Uma explosão de ritmos embalou o grito do Movimento Negro sob a ponte Aracaju-Barra neste domingo, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, quando aconteceu o ‘Sergipe Negro’, evento promovido por meio de uma parceria entre o Fórum Sergipano das Religiões de Matriz Africana e a Coordenação de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Coppir) da Secretaria de Estado da Mulher, Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh).
Em celebração à imortalidade de Zumbi dos Palmares, maior símbolo da resistência contra a escravidão, o evento levantou as bandeiras de luta em prol da implantação da Lei 10.639/03, que dispõe sobre a obrigatoriedade da inclusão, no currículo oficial da Rede de Ensino, da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”; contra a intolerância religiosa; contra o genocídio da juventude negra; pelo combate à violência contra a mulher negra; e pela valorização da cultura negra.
Subiram ao palco as bandas Haussas, Lu Lion Reggae, Quilombo, Manifestação, Nação Hip Hop e Reação e, entre elas, microfone aberto para a comunidade e movimentos sociais em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. “A cada dez jovens mortos em Sergipe, nove são negros. Sergipe é o oitavo estado que mais mata a juventude negra. Por isso, hoje é dia e celebração, mas também é dia de reflexão. Se quisermos ter uma condição de igualdade, temos que reivindicar políticas públicas que combatam isso”, defendeu Flávio Nascimento, da União de Negros pela Igualdade (Unegro).
Segundo o coordenador da Coppir/Seidh, Eudes Carvalho, o Governo de Sergipe atua na promoção da igualdade racial, sobretudo na área social. “Trabalhamos incansavelmente, visitando periferias, dialogando com movimentos sociais, ouvindo anseios das comunidades e buscando meios de contribuir para a criação de uma sociedade que respeite efetivamente negros e toda a riqueza cultural advinda de um povo historicamente discriminado e excluído. Esse mal precisa ser reparado”, disse.
Para Irivan de Assis, coordenador do Sergipe Negro, a inclusão da disciplina “História e Cultura Afro-Brasileira” na grade curricular oficial da Educação Básica contribuirá para que o respeito seja ensinado desde cedo. “Nós, do Fórum Sergipano de Religiões de Matriz Africana somos a favor e lutamos pela implantação da Lei 10.639/03 como uma forma de combate à intolerância religiosa, e contra o fundamentalismo. As religiões de matriz africana estão sofrendo perseguições, seus instrumentos sagrados são apreendidos, seus terreiros são queimados, e não podemos deixar, porque essa luta é ancestral. Agradecemos à Fundação Palmares pelo apoio, e ao Governo do Estado, em nome da secretária Marta Leão e da Coppir”.