Na última segunda-feira (29), teve início o curso de Mediação de Conflitos voltado para o ambiente escolar. Promovido pela Secretaria de Estado de Promoção da Paz (Sepaz) em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Alagoas (OAB/AL), o curso é um projeto conjunto das três instituições para estimular a resolução pacífica de conflitos e o desenvolvimento da cidadania. As aulas acontecem pela manhã e tarde, no Centro de Formação Ib Gatto Falcão (Cenfor), no Centro Educacional de Pesquisas Aplicadas (Cepa), até quarta-feira (31).
O público-alvo são professores, coordenadores, diretores e funcionários das escolas, como também servidores das Coordenadorias Regionais de Educação (CRE). Sete escolas estão participando do curso: cinco localizadas em bairros onde atuam as bases comunitárias da Polícia Militar; a Escola Estadual Moreira e Silva, no Cepa; e a Escola Geraldo Melo, no bairro Graciliano Ramos.
“Esse primeiro momento é uma sensibilização mais aprofundada, a continuação do trabalho iniciado no Seminário de Mediação de Conflitos ,em agosto. É uma luz no fim do túnel para quem vive os conflitos escolares e precisa de uma solução pacífica para esses conflitos”, explica a professora de Direito da Ufal, Lavínia Vasconcelos, uma das instrutoras do curso.
Lavínia explica que o objetivo é proporcionar uma formação continuada a esses professores, de acordo com o projeto inicial da Sepaz, Ufal e OAB. Profissionais das três instituições e especialistas convidados atuarão como instrutores do curso, como é o caso da advogada paulista Amabile Strano, membro do Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem (Conima).
“A mediação é um instrumento indispensável para contribuir com a paz social. E a escola é um ambiente muito fértil, porque nós temos crianças e jovens que, se já forem formadas com essa noção de diálogo, conversa, respeito e responsabilidade entre eles mesmos e com os professores e coordenadores, podem levar toda essa técnica para o ambiente familiar e suas comunidades, sendo transformados em uma fonte muito rica de promoção de paz social”, defende Amabile.
Para os professores que participam do curso, é hora de aproveitar a oportunidade. O diretor geral da Escola Estadual Moreira e Silva, Roohelmann Pontes, esteve no Seminário Alagoano de Mediação de Conflitos em agosto e manteve contato com a equipe, esperando o momento do curso para as escolas.
“Esse trabalho dentro de uma escola vai facilitar a vida dos gestores, do coordenador pedagógico, do diretor da escola, até mesmo do próprio professor dentro da sala de aula. A mediação vai nos permitir resolver de uma maneira pacífica e mais rápida os problemas dentro da escola. É uma coisa a mais na nossa rotina de trabalho que vai justamente diminuir os problemas lá na frente”, disse o diretor.
O que mudou em outras escolas
Amabile Strano explicou aos presentes que a experiência da mediação de conflitos já vem sendo empregada de forma bem sucedida em outras regiões do Brasil e até mesmo em países vizinhos, como a Argentina, onde as crianças aprendem a mediar conflitos desde cedo, na própria escola.
“De fato, como mexe com o comportamento, é uma mudança que não vem do dia para a noite. Mas, a longo prazo vai se sentindo a pacificação nas salas de aula no sentido de os alunos respeitam mais os professores e os colegas, pois eles já entendem o contexto de vida das pessoas naquela sala”.
Ela explica que a dinâmica do relacionamento é alterada, focando no diálogo ao invés da imposição e da punição. “São feitos acordos na sala. Os alunos estão conversando e o professor quer passar o conteúdo, então ele propõe um acordo para que todos lidem com aquela situação de uma forma que seja interessante. Assim o professor não precisa brigar com os alunos nem se desgastar e, ao mesmo tempo, está enriquecendo os próprios alunos como cidadãos”.
