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Maceió

Semel apoia projeto de inclusão social por meio do esporte

O projeto Trampolim ganha mais um adepto no incansável trabalho que visa à inclusão social por meio da prática esportiva. Isso porque a premiada iniciativa, cujas atividades já foram reconhecidas pela Petrobras, passou a ter, esta semana, mais um espaço para seus ensaios e apresentações, com a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Maceió (Semel) disponibilizando o Ginásio Arivaldo Maia, no bairro do Jacintinho, àqueles jovens que enxergam no projeto a oportunidade de se verem livre do mundo das drogas, combatendo a ociosidade, elevando a autoestima e melhorando, inclusive, o desempenho escolar.

O idealizador do projeto, Gilvan Ciríaco, destaca a importância da contribuição da Semel para com o crescimento das ações do programa, que estimulam aspectos como responsabilidade e disciplina. E a prova de que o trabalho é reconhecido nacionalmente surgiu em 2006, quando o projeto Trampolim foi tema de palestra no 1º Congresso Internacional de Pedagogia Social da Universidade de São Paulo (USP).

“Nós incentivamos o protagonismo juvenil, já que muitos adolescentes acabam tolhidos em casa, e por diversos motivos, do econômico ao social, sem a condição de despertar para aquilo que melhor saiba fazer. A simples troca de informações que aqui praticamos é muito importante para o crescimento de cada um deles, de modo que possamos formar cidadãos”, explica Gilvan, acrescentando que, ao se aliar esporte e cultura, chega-se a uma excelente ferramenta pedagógica.

Na semana passada, Gilvan esteve reunido com o secretário municipal de Esporte e Lazer, Gustavo Toledo, de quem recebeu a garantia de que terá o apoio solicitado. O secretário externou seu entusiasmo para com o projeto, afirmando que Gilvan consegue enxergar potencial em cada jovem contemplado. “Iniciativas como esta são sempre muito importantes. Com elas, conseguimos retirar nossos jovens da marginalidade, preenchendo um espaço ocioso. Outro fator fundamental é a obrigatoriedade da frequência escolar, já que todos precisam estar estudando para participarem das atividades”, ressalta o secretário.

Futuro Promissor

Um dos jovens ginastas resgatados da rua pelo professor Gilvan – como é chamado pelos meninos e meninas do Trampolim – é Anderson dos Santos, de 22 anos. Ele ainda conclui o ensino médio, mas trabalha no final de semana já sonhando em cursar a faculdade de Psicologia. “Eu vendo bebida na orla marítima e guardo todo o dinheiro. Se eu não conseguir ser psicólogo, prestarei vestibular para Educação Física”, comenta Anderson.

Quem também afirma ajudar a mãe desde pequeno é Júlio César da Silva, que reside no Jardim Petrópolis e trabalha como entregador de água para um mercadinho no bairro Santa Lúcia, em Maceió. “Sou eu e mais três irmãos. Não dá para ficar parado”, brinca o jovem ginasta, já apontado por Gilvan como um talento do grupo, com o qual Júlio afirma esquecer os problemas da vida cotidiana. “Lembro-me bem quando o Gilvan me viu fazer acrobacias na Praia da Avenida. Ele me convidou e não pensei duas vezes”, recorda Júlio César, revelando também já se apresentar fora do Estado, como em Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco, onde esteve participando de encontro de Hip Hop.

Para Gilvan Ciríaco, Júlio tem muita força física e flexibilidade, aspectos que o condicionam a fazer movimentos mais complexos. “Mas ter elasticidade ou coisa parecida é o que menos importa”, insiste o ginasta, citando outro exemplo de jovem descoberto ‘por acaso’: o estudante Marley William, de apenas 18 anos.

“Encontrei-o jogando basquete numa escola estadual. Seu time havia perdido o jogo e o Marley, para não ‘esfriar’, esticava-se no canto da quadra, ao som de música dançante. Aquilo bastou para que eu me aproximasse”, relembra o professor, também bicampeão brasileiro de ginástica olímpica e trampolim acrobático.

O pupilo, por sua vez, diz já sonhar – graças ao projeto – em ser mestre de capoeira. “Gosto de tudo, do futebol ao voleibol. E poder ensinar aquilo que estou aprendendo vai ser ainda melhor”.