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Saúde: No passado, corria-se para Penedo

No presente, corre-se de Penedo numa tentativa para sobreviver. Como entender o descompasso entre esses dois tempos se o passado deveria sempre ter funcionado como um farol para clarear o caminho da modernidade e atualização dos conhecimentos científicos da medicina e da mesma forma, a preservação dos valores socioculturais? Não deixa de ser um fenômeno inusitado que desperta grande curiosidade vez que, pela ótica natural das coisas na sua constante evolução, era de se esperar que não houvesse uma estagnação. Sinceramente, não sabemos explicar as razões do afunilamento do orgulho penedense que, como uma nau que navegava a pleno vapor, vê-se tolhida em sua marcha pro uma âncora jogada ao mar. Essa âncora jogada indevidamente ao mar, parece ter impregnado a índole penedense à desídia, al alheamento e a falta de imaginação capaz de resgatar o brilho do seu passado.

 Num rápido retrospecto do passado em relação ao presente, perguntamos: quantos médicos, há quarenta anos atrás, existiam em Penedo? Uma meia dúzia? E hoje, o triplo? Pelo atual número da população, não temos, pela média nacional, um número deficiente de médicos. A má distribuição é quase sempre o X do problema. Quais são as suas respectivas especializações. Na maioria, clínica geral, acreditamos. Os poucos que exercem a cirurgia, quais as mais comuns? Presumimos que não são feitas as de grande complexidade sob os diversos aspectos que a envolvem. O motivo dessa suposição parte do habitual encaminhamento de pacientes para Arapiraca e Maceió que acreditávamos não fossem portadores de graves lesões ou difícil diagnóstico. Até parece que o único propósito é livrar-se de mais um trambolho. Essas ocorrências, confessamos, deixam-nos incrédulos e envergonhados, obrigando-nos a acreditar que a medicina penedense de feição cabocla, é uma autêntica feijão com arroz. E se não houver uma reversão para conter a involução que contagia quase tudo, os cuidados médicos ficarão restritos aos curativos. Entretanto, procurando enxergá-la por outro ângulo, sem nenhuma pretensão de querer desmerecer os profissionais em apreço, queremos acreditar que os referidos encaminhamentos para outras cidades deve-se, na sua maioria, a ausência dos meios materiais imprescindíveis ao trabalho do médico.

Exposta essa imagem sombria da assistência médica em Penedo, não queremos nos referir a que se presta à população em feral, caótica em todo o Brasil, salvo raras exceções, mas a que exige conhecimentos mais sofisticados, faz-se oportuno que se indague: o que deve ser feito para erguer o desempenho da medicina em Penedo, se não no mais alto grau, que não nos contente e apague da memoria a sombra do passado? A construção de um novo hospital equipado com toda tecnologia? Tecnologia, sim, não propriamente um hospital. Basta que se construa um anexo ao hospital regional com toda a estrutura necessária. Para tanto, é imprescindível que os nossos políticos tomem a iniciativa em duas frentes, a elaboração obrigatória de um projeto e a busca do apoio da bancada federal do Estado para que o envie ao Ministério da Saúde. Que o município, na pessoa do prefeito, tome, no mínimo, a paternidade do projeto.

Existe uma outra ou outras saídas? Se existem, que sejam expostas para que sejam postas em prática. Contornar esse quadro aviltante da assistência médica em Penedo é uma necessidade premente. Causa-nos estupefação que há muito ela não tenha despertado para essa realidade, livrando-se da sua singularidade que tenha em despertar para o presente e o futuro, continuando, como frustrados impotentes, voltados tão só para assinalados efeitos do passado. A persistência desse comportamento há muito vem acusando a inteligência penedense pela falta de imaginação e iniciativa, de insensível e inerte, perdida no tempo e da realidade que a cerca. Na aparente contradição desse quadro negativo, até parece que há uma contradição com o crescimento de sua área urbana. Haveria, sim, se não fosse um crescimento anormal, puramente vegetativo, vez que ausente das condições econômicas para a sua sustentabilidade.

Ilustre políticos penedenses, mexam-se, mostrem para que foram eleitos. Vejam e sintam o reclamo da população. Os senhores, especialmente vereadores, não foram eleitos apenas para receber vencimentos que, diga-se de passagem, estão muito além do que fazem e, principalmente, pelo que deixam de fazer. Não permitam que o paciente penedense continue a sair às pressas para outra cidade para não morrer. Existem meios, mesmo com as massadas burocráticas, para acabar com essa vergonha. Não nos dêm a impressão que o crescimento urbano da nossa cidade, como se estivesse a sofrer de acromegalia, simbolize, em sentido inverso, um encolhimento de seus atributos intelectivos. Saibam que toda a cidade é o retrato de seus políticos e administradores e que Penedo está necessitando de exímio perito em fotografia para retocar-lhe as carências e deformidades para tranformá-la de horripilante bruxa em uma bela e atraente fada.