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Negócios/Economia

Riscos de aumento da inflação diminuíram, avalia Copom

Os riscos de aumento da inflação no Brasil diminuíram, na avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Segundo a ata da última reunião do comitê, que decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,75% ao ano, no dia 1º de setembro, o menor risco deve-se, em parte, à reversão de estímulos à economia introduzidos pelo governo durante a crise financeira internacional em 2008 e 2009 e os aumentos da taxa básica feitos de abril a julho deste ano.

“Também contribuiu para isso o fato de que, nesse mesmo período, elevou-se a probabilidade de desaceleração, e até mesmo de reversão, do já lento processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 [Estados Unidos, Europa e Japão]. Por conseguinte, a influência do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica revela viés desinflacionário”, afirmou o Copom na ata da última reunião, divulgada hoje (9).

O Copom destaca ainda que “a intensidade e a frequência dos choques a que têm sido submetidas tanto a economia global quanto a brasileira nos últimos anos impõem desafios adicionais à análise do cenário prospectivo”. “O comitê reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza acima do usual, no qual os riscos restantes para a consolidação de um cenário inflacionário benigno se circunscrevem ao âmbito interno.”

No ambiente interno, o Copom considera que “há sinais de que a economia tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo e, assim, os efeitos das pressões de demanda [procura por bens e serviços maior do que a capacidade de oferta do setor produtivo] e do elevado nível de utilização dos fatores sobre o balanço de riscos para inflação tendem a arrefecer”.

O comitê destaca que a economia está em “compasso menos intenso do que o observado no início deste ano, como revelam, entre outros, dados sobre comércio, estoques e produção industrial”. A ata destaca que essa avaliação é sustentada pelos sinais de expansão mais moderada da oferta de crédito para pessoas físicas e jurídicas (empresas), “pelo fato de a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente elevados, mas com alguma acomodação na margem, e pela trajetória recente dos níveis de estoques em alguns setores industriais”.

O Copom também avalia “que o dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido, entre outros fatores, pelo vigor do mercado de trabalho, pelos efeitos remanescentes dos estímulos fiscais e das políticas dos bancos oficiais e, em escala menor do que a esperada anteriormente, pela atividade global”.

O Copom alerta, entretanto, que caso a inflação não siga em trajetória condizente com a meta, irá elevar a taxa básica. “O comitê assegura que, caso esse cenário não se concretize tempestivamente, a postura de política monetária deve ser ajustada de modo a garantir a convergência entre o ritmo de expansão da demanda e o da oferta.”

Cabe ao BC perseguir a meta de inflação de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Essa meta vale para 2010 e para o próximo ano. O BC usa a Selic como instrumento de controle da inflação.