Uma pipa, uma garrafa PET, uma câmera digital e o registro da realidade. Daqui pra frente, esse será o trabalhado de alunos de 10 escolas municipais que abraçaram a iniciativa de um projeto piloto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para mapear, por meio de um aplicativo, as áreas de risco da comunidade em que vivem. A ideia é conhecer e melhorar o ambiente, identificando as necessidades, transformando-as em dados com propostas e melhorias a serem implementadas.
Com essa perspectiva participaram de uma oficina de capacitação, alunos do 7 º ano, diretores e coordenadores de escola municipais que foram escolhidos pela Unicef por se encontrarem em situação de grande venerabilidade social e por apresentarem menos projetos na área social. De acordo com a responsável pela ação na Semed, Givanna Chaves, as escolas foram escolhidas entre as cinco regiões administrativas apontadas pelo Unicef, obedecendo alguns critérios.
Ela explica ainda que a capacitação vai permitir que esses adolescentes possam, dentro de suas comunidades, mapear as aéreas com mais problemas como, por exemplo, o acúmulo de lixo, esgoto e ausência de áreas de lazer. “Eles mesmo vão entrar na comunidade deles, no ambiente em que eles moram e vão fazer esse mapeamento”, salienta Givanna, reforçando que o projeto trará importantes benefícios para os estudantes. “É importante morar em um lugar bom. Quando a gente olha para esse lugar e tenta melhorar, a gente mora mais feliz”, justifica ela.
Ives Rocha, coordenador técnico do projeto Mapeamento Digital, liderado por adolescentes e Jovens, explica que o trabalho faz parte da Plataforma dos Centros Urbanos que, junto à Semed, pretende atuar em escolas municipais de Maceió. Na prática, o coordenador, que ministrou uma capacitação de 20 horas, em dois dias, para alunos, diretores e coordenadores, explica que a ideia é que eles possam realizar a iniciativa em suas próprias unidades escolares.
“Cada adolescente vai formar um grupo de outros alunos podendo ser da mesma turma ou de turmas diferentes pra ver o que eles querem conhecer do território ao redor de sua própria escola, gerando um roteiro de mapeamento e usando técnicas como o celular e a pipa para colocar em prática a ação”, afirmou Rocha.
A partir daí, segundo ele, os adolescentes vão poder mapear qualquer assunto, além de temas socioambientais, como área de esportes, o trânsito e acessibilidade dentro e fora da escola.Rocha ressalta que fica sob ressonabilidade da Secretaria Municipal de Educação o apoio necessário para executar essas ações. Ao término do estudo, as escolas deverão apresentar um relatório com propostas pontuais de cada região.
“Queremos que o mapeamento seja uma ferramenta crítica da escola para potencializar o aprendizado e não só um projeto isolado. O maior beneficio será o fortalecimento de uma visão crítica, pois os adolescentes terão ferramentas para pode propor um plano de mudança que será apresentado a Semed, à diretoria e à Prefeitura”, frisou Rocha.
A aluna da Escola Padre Pinho, Viviane Gracelina, que participou do curso, explicou que passou a ter outra visão das condições de seu bairro.”Esse projeto vai permitir que a gente possa fazer o registro fotográfico e identificar os problemas do nosso bairro e dessa forma ajudar com alguma proposta. Para isso precisamos aprender usar a cápsula para registrarmos os locais que apresentam riscos à comunidade e assim denunciar essas áreas”, destacou. Ela garantiu que todo o conhecimento adquirido no curso será repassado na escola. “Eu não vou tentar reproduzir, eu vou conseguir”, finalizou.
O diretor da Escola Pio X, Ricardo Oliveira, avaliou que o curso vai ampliar ainda mais o conhecimento dos alunos. “Os estudantes vão registrar os ambientes de sua comunidade que apresentarem situações de riscos. Por meio da fotografia eles deverão conhecer melhor o bairro, bem como as carências da região, isso vai ser fundamental”, ressaltou.