O jornal inglês Financial Times, do dia 7 de julho, trouxe um suplemento com seis páginas dedicadas a Sergipe 15-20. A série especial intitulada ‘Brasil Confidential’, realizada pela jornalista Amy Stillman – que veio a Sergipe de forma espontânea e recebeu o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia, abordou assuntos voltados a economia, tais como indústria, setor imobiliário, infraestrutura, e citou nomes de empresas instaladas no estado, como GBarbosa, Maratá, Usina São José do Pinheiro, Leite de Rosas, Dakota, entre outras.
A matéria, que usa recursos de gráficos, infográficos e fotografias, inicia mostrando que mesmo Sergipe sendo o menor estado do Brasil, reflete duas das maiores questões do país: o rápido crescimento de regiões pobres e o impacto de grandes investimentos em commodities. A economia do estado cresceu 10% no último ano, enquanto o número de novos empregos mais que dobrou para 23.800. A Petrobras fez novas descobertas de petróleo e gás no estado, e a Vale planeja ampliar sua presença com uma nova mina de potássio.
“Sergipe está começando a chamar a atenção de multinacionais. Sua segunda maior empresa, a produtora de café e suco de frutas Maratá, estaria em diálogo com a Sara Lee sobre uma possível aquisição, embora nenhuma das partes confirme a negociação. Se aprovada, a compra seria a maior do estado – ultrapassando a aquisição feita em 2007 da rede de supermercados GBarbosa, a maior empresa de Sergipe, pelo grupo chileno Cencosud”, diz a matéria.
Segundo a publicação, a Maratá também estaria sendo procurada por três outras companhias, incluindo a rival da Sara Lee, a Bunge – indústria alimentícia de Nova Iorque. “É comum que grandes empresas nos procurem para formar parcerias porque nós temos uma grande distribuição no Norte e Nordeste e eles estão buscando expandir presença aqui,” diz Frank Vieira, executivo chefe da Maratá.
Uma negociação com a Sara Lee estima-se que totalize algo em torno de R$ 1 bilhão, daria controle à empresa americana de uma das sete fábricas do grupo na cidade de Itaporanga D’Ajuda. Ano passado, o café representou aproximadamente 40% da receita da Maratá, algo em torno de R$ 600 milhões. De acordo com Vieira, a empresa está crescendo em média 20% por ano, impulsionada por novos produtos, como adoçante e suco de frutas.
“Para manter uma taxa de crescimento elevada, temos que investir constantemente em novos equipamentos, aumentar nossas fábricas e expandir a produção,” diz Vieira. Investindo em frota de transporte próprio, a Maratá desenvolveu uma forte rede de distribuição regional, de pequenos varejistas familiares a grandes redes de supermercado, como Pão de Açúcar e GBarbosa.
Na página 16, o assunto inicial continua sendo a Maratá. “A empresa também está focada na expansão, e está construindo uma nova fábrica e incrementando sua gama de produtos. Investiu R$ 180 milhões ano passado, dos quais R$100 milhões em recursos próprios e R$ 80 milhões vieram de empréstimos bancários, como BNB. De acordo com Vieira, a empresa – que não está listada na bolsa de valores – vai fazer um investimento da ordem de R$ 30 ou 40 milhões no segundo semestre de 2011. Porém, eles descartam o investimento de Private Equity”.
“Não gostamos da filosofia das firmas de Private Equity. Elas compram parte da sua empresa e você acaba trabalhando para elas, depois elas vendem as ações”, Vieira contou à Brazil Confidential. “Gostamos de parceiros que acreditamos agregar valor à nossa operação criando sinergia com a marca, e oferecer um investimento a mais longo prazo”.
Do açúcar à energia
Brazil Confidential descobriu que poucos dos empresários atuantes na área industrial de Sergipe atentaram para a ideia do capital em private equity e muitos são céticos quanto a grupos externos com pouca experiência no setor.
Uma exceção é a Usina São José do Pinheiro (USJP) – empresa familiar de açúcar, etanol e energia renovável. Seu atual diretor de negócios, Fernando Prado Franco, trabalhou anteriormente para a firma de private equity Pátria Investimentos, de São Paulo.
Ano passado, o grupo Energias Renováveis (ERSA) procurou a USJP para uma parceria num investimento em energia renovável a partir da cana de açúcar. A oferta foi recusada porque a USJP já tinha recebido R$ 35 milhões do BNB e do Banese. Ainda assim, Franco diz que a empresa está aberta a acordos similares no futuro.
O açúcar perfaz cerca de 75% da receita da USJP, com etanol fazendo 20% e a energia renovável representando apenas 5%. Entretanto, a empresa busca aumentar seu potencial energético de 3-5MWh para 11MWh em 2012, o que elevaria a participação da energia para 10-15% do total da sua receita.
“Energia é um bom investimento para o nosso fluxo de caixa livre porque é muito difícil prever os preços do açúcar,” avalia Franco. As margens da empresa sofreram em 2008 e 2009 devido a uma queda no preço internacional do açúcar antes de subir novamente no ano passado. A receita da USJP era de R$ 150 milhões em 2010, 36% acima dos R$ 110 milhões do ano anterior. Essa receita será reinvestida na empresa ao passo em que a USJP busca expandir seu setor de energias renováveis. A empresa busca R$ 15 milhões para esse propósito.
A USJP espera crescer bastante com o aumento do consumo de energia no Nordeste, ao passo em que o açúcar não cresceu tanto com o aumento da renda per capita. “Se a pessoa está ganhando mais, ela não vai comprar mais açúcar do que o habitual no supermercado,” aponta Franco. Assim, a USJP espera aumentar as vendas de açúcar tirando vantagem da sua localização. Sua proximidade relativa da Europa, Ásia e África tem ajudado as exportações, que são aproximadamente 20% de sua venda. Ao mesmo tempo, nos estados do Nordeste, como Bahia e Sergipe, a empresa tem visto pouca concorrência de grandes empresas do Sudeste – graças ao alto custo do frete. “Não podemos competir com empresas do Sudeste porque elas tem grandes vantagens no solo, mas os custos do frete e a distância protegem nosso mercado”, explica diretor de negócios, Franco. Com capacidade de um milhão de toneladas, a USJP é a maior indústria açucareira de Sergipe e um player de médio porte na região.
Crescimento industrial
Na página 17, a jornalista fala do crescimento industrial. A USJP também tem a vantagem de um programa de incentivos fiscais altamente competitivo, que oferece até 92% de desconto no ICMS do valor agregado por 10 anos para empresas que se estabelecerem no Estado, com a possibilidade de uma extensão de mais cinco anos. O Governo do Estado também vende terras a algumas empresas por preços abaixo do valor de mercado.
Tais incentivos fiscais tem atraído um grande número de indústrias de bens de consumo recentemente, tais como a indústria de produtos de beleza Leite de Rosas e a Dakota, fabricante de calçados do Rio Grande do Sul. O setor agrícola de Sergipe também cresce, e a indústria imobiliária e de cimento crescem de forma robusta.
A produção de cimento cresceu 14% no ano passado, de 2,7 milhões de toneladas em 2009 para 3,1 milhões em 2010. Muito se deve à alta da demanda nacional por cimento, enquanto o campo da construção civil cresce no país, e ainda mais no Nordeste. O consumo de cimento em Sergipe cresceu 18% em 2010 e subiu 22% em fevereiro de 2011 comparado ao mesmo período do ano passado, de 36 mil toneladas para 44 mil.
De fato, Sergipe, que é o maior produtor de cimento do Nordeste, não registrou exportações em 2010, porquanto indústrias de cimento como a Cimesa, unidade da Votorantim em Sergipe, focaram no mercado do Nordeste. Isto representa uma grande mudança de anos anteriores, em que as exportações de cimento perdiam apenas para as de laranja. Em 2009, Sergipe exportou mais de U$10 milhões em clínquer de cimento (matéria-prima para a fabricação de cimento), representando 17% das exportações daquele ano.
A produção têxtil – um grande representante em Sergipe – viu crescimento significativo no ano passado, mas agora está passando por turbulências com a valorização do Real e a alta dos preços do algodão. De acordo com Marcos Leite Franco Sobrinho, diretor de um dos maiores fabricantes têxteis do estado, a Sergipe Industrial (SISA), o preços locais do algodão atingiram o pico de R$ 7 por quilo, em março deste ano antes de caírem para R$ 4,70 em junho. Isso ainda é aproximadamente o dobro do preço do algodão no fim do ano passado, quando foi de R$ 2,67 por quilo. Como resultado, Franco prevê apenas 6% de crescimento na receita em 2011. Pouco, se comparado com o crescimento de 23% na receita da empresa em 2010, quando o faturamento da SISA era de R$ 160 milhões, aumentando seus R$ 130 milhões em 2009. A empresa também está enfrentando a concorrência crescente da China.
A SISA produz roupas de cama e banho e foca no mercado do Sudeste. Mas recentemente, busca expandir seus negócios para o Nordeste, devido à alta do consumo na região. A empresa decidiu vender uma das suas três fabricas em Sergipe, no município de Riachuelo numa jogada para reduzir custos e aumentar produção em suas outras fábricas. A empresa investiu R$ 10 milhões ano passado na expansão de suas duas fábricas remanescentes e na compra de novos equipamentos. Metade do investimento veio de recursos próprios e a outra metade, do BNB.
A venda de uma das fábricas da SISA também é levada pela alta dos preços de terras em Sergipe, que alcançou R$10/m2 na área metropolitana do estado. “A área onde a fábrica está localizada cresceu muito em valor, então o momento é bom para vendê-la e investir em outras áreas de negócios,” aponta Franco.
Mercado imobiliário
O mercado imobiliário de Sergipe está sendo sustentado pela alta da renda doméstica per capita, o que tem atraído a empresa Max Renda, companhia baiana de desenvolvimento de terras, que está construindo o maior complexo residencial urbano do estado.
“Decidimos construir em Sergipe porque estamos focados na economia crescente do Nordeste, e Sergipe tem uma das mais altas taxas de renda per capita da região”, comenta o co-fundador da Max Renda, Jerônimo Gramacho. O condomínio – que fica no município da Barra dos Coqueiros, próximo à capital Aracaju – vai abrigar cerca de 50 mil pessoas e inclui área de lazer, clube social, entre outros.
A Max Renda está buscando levantar R$ 120 milhões para o projeto, e está em negociação com um banco canadense para um empréstimo de 30 milhões de dólares canadenses, dois bancos brasileiros para empréstimos de R$ 5 a 10 milhões com cada um deles, um fundo de private equity americano para mais U$ 30 milhões e dois fundos brasileiros de private equity para um valor ainda indefinido. Gramacho põe uma receita mínima de venda dos lotes em R$ 120 milhões.
O complexo está sendo construído sob a marca do desenvolvimento urbano sustentável da Max Renda, Reserva Adesol, e foca na classe média emergente de Sergipe, tentando captar também a classe média alta. Também está estrategicamente localizado para focar em trabalhadores do petróleo e gás, já que está a apenas 3 km do porto de Sergipe na Barra dos Coqueiros – que é usado pela empresa nacional de petróleo, Petrobrás, para exploração de petróleo e atividades de produção.
Isto vai criar a necessidade por engenheiros na região. Carlos Augusto Franco, fundador da São Francisco Investimentos, uma firma de investimentos focada no nordeste, estima que os investimentos da Petrobras irão atrair pelo menos 600 engenheiros para a região. Somente este ano, a Petrobrás irá investir R$ 1 bilhão no desenvolvimento de seus campos petrolíferos.
Investindo em infraestrutura
Hoje, Sergipe é o quinto maior produtor de petróleo do Brasil, com petróleo e gás representando 8,8% do PIB do estado. A produção geral chegou a 17,8 milhões de barris em 2008, caindo para 15,6 milhões em 2010. Mas uma nova descoberta feita pela Petrobras no início deste mês na costa de Sergipe promete impulsionar a produção. Ao mesmo tempo, a produção de gás cresceu quase 30% durante o período.
O Governo do Estado se engajou numa série de iniciativas para desenvolver o setor de suprimentos de petróleo e gás, como um investimento de R$ 8 milhões em escola de treinamento para técnicos em petróleo e gás, de acordo com o secretário de planejamento, orçamento e gerenciamento, José de Oliveira Júnior. Ano passado, o Estado também aprovou um programa de pesquisa e desenvolvimento, conhecido como Inova-SE, para oferecer benefícios para novos empreendedores através da, Fundação de Amparo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec).
Mas apesar desses esforços, uma boa parte do mercado ainda precisa ser desenvolvida. “O desenvolvimento da cadeia de suprimentos tem sido mínimo. Se você precisa de algo, tem que trazer de São Paulo,” explica o secretário de Desenvolvimento de Sergipe, Zeca Silva.
Uma das poucas empresas locais no setor de petróleo e gás é a aracajuana Empresa de Engenharia de Petróleo (Engepet), que desenvolve tecnologia de equipamentos para operações de plataformas de petróleo. A empresa foi formada em 2000 por um grupo de ex-engenheiros da Petrobras e tem oferecido equipamento e serviços para a exploração e produção de petróleo na bacia de Sergipe, na Bahia, Amazonas e nas operações da Petrobras na Colômbia. No primeiro semestre de 2011, a Engepet recebeu contratos totalizando mais de R$ 6,6 milhões, com clientes incluindo as empresas de petróleo OGX, Galp Energia, Starfish Oil & Gas e Petrobrás. Hoje, a Engepet procura se expandir e está buscando capital da Fapitec para tal.
O Governo do Estado também esta usando as royalties da produção de petróleo – algo em torno de R$ 106 milhões em 2010 – para trabalhos em infraestrutura, tais como recapeamento das estradas da BR101. Um outro projeto é a renovação de duas pontes nos rios Vaza-Barris e Piauí. Com o último, espera reduzir a distância entre Aracaju e Salvador em 70 km.
O aeroporto de Aracaju também está sendo expandido com um investimento da ordem de R$ 240 milhões. Espera-se que o projeto de engenharia esteja pronto em setembro e que o trabalho seja iniciado até 2012. Acredita-se que o projeto estará pronto a tempo para a Copa do Mundo de 2014 – já que o Governo espera desenvolver o turismo a Sergipe durante a competição. Ano passado, 940 mil passageiros usaram o aeroporto de Aracaju. Nos primeiros cinco meses de 2011, foram 428 mil – um aumento de 17%, se comparado ano a ano.
Infraestrutura
Na última página, 20, a jornalista Amy Stillman cita que Sergipe tem melhorado a distribuição de água e o saneamento básico. Em torno de 87,1% das residências do estado tinham acesso à água em 2009, a segunda melhor cobertura do Nordeste, perdendo apenas para o Rio Grande do Norte. Ano passado, o setor privado do Banco Mundial, a International Financial Corporation (IFC), emprestou R$ 20 milhões para a companhia de água do estado, a Deso, e outros U$ 117,1 milhões estão sendo emprestados pelo Banco Mundial para um projeto de gerenciamento de água nos municípios da bacia do rio Sergipe.
Entretanto, trabalhos em infraestrutura tais como o tão necessário projeto de reforma e expansão do Porto de Sergipe tem avançado pouco. “Quando o clima está ruim, os navios não conseguem entrar no porto,” aponta Franco, da USJP. “Tem sido mais barato para nós exportar por Salvador do que por Sergipe, mesmo com o alto custo do frete”.
Parte do problema está no fato de que há pouco estímulo para melhorias no porto uma vez que as exportações representam uma pequena parcela do PIB do Estado e ainda estão diminuindo, graças em parte à redução das exportações de cimento. Ano passado, as exportações representavam apenas 0,39% do PIB, num valor de U$ 76,6 milhões. Isto representa uma queda de mais de 30% desde 2008, quando as exportações chegavam a U$ 112 milhões e representavam 0,57% do PIB do estado. As maiores exportações de Sergipe em 2010 foram suco de laranja, U$ 34 milhões e calçados, U$ 15 milhões.
Em 2007, o porto foi declarado como uma zona de processamento de exportações, e hoje é mais usado pela Petrobrás e a companhia mineradora Vale, que produz potássio na sua mina Taquari-Vassouras, no município de Rosário do Catete. A Vale também está investindo no Projeto Carnalita, de fertilizantes, que vai explorar pedras de Carnalita (das quais o potássio é extraído) próximo ao campo Taquari-Vassouras. Espera-se que o projeto se torne a maior planta de exploração de potássio do Brasil, com uma produção inicial de 1,2 mi de toneladas métricas por ano de cloreto de potássio – que é usado na mistura de fertilizantes. Espera-se começar a produção até 2014.
Os investimentos da Vale e da Petrobrás também estão atraindo novos players. “Uma das principais razões para explorar Sergipe é que já existem minas de potássio, um protocolo ambiental, e a estrutura está lá,” diz Stephen Keith, o executivo chefe da mineradora canadense Rio Verde Minerals, que ano passado começou um projeto de mineração de potássio no estado.
A Rio Verde comprou ativos de potássio da mineradora Talon Metals, com sede em Toronto, por 26,6 milhões de ações da empresa – equivalentes a 44% do capital. O acordo deu à Rio Verde mais de 100 mil hectares de terra em Sergipe e, em fevereiro, a Rio Verde começou a extração na bacia do Rio Sergipe, sudeste da mina Taquari-Vassouras, da Vale.
Para financiar o projeto, a Rio Verde levantou 10 milhões de dólares canadenses através de duas transações privadas em dezembro de 2010 e janeiro de 2011. Deste total, 3 milhões vieram de dois fundos brasileiros. A Rio Verde também buscou 11 milhões de dólares canadenses mês passado através de uma transação no mercado de ações de Toronto. A transação garantirá os primeiros 18 meses do projeto, mas o investimento final é estimado na casa dos bilhões de dólares. Isto significa que a empresa já está em busca de parceiros locais, diz Keith.
Mercado de leite
.
O Sergipano Ricardo Barreto Franco não é um principiante no ramo de alimentação. Seu pai possuía uma empresa de envase de produtos da Coca-Cola em Pernambuco em 1994 – e Franco encabeçou sua venda para a Coca-Cola, em 2001.
Cinco anos depois, a família de Franco lançou a Indústria de Bebidas Igarassu (IBI), que se tornou conhecida pela popular marca de cerveja Nobel. Mas ela também foi vendida em maio de 2007 – apenas um ano após sua inauguração – para a Cervejaria Schincariol. “Foi uma oportunidade e nós a rentabilizamos”, comenta Franco. “Depois disso, começamos a procurar por um novo mercado”.
Franco fundou uma empresa de laticínios, a Sabe Alimentos. Até agora, R$ 80 milhões foram investidos na empresa, a maioria dos fundos provenientes da venda da Nobel à Schincariol e algo em torno de R$30 milhões, do BNB. A fábrica da Sabe – que se localiza no município de Muribeca – está prevendo começar sua produção em quatro meses, e vai focar no suprimento de leite longa-vida e outros produtos derivados do leite em Sergipe e no restante do Nordeste. “O consumo de leite longa-vida no Nordeste é muito baixo se comparado com o resto do Brasil, então nós pensamos que aí está a oportunidade”, diz Franco.
A produção de leite está crescendo em Sergipe – com 289 milhões de litros de leite produzidos em 2009, crescimento de 18% sobre os 243 milhões do ano anterior. Entretanto, o pequeno estado perfaz apenas 8% da produção da região Nordeste. Além disso, o mercado de laticínios na região ainda é subdesenvolvido, com empresas como a Bom Gosto e a unidade brasileira da Nestlé – ambas sediadas em São Paulo – perfazendo a maior parte da venda de leite no nordeste.
“Não se vê nenhuma empresa de laticínios de primeiro nível no Nordeste – estamos muito atrás em tecnologia comparados ao sudeste e ao sul, e a cadeia de suprimentos é completamente desestruturada”, diz Franco. Isso tem impulsionado a Sabe a concentrar seus esforços em atacar a área de produção de leite. A empresa tem uma frota de caminhões de leite e está buscando contratos para produzir mais em fazendas de pequeno e médio porte.
Sabe Alimentos também assinou em torno de 100 contratos com fazendeiros de Sergipe garantindo uma cota de 350 ou 700 litros de leite por dia, dependendo do tamanho da fazenda, e mais 100 contratos estão sendo negociados. A empresa também está suprindo os fazendeiros com tanques refrigerados para armazenamento do leite. “Pretendemos organizar toda a cadeia de suprimento de leite da fazenda ao consumidor,” diz Franco. “Qualidade é nosso principal objetivo, mas também nosso maior desafio”.