×

Negócios/Economia

Seagri incentiva produção de caju para geração de renda

Agricultores familiares e técnicos do município de Joaquim Gomes acompanham nesta terça-feira (17), a partir das 9h, uma palestra do engenheiro agrônomo Alberto Espinheira Silva sobre a cajucultura. A atividade pode ser realizada tanto em propriedades grandes quanto pequenas e é garantia de geração de renda para os agricultores, desde que utilizadas as variedades de plantas e técnicas corretas.
De acordo com o engenheiro da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), que coordena um projeto de Expansão e Modernização da Cajucultura em Alagoas, a sensibilização dos produtores rurais já está ocorrendo em todas as regiões do Estado. Segundo ele, a variedade estimulada para o plantio é o cajueiro anão precoce, que em apenas seis meses começa a frutificar. Ele explicou que essa variedade foi melhorada pela Embrapa Fruticultura, sediada no Estado do Ceará, e adapta-se bem a todas as regiões de Alagoas.

“Do Sertão ao Litoral, é possível cultivar essa variedade. Para fazer essa demonstração, nos municípios onde os agricultores têm interesse, implantamos uma unidade demonstrativa, geralmente numa área dos próprios agricultores. Depois, levamos os demais produtores para acompanhar os resultados e repassamos as técnicas”, explicou Alberto Espinheira. A partir disso, são indicados viveiros credenciados que trabalham com mudas do cajueiro anão.

Ainda segundo ele, enquanto um hectare de cajueiro normal atinge a maturidade produtiva em 12 anos, o cajueiro anão chega a essa fase em apenas seis anos. “A produção num hectare comum é de 250 quilos de castanha. Já num hectare do cajueiro anão chega a 1.300 quilos de castanha por hectare. Além disso, a produção do pedúnculo também é maior”, salientou.

O pedúnculo é a parte do caju usada para produção de polpa, suco, doces e outros derivados. Outra vantagem do cajueiro anão precoce é que ele frutifica o ano inteiro, enquanto as outras variedades só produzem no verão. Além disso, a colheita é mais fácil, pois a planta é de porte pequeno, e assim não há perdas do pedúnculo. O engenheiro agrônomo da Seagri também explicou que as instituições financeiras concedem crédito para o cultivo dessa variedade.

Mercado
Uma das garantias de renda para os agricultores que cultivam o cajueiro anão precoce é a demanda do mercado. De acordo com Alberto Espinheira, as indústrias que produzem polpa de frutas, doces, sucos e derivados da castanha precisam de matéria-prima e estão se espalhando por Alagoas.

Um dos melhores exemplos é uma unidade comunitária de beneficiamento de castanha instalada em Olho D’Água das Flores, no Sertão do Estado. No local, os agricultores e seus familiares trabalham com o produto o ano inteiro. No mesmo município também existem uma unidade de beneficiamento do pedúnculo, que teve apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e uma unidade particular de beneficiamento de castanha. Os agricultores também recebem acompanhamento do Sebrae/AL.

Outras unidades que trabalham com o caju e a castanha foram instaladas em Limoeiro de Anadia, Estrela de Alagoas e Palmeira dos Índios, além da Cooperativa Pindorama. Com o mesmo objetivo, há projetos em andamento para Arapiraca, com apoio da Prefeitura Municipal, e Teotonio Vilela, com apoio da Usina Seresta. “Nas regiões canavieiras, a cajucultura é uma opção para manter as famílias no campo após a mecanização total da colheita da cana-de-açúcar e, assim, evitar o êxodo rural. O caju também pode ser plantado nas áreas de encosta onde antes havia cana”, frisou o agrônomo da Seagri.

Plantio consorciado
“O cultivo do cajueiro anão precoce pode ser consorciado com feijão e milho, que tradicionalmente compõem a alimentação e a renda dos agricultores alagoanos”, comentou Alberto Espinheira. Segundo ele, o espaçamento entre as árvores permite o cultivo dos grãos, que possuem o ciclo curto e ajudam a melhorar a qualidade do solo.

Segundo ele, outra atividade que pode ser praticada nas áreas dos cajueiros é a apicultura, que pode aumentar em até 25% a produção da fruta devido à polinização feita pelas abelhas.

“A diversificação produtiva é importante principalmente para os pequenos agricultores. Como suas áreas são pequenas, elas devem ser exploradas da forma correta. Para isso, o Governo do Estado disponibiliza assistência técnica e projetos como esse. Temos que destacar também que parte dessa produção pode ser vendida para a merenda escolar e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”, completou o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, Jorge Dantas. “Em 2012, o PAA poderá ser executado em mais de 60 municípios para adquirir a produção local tanto de produtos in natura quanto beneficiados. É, portanto, uma oportunidade para esses agricultores”, afirmou o secretário.