Passado o período crítico de risco epidemiológico da dengue, o Estado constata uma situação inversa à verificada em nível nacional. De 1º de janeiro a 3 de abril, o Ministério da Saúde registrou acréscimo de 79,85% nos casos de dengue no Brasil, em comparação ao mesmo período de 2009. Em Sergipe, até a primeira semana de maio, foram notificados 353 casos e apenas 20 se confirmaram. Além disso, não houve registro de casos graves (dengue hemorrágica e com complicações) ou mortes.
Comparando-se com os números de janeiro a maio do ano passado, o dado de 2010 representa uma redução de 85,80% nas notificações e de 92,93% nas confirmações. Vale ressaltar que a tendência no território sergipano é de queda anual, uma vez que, em 2008, ano da epidemia, foram notificados 34.386 casos e confirmados 24.432, quantidade bem acima da registrada no ano seguinte, quando houve 3.628 notificações e 595 confirmações.
Das 27 unidades da Federação, pelo menos 12 apresentaram este ano um crescimento no número de casos. Quando se trata de redução, o Nordeste concentra os melhores resultados. Ainda assim, em estados como Alagoas, que faz fronteira com Sergipe, houve um avanço significativo da dengue. Até abril, as notificações da doença no território alagoano tiveram um acréscimo de 428% em relação ao ano anterior.
Controle
Apesar do considerável percentual de redução em Sergipe, a coordenadora do Núcleo de Endemias da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Sidney Sá, afirma que é preciso estar sempre em alerta. “Dengue tem durante todo o ano. Nosso clima é favorável. Então, não podemos nos descuidar”. Desde 2008, ano em que foi registrado um surto da doença no Estado, a SES vem intensificando as ações de contingência.
No total, são 600 agentes de endemias distribuídos entre os 75 municípios, formando a Brigada Estadual de Combate à Dengue. Desse total, cerca de 100 fazem o trabalho itinerante no território sergipano, complementando as ações do município visitado, bem como desenvolvendo atividades educativas e fazendo o tratamento químico dos potencias criadouros das larvas do mosquito.
Os municípios com índice de infestação considerado de alto risco têm prioridade na agenda itinerante da brigada. Até o final de maio, 29 municípios deverão contar com a atuação da equipe. As próximas visitas acontecem em Monte Alegre (até esta quinta-feira, 20) e São Cristóvão (entre os dias 24 e 28). Para o combate ao mosquito na fase adulta, foram disponibilizados 26 carros fumacê.
A situação de alto risco, que se constata quando o mosquito transmissor circula em pelo menos 3% dos imóveis da região, é verificada em 11 municípios sergipanos: Santa Rosa de Lima, Divina Pastora, Tomar do Geru, Simão Dias, Tobias Barreto, Monte Alegre, Porto da Folha, Capela, Aquidabã, Muribeca e Laranjeira. Boa parte destes já recebeu a visita da brigada itinerante.
Assistência
O atendimento aos pacientes com dengue ganhou um novo suporte, além das unidades básicas de saúde e dos hospitais. Trata-se do Centro de Retaguarda para Epidemias, implantado no início deste mês. A unidade tem como objetivo tratar e diagnosticar doenças epidêmicas, como a dengue e a gripe pandêmica causada pelo vírus Influenza A (H1N1). Com esse centro, o sistema público de saúde passou a contar com leitos específicos e cerca de 85 profissionais, para a assistência adequada aos pacientes numa situação de epidemia.
São, ao todo, 36 leitos, entre adultos e pediátricos, além das salas hidratação, nebulização (aerossol), observação e estabilização. A capacidade de atendimento é de 100 pacientes por dia, que na própria unidade também podem realizar exames sorológicos, de ultrassonografia e raio-X. Somado aos reforços no atendimento aos pacientes, o Estado está promovendo uma atualização dos profissionais de saúde que lidam com casos de dengue, além do apoio aos municípios com a distribuição de soro de reidratação oral e suporte técnico na organização dos serviços nas unidades de saúde.
Mobilização
A informação é uma importante ferramenta para a conscientização da população. Por isso, a SES também tem apostado nessa ferramenta. Quem vai, por exemplo, aos shoppings e restaurantes da capital, pode encontrar material informativo sobre a dengue nos protetores de bandejas. Nas linhas de transporte público, o busdoor também se tornou uma alternativa para despertar a atenção da população. E, nas ruas, as pessoas têm acesso às cartilhas informativas. Cerca de 200 mil unidades estão sendo distribuídas com orientações preventivas contra a doença.
Já nos consultórios públicos e privados, são disponibilizados adesivos que trazem orientações de conduta e diagnóstico da dengue. O material está voltado para os profissionais de saúde, em especial, médicos. Nas casas por onde o agente de endemias passa, o morador ganha uma espécie de selo de imunização. Nos veículos de comunicação, como rádio e Televisão, o Estado complementa as ações com propagandas educativas.