Levantamento inédito realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), sobre o uso do crack no Brasil, destacou Sergipe como um dos líderes no ranking de estados com o maior percentual de municípios que desenvolvem iniciativas contra o consumo da droga. A pesquisa, divulgada na última segunda-feira, 13, buscou traçar uma radiografia da realidade do crack no país e trouxe dados alarmantes: das quase quatro mil cidades consultadas, a droga já chegou a 98% delas.
Além de questionar sobre a presença ou não do crack, a pesquisa levantou informações sobre o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle do uso. Em Sergipe, num universo de 75 municípios, foram pesquisados 46 e o percentual dos que realizam campanhas de combate ao crack apresentado foi de 56,5%, o que fez o estado ocupar o terceiro lugar no ranking. No primeiro e segundo lugares, estão o Rio Grande do Sul e o Ceará, com 64,5% e 59%, respectivamente.
Para Ciro Brasil, assessor do Gabinete da Primeira-Dama do Estado, o resultado apresentado na pesquisa do CNM é reflexo do Plano Estadual de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, lançado pelo Governo de Sergipe em junho deste ano com o envolvimento de várias secretarias, entre elas a Saúde (SES), Educação (Seed), Segurança Pública (SSP) e Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social (Seides). À frente da coordenação do plano está a primeira-dama Eliane Aquino.
“O Estado é indutor de políticas públicas e, como tal, vem incentivando os municípios a refletirem sobre a necessidade de executar ações de prevenção e controle”, ressaltou Ciro Brasil, acrescentando que o plano tem como prioritárias 11 cidades, devido ao número de ocorrências relacionadas ao crack: Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, Lagarto, Itabaiana, Estância, Propriá, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Glória, Carmópolis e São Cristóvão.
Tratamento
No levantamento da CNM, dos 46 municípios sergipanos pesquisados, 11 (23,9%) possuem Centros de Atenção Psicossocial (Caps), com um total de 103 profissionais de saúde atuando, e nove municípios têm programas de combate ao crack e outras drogas, sendo que quatro deles já estão com este programa aprovado pelas respectivas câmaras de vereadores. As principais ações desenvolvidas são: a prevenção ao uso e consumo de drogas, a mobilização e orientação à população e o atendimento a familiares e amigos de dependentes.
Dentro do plano estadual, as ações executadas e incentivadas pela Secretaria de Estado da Saúde estão mais focadas no campo do tratamento. “Já capacitamos os profissionais dos Caps e da rede de Atenção Básica, implantamos o Serviço de Referência Hospitalar em Álcool e outras Drogas [SRH-ad] no Hospital de Cirurgia com 16 leitos e fizemos convênios com duas fazendas de recuperação, dentre outras ações”, informou Sony Petris, gestora da Atenção Psicossocial da SES.
Segundo ela, a Saúde também trabalha a prevenção em parceria com a Seed, através do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE). “A SES ainda estimula a redução de danos com foco na saúde e ainda disponibiliza o Disque-Saúde (0800-282-2822), para escuta e acolhimento das famílias e dos usuários de drogas que procuram tratamento”, completou Sony Petris, destacando que, ao todo, existem em Sergipe 32 Caps espalhados em 21 municípios.