O mês de julho marca a luta das mulheres negras pelo fortalecimento da ação coletiva e autônoma nas diversas esferas da sociedade. E para ressaltar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, celebrados no dia 25, o Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), promoveu, nessa terça-feira o evento Julho das Pretas.
A ação aconteceu no Salão Aqualtune do Palácio República dos Palmares, em Maceió, e trouxe à tona a discussão sobre as barreiras encaradas pela população feminina negra no contexto social e outros temas que impactam diretamente no dia a dia.
A programação contou com mesa de honra de abertura composta pela secretária da Semudh, Maria Silva, a secretária Executiva, Dilma Pinheiro, como representante dos povos de terreiro, Mãe Flávia de Oyá, do Terreiro Ilê Axé Oyámesangbale, representando os movimentos por moradia Eliane Silva do MTST, representando a Marcha Mundial das Mulheres, Lenilda Lima, e representando todas as trabalhadoras, Rilda Alves da CUT.
As palestras foram da articuladora da Agenda Nacional pelo Desencarceramento, da Frente Sergipana pelo Desencarceramento e conselheira do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura, Iza Negratcha, da presidente do Comitê de Igualdade Racial da OAB/AL, Ana Clara Alves, da coordenadora da Rede Mulheres de Comunidades Tradicionais, Elis Lopes Garcia, da presidente da Coordenação Feminina Quilombola de Alagoas – As Dandaras, Genilda Queiroz e da professora e presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial – CONEPIR, Salete Bernardo.
As reflexões e discussões foram sobre quatro eixos temáticos: 1 – raio-x das mulheres sobreviventes do cárcere; 2 – a importância da inclusão e diversidade nos espaços públicos; 3 – a importância das organizações de mulheres na perspectiva de fortalecimento; e 4 – engajamento de políticas públicas e feminismo negro.
A secretária Maria Silva destacou durante o evento a importância da realização, neste ano, de atividades descentralizadas, indo ao encontro do público em seus territórios. “Como Tereza de Benguela, precisamos ser lideranças e estar sempre em luta pelos nossos direitos, o feminismo negro é reflexo de nosso dia a dia, para afirmar nossas potencialidades, resistir e combater o machismo e o racismo”, afirmou.
Durante o mês de Julho diversas ações foram realizadas, a programação começou no dia 1º com as Mulheres Negras da Casa de Terreiros Ilê Axé Oyámesangbale, do Pilar e por liderança a Mãe Flávia e Oyá. Em 16 de julho, a Semudh fez uma ação na sede do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Olho D’água das Flores, reunidas com mulheres agricultoras do município, onde foi promovida uma roda de conversa sobre a importância da união e apoio para o empoderamento da mulher negra e do campo.
No dia 18 de julho, a campanha envolveu mulheres da ocupação Tereza de Benguela, no Village Campestre II, em Maceió. Foi realizada uma palestra sobre violência doméstica e familiar, com enfoque nos altos índices de violência contra mulheres negras, e a coleta de dados para implantações de políticas públicas para as comunidades. Em 19 de julho, em Paripueira, a ação foi com as mulheres pescadoras da Colônia de Pescadores Z-21. A roda de conversa discutiu as questões de discriminação sofrida pela população feminina que vive da pesca, racismo ambiental e outras temáticas.