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Repensando Penedo

A propósito de mais um aniversário da cidade de Penedo, cantada em prosas e versos e admirada por todos que a visita, conhecida como a Ouro Preto do Nordeste e ainda como a cidade dos sobrados no dizer de Gilberto Freire, valho-me do momento para fazer uma reflexão sobre a tênue ascensão que vislumbro estar se verificando no seu desenvolvimento econômico e cultural.

Há décadas, os historiadores vêm se manifestando sobre o declínio do apogeu da cidade de Penedo que já foi um influente centro comercial, com uma economia pujante e de onde nasceram artistas, músicos, escritores, poetas e grandes personalidades que se destacaram no cenário nacional. Os clubes de serviços que reuniam pessoas preocupadas com o seu progresso e desenvolvimento, com relevantes serviços prestados à cidade , aos poucos foram se enfraquecendo, perdendo sua visibilidade com a redução do número de seus membros.

Prédios de valores históricos inestimáveis se tornaram ruinas como, por exemplo, o que abrigou a Coordenadoria Regional de Ensino, situado na área mais nobre da cidade,nas proximidades do Colégio Imaculada Conceição com um belíssimo estilo arquitetônico e, apesar de sua imponência, parece não ser visto , e aos poucos vem sucumbindo ,perdendo o seu brilho, definhando e levando uma parte da história. O chalé dos Loureiros, também situado na Avenida Getúlio Vargas, construído em estilo neoclássico que há muito espera por sua restauração.

As igrejas e o convento, prédios de relevantes valores históricos, marcos do início da evangelização, também se ressentiram da falta do cuidado devido, chegando ao ponto de algumas serem interditadas, sem condições de receberem os seus fiéis em razão do risco de desabamento do teto ou de incêndio em decorrência de instalações elétricas deficiente.Uma escola situada no bairro do Oiteiro, hoje Santo Antônio “Escola Professor Lêonidas Souza “ ,foi desativada há vários anos e abandonada pelos governos e hoje se encontra em estado deplorável sem teto, com algumas paredes ainda em pé e dominada pelo mato sendo foco de doenças e abrigo de marginais.

Até mesmo o majestoso Rio São Francisco, o Opara , cujo nome correto segundo o historiador Teodoro Sampaio é “O Pará “ que significa grande rio ou rio mar , tão admirado pelos indígenas, pelos exploradores e, posteriormente pelos pescadores ribeirinhos, que dele tiravam o seu sustento, corre fraco, sem vida, e vai se arrastando em direção à foz, vencido pelo mar que outrora o via penetrar em suas entranhas com força e determinação.
Apesar desses fatos negativos tenho uma visão nítida de que alguma coisa começa a mudar. A curva que se apresentava em declínio hoje se mostra ascendente.

O ressurgimento da Academia Penedense de Letras que há mais de 30 anos se encontrava desativada e que tem como missão principal estimular o prazer pela leitura pela escrita de poemas e contos, fazendo os alunos e escritores refletirem da importância de cada um como artífice da história, pois sem a escrita a história não se perpetua , é um dos exemplos. O surgimento de entidades como a Associação Cultural Barqueiros do Velho Chico, Associação dos Artistas Plásticos e Literários de Penedo, Agremiação Artística e Cultural do Centro Histórico de Penedo, a continuidade com presença firme e marcante do Monte Pio dos Artistas, o reinicio das atividades de uma das lojas maçônicas, a restauração da “Casa de Aposentadoria” um dos prédios mais antigos e belos de Alagoas.

No campo educacional registre-se a implantação dos cursos superiores em turismo e pesca ministrado pela Universidade Federal de Alagoas; a ampliação de cursos na Faculdade Raimundo Marinho; a criação do Campus do Instituto Federal de Alagoas para formação de técnicos em várias áreas, ampliando os saberes científicos e a capacidade cultural de um povo que a história reconheceu como berço da civilização alagoana.

Também ressalto a reforma do Mercado Público Municipal e do Mercado da Farinha, em fase de conclusão, a oxigenação do comércio local com a chegada de vários empreendedores dos ramos de móveis, eletroeletrônicos, calçados, alimentação, concessionárias de veículos dentre outros. O projeto do Governo Federal “Minha Casa Minha Vida” que tem beneficiado centenas de pessoas, transformando Penedo em um verdadeiro canteiro de obras, bem como a expansão do mercado imobiliário. No aspecto religioso ampliou-se o número de igrejas evangélicas de diversas denominações, tendo algumas delas, edificado suas sedes para a prática do culto religioso.

A história é sempre inconclusa. Devemos nela intervir , escrevendo, recriando , ampliando, discutindo, aprimorando, produzindo. A história do Penedo deve ser contada em versos, em prosas, em atitudes e pelo exemplo não apenas uma demonstração de amor volúvel, interessado, momentâneo, oportunista que se esvai como fumaça tão logo os interesses se acabem.

É urgente que sejamos contaminados por esta ideia, a ideia da posse, da guarda, da necessidade de preservar e de respeitar a nossa cidade como uma relíquia cobiçada por muitos. Devemos, nós, os penedenses , olhando o passado e vislumbrando a importância do Penedo para a História do Brasil , nos inserir , neste contexto para nos transformarmos em sujeitos e não objeto desta mesma história escrevendo ou reescrevendo uma nova página da cidade dos rochedos