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Meio Ambiente

Seca na nascente do Velho Chico acende mais um alerta para sua degradação

Presidente do Comitê alerta que revitalização precisa sair do papel e matriz energética deve ser revista

Uma notícia sobre o Rio da Unidade Nacional pegou de surpresa todos que fazem parte da sua Bacia Hidrográfica. O diretor do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, Luiz Arthur Castanheira mostrou em reportagem nacional, que a principal nascente do Rio São Francisco secou, pela primeira vez na história.

Mas, apesar da notícia, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, avisa que em curto prazo, a seca não trará grandes transformações para Baixo São Francisco.

“A situação do Rio São Francisco é perceptível. E a sua principal fonte secar, foi mais um alerta. Uma luz vermelha acendeu para mostrar o processo que ele sofre. A sua seca na nascente vem desde o início do ano. Já o Baixo São Francisco, sofre com a estiagem desde o ano passado. Vamos esperar o período úmido de novembro em Minas Gerais para ver se poderá ser revertido”, pontuou.

Para Miranda, o processo não afetará em curto prazo o Baixo São Francisco. “O Baixo já vem sofrendo com a estiagem. Tanto que o seu principal reservatório – Sobradinho -, está entre 30% e 37% do volume, nada confortável. E se chegar aos 25%, será considerado critico até para geração. Como reflexo, Xingó está a baixo do nível mínimo da vazão, saiu de 1.300m3/s, para 1.100m3/s. Agora, quanto mais demorar o período de estiagem em Minas, o processo de recuperação no Baixo e Médio, se prolonga”, observou Anivaldo Miranda.

A Hidrelétrica de Xingó ainda pode ter a sua vazão reduzida, passando para 900m3/s, o que pode trazer mais prejuízos para o Rio São Francisco, além da geração. “O Operador Nacional do Sistema (ONS) estuda reduzir ainda mais sua vazão, isso podendo ocorrer no horário de carga leve, das 00hrs às 07hrs e fins de semana. Se isso correr, pode acarretar grandes prejuízos ao Baixo São Francisco”, garantiu.

Sinal de alerta

O período de estiagem em Minas, com a seca da principal nascente, o presidente do Comitê pontuou que a questão assusta mais pelo simbolismo.

“Tudo isso acontece mais pelo simbolismo do lugar, em ser a primeira nascente. Porém, o São Francisco vem sofrendo há vários anos com a degradação. O que ocorreu, foi mais um alerta. Devemos é tirar do papel a revitalização, investir em outras formas de energia. Recompor as matas ciliares. Sanear as cidades que fazem parte da Bacia Hidrográfica do São Francisco e, por fim, promover o uso racional da sua água. Devemos rever os grandes projetos de irrigação, como exemplo, o que ocorre no Bahia. Grande emprego de água”, frisou o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda.

Ainda avisou: “A matriz energética do Rio São Francisco precisa ser revista. Não adianta chorar o leite derramado. Se o Velho Chico chegou à situação que está, uma série de fatores durante anos contribuíram com o processo de degradação. O desmatamento da Amazônia, fez com que o clima mudasse, a umidade alterou e não chove em vários lugares do Brasil. E a estiagem, prejudica o Rio. Esse é apenas um dos fatores”.