Ter uma boa alimentação durante e depois da gravidez é essencial para que o bebê nasça e mantenha uma vida saudável. Evitar alimentos calóricos e mal cozidos, carnes cruas, embutidos e gorduras é fundamental para uma gestação tranquila tanto para a mãe quanto para o bebê.
O alerta é da ginecologista, obstetra e acupunturista Rosana Alves. Segundo ela, o ideal é que a gravidez seja planejada, para que dessa forma, a futura mãe possa se preparar fisicamente e psicologicamente para a chegada do bebê, fazendo uma readequação alimentar e mantendo hábitos saudáveis de vida antes mesmo de engravidar.
“A gravidez muda o metabolismo, que mexe com o físico, e muda a cabeça, a responsabilidade. A alimentação é fundamental. É por isso que temos trabalhado muito com a gravidez planejada, com o preparo antes de engravidar. Com esse planejamento, nós evitamos o sobrepeso e conseguimos evitar muitas doenças”, afirma a médica.
Quando a gravidez planejada não é possível, é preciso correr atrás do prejuízo e buscar hábitos saudáveis durante o período gestacional. O objetivo é fazer com que a futura mãe não ganhe peso em excesso. O ideal, quando a gestante está com um peso inicial adequado, é que ela ganhe até 16 kg durante os nove meses de gestação. “Passou de 16 quilos já é considerado excesso”, diz Rosana Alves.
Alimentar-se bem durante a gravidez ajuda a prevenir males que causam muito incômodo às mães, como inchaços, prisão de ventre, varizes, aumento ou baixa de pressão arterial, anemia, enjoos e vômitos, diabete gestacional e até eclampsia.
De acordo com a médica, a gestante precisa deixar de comer o que gosta para comer o que precisa para ela e o bebê. O ideal é que sejam feitas seis refeições ao dia, que consistem em café-da-manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e lanche.
“No almoço e no jantar é bom incluir uma fruta cítrica, que tem vitamina C e ajuda na absorção do ferro. Pela manhã, é bom ingerir fruta, incluir um laticínio na refeição – de preferência desnatado -, e dar preferência a um queijo branco, que tem menos gordura. Comer um cereal pela manhã é também essencial”, diz a médica, ressaltando a necessidade de haver uma diminuição significativa da ingestão de sal e açúcares durante a gravidez.
A obstetra também quebra com dois mitos, o de que a gestante tem que comer por dois, e o de que é preciso satisfazer a todos os desejos que surgirem durante a gravidez. Segundo Rosana Alves, comer com qualidade por um já é o suficiente para suprir as necessidades da mãe e do bebê. Quanto aos desejos, a vontade quase que incontrolável de comer alguma coisa, ela afirma que eles existem da mesma forma que existem para as pessoas que não estão grávidas.
“O desejo existe para qualquer pessoa. O que tem que ser feito é controlar essa vontade. Essa fome desesperada é psicológica. Já essa história de comer por dois também não existe. Comer por um com qualidade é suficiente. O necessário mesmo é que a gestante se eduque. Tenha horário de refeição, tempo para comer e qualidade na alimentação”, destaca.
A mastigação também é fundamental. Mastigar bem os alimentos ajuda na digestão e evita desconfortos. “A mãe tem que lembrar que o bebê vai ser o que ela comer”, reforça Rosana.
Equilíbrio é a palavra-chave quando o assunto é alimentação na gestação. Ao contrário do que muitos pensam, a ingestão de carne vermelha é importante durante o período gestacional. Além de ser rica em ferro, ela completa os fatores de coagulação, o que auxilia na hora do parto, momento em que as mulheres perdem muito sangue. Ingerir ao menos 2 litros de líquido por dia – entre água e sucos – é fundamental.
A boa alimentação também traz benefícios para a gestante na hora do parto. Se ela estiver acima do peso, não vai conseguir respirar bem. “No parto, nós vamos precisar basicamente da ajuda da mãe. Quem vai fazer força para ajudar o bebê é ela. Nós atuamos apenas como coadjuvantes. Acima do peso ela não vai conseguir respirar direito, vai ficar sufocada”, explica a médica.
AMAMENTAÇÃO
Mas os cuidados com a alimentação não cessam após o parto. Durante o período da amamentação – que deve durar, no mínino, 6 meses, também é preciso que a mãe esteja atenta ao que consome.
“Durante a amamentação a mãe vai continuar com a mesma alimentação que teve durante a gravidez. Tem que evitar o café e chocolate, que aumentam a quantidade de gordura e mudam o cheiro do leite, fazendo com que o bebê tenha uma certa reação. Ele começa a ter gases, chora mais e tem mais cólica. A mãe tem que saber que tudo o que ela comer, vai passar para o nenê”, diz a médica, destacando que ingerir esses alimentos em pequenas quantidades não acarreta em problemas.
Enquanto estiver amamentando, a mãe precisa ingerir ainda mais líquidos, evitando sempre os sucos de caixa, refrigerantes e bebida alcoólica. Nessa fase, não é indicado que ela faça nenhum tipo de regime.
“A alimentação saudável deve acontecer antes, durante e depois da gestação, durante o período da amamentação. Quando a mulher se propõe a engravidar assume um compromisso que deve ser respeitado. É um compromisso que não é só com ela, mas com o ser que ela está gerando, que vai depender dela. Com uma alimentação equilibrada, ela não vai precisar de vitamina nenhuma, vai estar tudo no que ela ingerir”, destaca Rosana Alves.