Produzido nos municípios sergipanos de Carira, Itabi, Porto da Folha, Poço Verde e Tobias Barreto, o algodão ganhou destaque na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que aconteceu no período de 13 a 22 deste mês no Rio de Janeiro. Os quase 513 quilos de plumas coloridas foram adquiridos por uma empresa carioca para seis agricultores familiares assistidos pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), e levados ao Rio para serem expostos no maior evento mundial sobre meio ambiente como forma de mostrar ao mundo a viabilidade de sua produção agroecológica.
O algodão colorido foi produzido organicamente em seis Unidades Demonstrativas (UD), de um total de 13, coordenadas pela Emdagro em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão), de Campina Grande, na Paraíba, sendo esta última responsável pela doação das sementes e àquela pela Assistência Técnica e Extensão Rural. As Unidades fazem parte de mais uma ação da Emdagro no sentido de diversificação de cultura, o que proporciona ao pequeno agricultor a produção contínua de sua propriedade, fazendo frente ao monocultivo do milho.
Para o técnico da Emdagro, Adriano Martins Wmygens, essa foi uma ótima oportunidade de demonstrar que Sergipe é capaz de produzir pensando no meio ambiente. “Foi muito gratificante para Sergipe ter um de seus produtos exposto num evento tão importante como a Rio+20. O algodão produzido organicamente pelos agricultores familiares assistidos pela Emdagro foi exposto nesse evento como forma de chamar a atenção das grandes nações para uma agricultura mais sustentável”.
Produtividade
O Algodão, que desde o ano de 1997 não apresentava indícios consideráveis de produtividade em Sergipe, vem despontando nos últimos meses como uma cultura economicamente viável. Os dados que apresentam esse novo cenário agrícola sobre o algodão foram levantados pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), ao analisar a produtividade da cultura em 20 Unidades Demonstrativas (UD), assistidas por ela em dez municípios sergipanos.
Pelo levantamento, o algodão BRS 1878H, que foi plantado em 13 áreas divididas entre os municípios de Carira, Itabi, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora Aparecida, Poço Redondo, Porto da Folha, Poço Verde, Ribeirópolis, Riaçhão do Dantas e Tobias Barreto, perfazendo juntas um total de cinco hectares, apresentou uma excelente produtividade atingindo um percentual de 38,1%, ultrapassando a média de Estados tradicionais como a Paraíba que, atualmente, apresenta uma produtividade geral de 36%. Trocando em miúdos, Sergipe produziu 2.387 quilos de algodão nos cinco hectares destinados às UD, o que vale dizer que, para cada hectare a produtividade girou em torno de 477,40 Kg/ha.
Na Unidade Demonstrativa localizada na propriedade do agricultor José Pereira da Silva, na comunidade Lagoa Verde, em Carira, por exemplo, foi colhido em uma área de 1 hectare 679 kg de algodão colorido. Após passar pelo processo de descaroçamento (processo foi feito através de uma máquina de beneficiamento), o rendimento de José Pereira chegou a 41,4%, tendo obtido 281 kg de pluma e 304,5 Kg de caroços, restando a título de impureza 30,5 kg (que são os restos não aproveitáveis na indústria têxtil mas que podem ser utilizadas na alimentação bovina).
Outra produtividade considerável foi identificada na propriedade do agricultor Elpídio dos Santos, na comunidade Curralinho, em Nossa Senhora Aparecida. Lá, o agricultor colheu 359 Kg algodão branco. Com o beneficiamento, obteve um rendimento de pouco mais de 37,6%, tendo alcançado 135 Kg de pluma e 216 Kg de caroço, com impureza de apenas 8 Kg, volume considerado bom quando levado em consideração a área plantada, que foi de 1ha.