O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Al-Arabi, pediu ontem (2) “o fim dos tiros” na Síria, onde o regime continua reprimindo manifestações pró-democracia, mesmo depois da chegada de observadores da organização internacional à capital do país, Damasco, há uma semana.
Al-Arabi disse, durante coletiva de imprensa no Cairo, capital do Egito, que de acordo com as últimas informações recebidas por telefone dos observadores que estão na Síria, ainda há tiros e atiradores emboscados em cidades do país.
Nas primeiras declarações após a chegada da missão de observadores árabes à Síria, Al-Arabi disse que “é preciso que os tiros parem por completo”. Ele adiantou que pode ser marcada para breve uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros árabes para avaliar a missão.
A missão faz parte de um plano da Liga Árabe que prevê o fim da violência na Síria. No entanto, ela vem enfrentando dificuldades para realizar o trabalho planejado. Homs, próximo a Damasco, seria visitada hoje por um grupo de observadores, mas milhares de manifestantes foram afastados com tiros para o ar, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Comitês locais de coordenação dos protestos na área disseram que, desde a chegada dos observadores, pelo menos 315 civis foram mortos, sendo 24 menores.
Jabr al-Choufi, membro do Conselho Nacional Sírio, principal movimento da oposição, disse em declarações ao canal Al-Arabiya, que os observadores ficaram muito tempo nos hotéis até receberem autorização para irem às ruas avaliar a situação e que as visitas são vigiadas por agentes de segurança do regime.
Outro questionamento feito pela oposição à missão é em relação à escolha do general sudanês Mohammed Ahmed Mustapha Al-Dabi para chefiá-la. Aos 63 anos de idade, ele integrou o exército do Sudão durante 30 anos, de 1969 a 1999, e assumiu a chefia dos serviços secretos militares do país em 1989, na data do golpe de Estado que levou o presidente Omar Al-Bashir ao poder.
“A Anistia Internacional responsabilizou-o por detenções arbitrárias e tortura de muitas pessoas no Sudão”, escreveu o jornal Al Hayat, de capital saudita, com sede em Londres. Um outro grupo de observadores deve chegar à Síria nesta quinta-feira.