O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), descartou neste momento qualquer articulação do partido, no Senado, para formar um “blocão” com partidos menores e consolidar a maioria na Casa. Ontem (16), a bancada peemedebista na Câmara anunciou a criação de um bloco com PMDB, PP, PR, PSC e PTB para a próxima legislatura. O grupo reuniria 202 deputados. A assessoria do PP, entretanto, afirma que não houve qualquer conversa do PMDB com o partido nesse sentido.
“Acho que aqui não temos em vista, pelo menos até agora, ninguém tratar desse assunto de fazer bloco nenhum”, disse o presidente do Senado.
Sarney também comentou notícias veiculadas na imprensa de que a presidenta eleita, Dilma Rousseff tenha pedido ao vice-presidente eleito e presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que atue apenas como vice e não assuma o papel de interlocutor do PMDB. Segundo ele, Temer “está imbuído” de agir como participante do governo e não como presidente do partido.
José Sarney ressaltou, entretanto, que por acumular os dois cargos “algumas vezes eles interferem um no outro” ao mesmo tempo em que garante que não é desejo de Michel Temer ser um interlocutor dos interesses do partido na formação do próximo governo. “Não acredito que a ministra Dilma tenha dado qualquer declaração nesse sentido”, afirmou o peemedebista.
O presidente do Senado disse também que não acompanhou as articulações da bancada de seu partido na Câmara e desconhece as motivações que levaram os deputados a formar o suposto bloco.
No entanto, o vice-presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), afirmou que as conversas no Senado para formar um bloco com os partidos pequenos para a próxima legislatura estão até “mais adiantadas que na Câmara”. Esse bloco de senadores reuniria, na Casa, o PMDB, PP, PSC e PMN, o que somaria 28 parlamentares.
No caso do PP, Raupp disse que é natural manter o bloco com o senador Francisco Dornelles (RJ), único representante do partido nesta legislatura. A partir de fevereiro de 2011, o PP terá cinco senadores.
“Um senador só não participa das comissões se não tiver integrado em um bloco partidário”, lembrou o vice-presidente do PMDB. Ele considera natural essas operações políticas para permitir mais espaço nas comissões dos partidos nanicos. Segundo ele, todas as conversas estão sob a condução do líder do partido na Casa, Renan Calheiros (AL).
Sobre a atuação de Michel Temer no governo como intermediário do partido na formação do governo, Raupp ressaltou que “ele foi colocado como interlocutor do PMDB a convite de Dilma para isso”. Valdir Raupp disse que até a posse da presidenta e de sua equipe de governo, em 1º de janeiro, “acontecerão muitas intrigas e os partidos da base não podem cair nessas intrigas”.