A Secretaria de Estado da Mulher, Cidadania e dos Direitos Humanos, por meio da Comissão Estadual da Memória e Verdade Jayme Miranda, participou nesta terça-feira (1º) dos debates sobre os 50 anos da ditadura militar. O encontro ocorreu no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no Campus A. C. Simões, encerrando as atividades do 13° Ato do Programa Ufal em Defesa da Vida.
A segunda e última mesa-redonda teve como tema “História Reveladas pelos Presos Políticos e Familiares” e contou com a participação da economista e presa política durante a ditadura militar Maria Yvone Ribeiro; e de Olga Miranda, ambas integrantes da Comissão Estadual da Memória e Verdade Jayme Miranda.
Olga Miranda, filha do advogado e jornalista Jayme Miranda, contou que seu pai nascido em 18 de Julho de 1926 era o terceiro na hierarquia do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e diretor do jornal A Voz do Povo. Por sua atuação política, foi preso por três vezes em Alagoas, fugindo em 1965 para o Rio de Janeiro, onde viveu clandestinamente até 1975, quando foi sequestrado e assassinado. As versões sobre o seu “desaparecimento” ainda não foram oficialmente confirmadas.
A última foi contada por um sargento chamado Marivaldo Chaves que, em entrevista à Revista Veja, relatou que Jayme e outros membros do PCB teriam sido torturados, seus corpos esquartejados e jogados no rio Avaré, em São Paulo. “A revelação da verdade proporcionaria aos familiares o descanso das intermináveis buscas de notícias e a sociedade uma revisão da história para que aprendamos com os erros e não repitamos nunca mais”, declara Olga.
Em seu depoimento, Maria Yvone Loureiro , a ‘Marivone’, relatou que pertenceu nos “anos de chumbo” ao PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário) e que ficou presa no período no Presídio Feminino Bom Pastor. Ela lembrou que seu marido, Odijas Carvalho de Souza, também alagoano, estudante de agronomia na Universidade Federal Rural de Pernambuco, foi preso em janeiro de 1971, no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Recife.
Odijas foi torturado durante dois dias pelo Dops e faleceu no dia 8 de fevereiro de 1971, após ter sido encontrado, ainda com vida, na praia de Maria Farinha. Foi levado para o Hospital Militar do Derby, vindo a falecer em consequência das torturas que sofreu. Marivone afirmou que só ficou sabendo da morte do marido no dia 28 de fevereiro, 20 dias após, quando noticiaram a prisão dela e do marido nos jornais de Pernambuco. “Valeu a pena toda essa luta porque a ditadura teria se prolongado”, assinalou Marivone.
Os debates foram coordenados por Ruth Vasconcelos, coordenadora do Programa Ufal em Defesa da Vida, encerrando as atividades realizadas, numa parceria com a Comissão Estadual da Verdade Jayme Miranda, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Diretório Central dos Estudantes (DCE), União Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), partidos políticos e o Movimento em Defesa da Vida, coordenado pela Pró-reitoria Estudantil da Ufal.
