O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu-se há pouco da denúncia de que teria ligações irregulares com empreiteiras do setor elétrico e inclusive se hospedaria, em São Paulo, em um imóvel pertencente à construtora Holdenn Construções, Assessoria e Consultora Ltda. Sarney afirmou que o imóvel foi comprado há 30 anos e que a denúncia faz parte de uma campanha do jornal O Estado de S. Paulo contra ele.
“Conheci O Estado de S. Paulo como um dos dez maiores jornais do mundo. A última viagem que o doutor Júlio de Mesquita [fundador do jornal] fez ao Norte foi a meu convite. Foi ao Maranhão, em 1967. Contudo, é com grande tristeza que o vejo hoje, depois de uma decadência e de terceirar sua redação, sua consciência e sua responsabilidade”, afirmou Sarney.
Matéria publicada hoje (17) pelo jornal afirma que senadores querem investigar a “conexão da família de Sarney com a construtora Holdenn, cujo principal nicho de negócios é o setor elétrico, área em que o senador exerce influência”.
A reportagem mostra que dois dos três apartamentos ocupados pela família na Alameda Franca, na região dos Jardins, em São Paulo, estão em nome da empresa, antes batizada de Aracati Construções, Assessoria e Consultoria Ltda.
“Há mais de 30 anos uso esse imóvel”, defendeu-se Sarney. O presidente do Senado disse que comprou o imóvel, ainda em construção, para que seus filhos pudessem ficar na época em que eles faziam faculdade em São Paulo. “Não tenho nada. Meus filhos se defenderão por eles mesmos”, acrescentou o peemedebista. Ele informou ainda que um dos seus filhos comprou outro apartamento no mesmo prédio, com a finalidade de hospedar os netos que estudam no estado.
“O Estado de S. Paulo se transformou de um jornal para um tablóide londrino, que busca escândalos para vender. A minha impressão é de quando vejo o jornal é de um velho de fraque e de brincos. É de uma irresponsabilidade de tamanha grandeza que não possa acreditar que um jornal posso dizer isso”, afirmou Sarney.
Em seu discurso, o presidente do Senado afirmou que O Estado de S. Paulo age contra ele de forma nazista. “Uma campanha contra mim, uma prática nazista de denegrir a honra e a dignidade foram levados os judeus às câmaras de gás.”
Papaléo Paes defende Sarney
Em seu discurso, Papaléo criticou aqueles “que se despersonalizam e acham que não devem dar resposta à sua consciência, mas a outras pessoas, não interessa a quem seja”, em uma prática que “martiriza a consciência em prol do beneficio pessoal”. Disse ainda que existe um “equivoco em se ler uma notícia de jornal e transformar aquilo em verdade”, muitas vezes em decorrência de “más informações, da ansiedade em se dar a notícia hoje, principalmente sem checar” a veracidade das informações.
– Não podem pegar notícia de jornal e transformar logo como notícia séria, mandando apurar a vida particular de um companheiro aqui. Isso é inadmissível, isso já estourou o limite da tolerância. Da feita que sai na imprensa, não tem mais jeito, está condenado. Quem vai ficar acompanhando até o acusado dizer que é inocente? – indagou.
Papaléo Paes lamentou ainda que muitas notícias sejam plantadas na imprensa como forma de possibilitar a exploração futura dessas informações no jogo político.
– Esta Casa não é de dar golpe, mas já recebeu muitos golpes. Realmente, poderia ao menos haver, já que não há respeito político a muitas questões que antecederam a eleição de Sarney, respeito ao ser humano, à família e ao cidadão Sarney – concluiu.