Codise e do Departamento de Combate à Desertificação Ministério do Meio Ambiente.

O seminário foi a última etapa do curso promovido pelo Projeto de Eficiência Energética com Uso Sustentável de Recursos Florestais em Cerâmicas de Sergipe, realizado pelo SergipeTec, em parceria com a Fundação Parque Tecnológico da Paraíba/Centro de Produção Industrial Sustentável (Cepis) de Campina Grande, e patrocinado pelo Fundo Socioambiental da Caixa e Fundo Nacional do Meio Ambiente. O projeto também conta com o apoio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência e Tecnologia (Sedetec) e da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema).

No período de 03 de novembro a 05 de dezembro deste ano, o projeto realizou o Curso de Capacitação de Empresários para Boas Práticas de Cerâmicas em Sergipe nos polos situados nas cidades de Itabaianinha, Propriá e Itabaiana. Através dos cursos gratuitos, foram capacitados 80 profissionais. A atividade foi executada em dois momentos. A primeira parte no início de novembro e outra em dezembro.

Durante o seminário, foram abordados temas sobre o Pacto para a Produção Sustentável, Perspectivas do Sistema Sebrae na Cadeia da Construção, Linha de Crédito para Apoio ao Setor Cerâmico e Gesseiro, voltado para Melhoria Tecnológica e Recuperação da Biomassa Florestal, Linha de Crédito para Apoio ao Setor Cerâmico e Perspectivas do Estado de Sergipe para o Setor Cerâmico. A partir de abril do próximo ano o projeto oferecerá uma unidade demonstrativa com tecnologia 3D de cerâmica ecoeficiente que será utilizada na capacitação da disseminação de boas no ramo ceramista.

O diretor-presidente do Sergipetec, Marcos Wandir Nery Lobão, agradeceu a presença dos parceiros do projeto no seminário e ressaltou que a iniciativa nasceu de uma construção coletiva que agora atravessa um momento propício com resultados alcançados. “O projeto tem o nascedouro a partir do combate à desertificação, que é uma preocupação para Sergipe, não somente com a questão da lenha, mas também com a jazida de argila e com todos os recursos naturais”, enfatizou.

Marcos Wandir frisou que alguns pontos da cerâmica foram discutidos dentro do setor de energia e meio ambiente do SergipeTec, fazendo com que o Parque se aproximasse de uma política ambiental conduzida pela Semarh, uma política de desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia pela Sedetec através da Adema e a Codise, além do sindicato ceramista. “O SergipeTec teve a felicidade também de conviver com o Fundo Nacional do Meio Ambiente através do professor Francisco Campelo. Aproveitamos toda esta experiência, fizemos uma parceria e estamos trazendo para Sergipe o que há melhor hoje em termos de qualidade e produção mais limpa com avanços para o produto da cerâmica para que venha para o mercado com uma grande aceitação e como este projeto culmina com a criação de unidades demonstrativas, esperamos que estas unidades sejam difusoras de novas tecnologias e inovação para a cerâmica através de pacto de sustentabilidade”, destacou.

O gestor do Núcleo de Estudos e Projetos do SergipeTec, Francisco Pedro de Jesus Filho, frisou que o projeto já cumpriu etapas importantes com a preparação de 10 engenheiros florestais em Produção Mais Limpa (P+L) e capacitação para os empresários de cerâmicas em Sergipe através de um curso de 180 horas de assistência técnica direta para empresas que participam do projeto. Inicialmente foram atendidos 12 empresários.

Francisco Pedro ressaltou que o evento foi uma oportunidade para uma nova etapa do projeto com a proposta de pacto de sustentabilidade através do qual os ceramistas, governo, órgãos de fiscalização e instituições financeiras fazem uma grande parceria para que haja uma regularização ambiental da atividade do ponto de vista ambiental. “O projeto vem contribuir com a continuidade da atividade de cerâmica no estado que tem cunho social muito forte, considerando que é o setor que mais emprega mão de obra com pouca qualificação. Uma cerâmica fechada significa muitos pais de família com dificuldade de reinserção no mercado de trabalho por falta de qualificação. Temos o apoio de vários setores, o que é um facilitador. O que queremos é manter o compromisso de continuidade deste projeto para que as ações não sejam interrompidas”, disse.

O diretor de Recursos Minerais da Codise, Johelino Magalhães, representou o secretário da Sedetec, Saumíneo Nascimento, e parabenizou a iniciativa do SergipeTec. “Já fizemos outras capacitações, mas esta foi um grande diferencial pelo pragmatismo em atingir questões relacionadas com o cotidiano da produção. Ficamos satisfeitos com os resultados apresentados e desejamos estabelecer novas parcerias nesta direção”, comentou.

Genival Nunes, secretário estadual do Meio Ambiente, também participou do evento. “Quando a CEF apresentou a possibilidade da liberação de recurso e abertura de parcerias com outras instituições incluindo o SergipeTec encontramos uma oportunidade de alinhar as questões ambientais com crescimento industrial e desenvolvimento de fomento no estado de Sergipe. Quando isto é feito de forma sustentável, há um ganho social”, aponta o secretário.

Ele ressaltou que este modelo de desenvolvimento sustentável envolvendo as cerâmicas vermelhas é resultado de um passado relativamente recente em Sergipe, que vem diminuindo as queimadas e a devastação. “As cerâmicas vermelhas não queimam mata nativa e com licenciamento efetivo das suas jazidas passam a ter maior interação ambiental. A consequência disso é diminuição da devastação. Paralelo a isto, mais 60% das panificações no estado hoje funcionam com alternativa energética”, informou.

Para as instituições bancárias envolvidas no projeto, o evento foi uma oportunidade de apresentarem financiamentos que visam fortalecer iniciativas sustentáveis. “A Caixa como patrocinadora do evento vem com a proposta de constituição de um arranjo contínuo local com os ceramistas a partir de uma congregação em uma associação para que as empresas se organizem de forma associativa e tenham inclusive acesso a linhas de crédito direcionadas”, explicou o gerente regional da Superintendência regional da CEF em Sergipe, Evandro Luiz Versiani Ribeiro. Ele lembrou que as empresas que fazem parte dos Arranjos Produtivas Locais (APLs) têm acesso a créditos mais baratos, facilitando o desenvolvimento e garantindo emprego e renda.

Carlos Felipe Lemos Alves, agente de Desenvolvimento da Superintendência Estadual do BNB, também destacou a importância do projeto para acesso a recursos subsidiados de investimento na área da cerâmica. Ele ressaltou que o evento foi uma oportunidade para que os ceramistas conhecessem incentivos financeiros que apoiem a produção. “O BNB como cumpridor da sua principal função, que é desenvolver a região nordestina, apoia financeiramente empreendimentos produtivos que buscam melhorias tecnológicas aliadas à sustentabilidade a exemplo de empresas que buscam aumentar a sua eficiência energética no seu processo de produção, o que é contemplado pelo projeto realizado pelo SergipeTec”, salientou.

Para Helena Oliveto Greco, coordenadora Nacional dos Projetos da Construção Civil do Sebrae Nacional, a iniciativa do SergipeTec em incentivar boas práticas em cerâmicas representa uma chance de desenvolvimento para os produtores do setor. “Este projeto vem contribuir para o uso sustentável do setor cerâmico tanto no Nordeste como em todo o país na questão da eficiência energética e da Produção Mais Limpa, considerando que a região tem importante bioma da caatinga”, ressaltou.

Na avaliação de José Abílio Primo, do Sindicato dos Ceramistas de Sergipe, o projeto do SergipeTec é de grande importância organizacional para o setor cerâmico. “Já existe um conhecimento hoje sobre a maneira como temos que lidar com o meio ambiente, a exemplo da extração de argila e o uso sustentável da lenha, apresentando alternativas sustentáveis, questões que foram reforçadas através dos cursos com a proposta de promoção de um esforço coletivo”, frisou.

Dyan Shama, do Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, disse que a entrega dos certificados foi um momento de celebração de mais uma etapa cumprida. “As instituições cumpriram etapas importantes em um tempo realizável. Já o SergipeTec por sua vez se mantém na vanguarda para outros projetos na preservação da caatinga”, avaliou.