O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) defendeu, em pronunciamento no plenário, na última sexta-feira, 6, as ações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre o Tráfico de Pessoas no Brasil, presidida pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), sob a relatoria da senadora Lídice da Matta (PSB-BA), destacando a necessidade de criação de uma lei específica para este crime.
O líder do PMDB afirmou que a Comissão deverá apresentar relatório sobre a questão em agosto, o que, segundo Renan favorece o combate urgente de um crime que registra números alarmantes. “Existem no mundo 241 rotas de tráfico de pessoas, sendo que 110 delas estão relacionadas ao tráfico interno e as outras 131 direcionadas ao tráfico internacional de pessoas”. Os dados foram apresentados pela Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos, a partir de pesquisas desenvolvidas por organismos internacionais, em parceria com o governo brasileiro.
O mais alarmante, destacou Renan, é que o maior número de rotas se encontra exatamente nas regiões mais pobres do Brasil. A região Norte concentra 76 rotas, seguida pelo Nordeste, com 69 rotas. “Outro ponto que merece destaque e maior atenção é o combate a esse delito em cidades próximas às rodovias, portos e aeroportos, locais onde as vítimas estão mais vulneráveis e podem ser deslocadas com mais facilidade”.
A pesquisa apontou ainda que em relação ao tráfico internacional, as mulheres tem como principal destino países europeus, como Bélgica, Alemanha, Holanda, Itália, Reino Unido, Portugal, Suíça, Suécia, Noruega e Dinamarca.
Já as capitais que aparecem como os principais locais de origem são as cidades nordestinas. O lucro total anual produzido com o tráfico de seres humanos chega a US$ 31 bilhões. As nações desenvolvidas respondem por metade dessa soma: US$ 15bilhões.
– O tráfico de pessoas é um drama mundial, uma atividade criminosa e degradante, mas o Brasil precisa se antecipar e propor legislações específicas para combater este tipo de crime. Creio que a comissão, ao encerrar seus trabalhos, trará grandes contribuições – disse o senador, lembrando também que quando foi ministro da Justiça, iniciou um minucioso trabalho de enfrentamento das gangues internacionais que atuavam no Brasil com relação ao tráfico de seres humanos.