“Não adianta apenas que o profissional de segurança tenha boa vontade para fazer um atendimento cidadão aos integrantes dos grupos vulneráveis da sociedade, mas é necessário que disponha de capacitação para isso”. A afirmação foi feita pela delegada Larissa Santiago, durante palestra proferida nesta segunda-feira (06), no auditório da Academia de Polícia Civil (Apocal), no antigo Campus Tamandaré, no bairro do Pontal da Barra.
Com o tema “Segurança Sem Homofobia”, a palestra teve a participação de policiais civis, profissionais de segurança de outras instituições e estudantes de faculdades de Maceió.
Na abertura, a diretora da academia, Simone Marques, lembrou que a discussão sobre a homofobia tem sido ponto relevante nas diversas conferências realizadas por profissionais de segurança e da própria sociedade civil. “Esse é um tema novo que precisa ser levantado também na Polícia Civil alagoana”, acrescentou a diretora.
A delegada Larissa Santiano, que é também corregedora de polícia e tutora de cursos de ensino à distância da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), fez uma ampla explanação sobre o papel do profissional de segurança em relação à homofobia.
Segundo ela, atualmente, alguns grupos em condições de vulnerabilidade vêm recebendo especial atenção e lutando para ter os seus direitos garantidos, em virtude dos preconceitos e discriminações sofridas, em virtude da raça, idade, sexo e opção sexual.
“Em relação a este último grupo, a própria legislação vigente no país lhe nega alguns direitos. É o caso, por exemplo, da proibição de casamento entre pessoas do mesmo sexo”, afirmou. Mas, para a delegada, direitos já garantidos, na prática não são respeitados.
“O grupo LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) ainda sofrem muito com o preconceito, inclusive nas delegacias de polícia, e esse quadro precisa ser revertido, o que somente poderá acontecer quando o policial tiver pleno conhecimento dos anseios e das necessidades das pessoas que compõem esses grupos”, salientou.
Larissa Santiago defendeu a criação de uma delegacia especializada para atendimento a esses grupos, projeto já encampado e encaminhado pelo delegado-geral da PC, Marcílio Barenco, à Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República.
A delegada lembrou que, recentemente, a Diretoria de Estatística e Informática (Deinfo), da Polícia Civil, divulgou uma pesquisa sobre os crimes de homofobia em Alagoas. Entre os anos de 1993 e 2009, teria havido o registro de 81 casos de crimes relacionados à homofobia. “Esse número pode ser ainda maior, tendo em vista falhas em alguns procedimentos onde a questão da opção sexual acaba não aparecendo nos formulários”, disse.
Com a criação da delegacia, afirma a delegada, não apenas os homossexuais, mas os demais grupos vulneráveis poderiam obter uma melhoria no atendimento e ver seus direitos respeitados como cidadãos.